[Análise] Portal 2



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Tópico de discussão





Com o primeiro Portal, lançado em 2007 para PC, a Valve assumiu-se definitivamente como uma produtora que, acima de tudo, tinha excelente creatividade para fazer videojogos. Devido ao sucesso que foi, a produtora decidiu lançar a sua sequela, e nós já o testámos.


Veredicto

Hoje em dia posso dizer que o mercado está saturado de first-person shooters. Todos os anos um novo Call of Duty é lançado, um novo Halo apresentado, um novo Battlefield desejado. A verdade é que cada um destes jogos tem o seu próprio estilo, a sua maneira única de se defenirem neste vasto campo dos jogos em primeira pessoa. Mas, se vermos bem lá no fundo, as bases são, no mínimo, semelhantes. Além disso, os jogadores são cada vez mais exigentes e procuram sempre melhorias e novos gráficos com cada sequela de uma produtora, criticando fortemente um ou outro lapso que ficou por limar.
Nesta guerra de titãs, há sempre aquele que, sorrateiramente, consegue encontrar um caminho para chegar também ao topo, sem ser vaidoso ou se exibir. Quando damos por ele, já está a pairar sobre as nossas cabeças, com um troféu na mão.
Portal 2 é um desses jogos. A Valve dispensa os gráficos luxuosos, o online competitivo e as explosões exuberantes. Apenas se foca naquilo que é o principal pilar de um jogo, a jogabilidade. E é aí que este se destaca. Porém, os produtores deslumbraram-se um bocado com os portais e acabaram por cometer algumas falhas. Vamos ver.

Portal 2 começa onde o primeiro jogo termina. Depois de ter derrotado GLaDOS (a máquina assassina) Chell, protagonista da série, acorda numa tranquila sala, na qual esteve a dormir por muitos anos. Conhecemos então Wheatley, um pequeno robô em forma de bolo aparentemente simpático e que nos oferece ajuda para escapar de ali.
A Valve também se destaca por criar excelentes enredos, e a série Portal não foge há regra. A história vai dar algumas "cambalhotas" e personagens que julgávamos do nosso lado irão mostrar que afinal ainda são piores do que o nosso pior inimigo. No meio disto tudo, ainda há espaço para uma pequena lição de moral sobre a humanidade, demonstrando que, tal como disse uma vez Abraham Lincoln, "se queres testar o carácter de um homem, dá-lhe poder". Neste caso, aplicado aos robôs.
Mas, para além disto, o modo cooperativo também tem a sua própria história e enredo, cativando bastante a uma segunda jogatina após passar a campanha, e descobrir mais sobre GLaDOS.

Wheatley, uma das personagens mais importantes
Falando graficamente, é com prazer que noto que a Valve aproveitou bem as capacidades das consolas. As texturas estão bem conseguidas e polidas, o anti-aliasing também foi utilizado e a iluminação está soberba. Exceptuando alguns casos em que há bastante informação no ecrã, o jogo corre a uma fluidez bastante agradável, praticamente nunca "soluçando". O efeito motion blur é a cereja no topo do bolo, poucos são os jogos que conseguem utilizá-lo sem sacrificar a fluidez.
Contudo, tudo parecia bonito de mais. De modo a conseguirmos jogar tão bem como acima descrevi, temos de aturar constantemente (e repito, constantemente) loadings que chegam a ser bastante lentos. Entre cada sala de teste (ou nível) somos confrontados com um tempo de espera de cerca de 10 a 15 segundos. Se morrermos nesse nível, temos de voltar a ver o loading. Sempre que iniciamos o jogo, o tempo de espera ainda é maior. Entre capítulos, outras esperas demoradas. Enfim, é verdade que os gráficos estão bons e fluidos (um casamento raro) mas foi à custa de elevados tempos de espera, que se calhar alguns jogadores não estavam dispostos a sacrificar.
Desculpamos a produtora, no entanto, já que conseguiu produzir uns bons gráficos (mas atenção, nada de espectacular) num dos jogos que mais física é utilizada. Fico sempre admirado em como um cubo cai sempre de maneira tão realista de uma altura elevada, ou como a gravidade afecta tanto os níveis, ou até mesmo o simples redireccionamento de um laser com um prisma óptico.

Contudo, não é em termos visuais que Portal 2 se destaca. O verdadeiro prémio vai para a sua jogabilidade inovadora. Posso dizer, com alguma certeza, que Portal foi dos jogos mais originais que a indústria já produziu. Portal 2 continua a ser original, e ainda inova mais, mas o conceito acaba por ser o mesmo.
Baseado numa simples mecânica (mas difícil de dominar) de colocação de portais (entra-se num, sai-se pelo outro) tudo parece-nos fácil nos primeiros níveis, mas a Valve não é de facilitar a coisa. Ao que no início envolvia apenas ir buscar um cubo para deixar um botão premido, acabou numa gigante bola de neve, em que, nas últimas câmaras de teste, envolverá lasers, catapultas, três tipos de gel (um repulsivo, outro que faz-nos deslizar a uma grande velocidade, outro que permite colocar portais em superfícies que não o permitem) prismas ópticos, caminhos de luz, metrelhadoras assassinas, enfim, uma barafunda completa. Admito mesmo que, nas secções finais, houve níveis que me levaram 20 minutos a descobrir como resolvê-los. Portal 2, sem dúvida, não é pêra doce.
Contudo, nem tudo são flores. A verdade é que Portal foi um jogo interessante (apesar de muito curto) e este também estava a ser, embora apenas no início. A mecânica repete-se inúmeras vezes, durante o jogo todo mesmo. É verdade que a história é sempre interessante, com algumas reviravoltas como já disse, mas isso não anula o facto de 90% do jogo (há secções que desenjoam) ser baseado na resolução de níveis. A culpa não é falta de originalidade, de maneira de nenhuma. O problema é que ao fim de um certo tempo de jogo, o nosso cérebro simplesmente cansa-se de resolver tantos enigmas, e só aptece mesmo desligar a consola, para ser sincero. Compara-se a uma daquelas aulas de escola em que resolvemos exercícios durante duas horas.
Não me levem a mal, os níveis são deveras gratificantes de resolver, o problema é que o esquema do jogo é quase todo igual: entrar numa câmara de teste, resolver o nível, ir para um elevador, entrar numa câmara de teste, resolver o nível,...
Claro que existem muitos jogadores que não se cansam desta mecânica (até porque muitos níveis de Portal 2 apenas podem ser passados das maneiras mais esquisitas possíveis, levando-nos a pensar "será que é mesmo por aqui?")  mas eu, infelizmente, não consigo enfrentar uma mecânica igual por muito tempo.

Os níveis de Portal 2 não são fáceis
Fora este aspecto, não existe mais nenhumca crítica quanto à jogabilidade. A Valve criou ainda muitos segredos no jogo: mensagens escritas nas paredes de salas escondidas, rádios tocando música, posters com um humor irónico excepcional, etc. E, já que falo no humor, esse é outro dos aspectos que mais bem caracteriza esta série. O humor negro não pára de fazer a sua aparição, o que torna a experiência toda muito mais leve e enriquecida, dando um gosto maior jogar. Há que mencionar ainda a integração com a Steam. Com o simples presisonar do Select (apenas na PlayStation 3, e se tivermos a conta ligada à da Steam) podemos ver quem dos nossos amigos no PC está online, o que estão a jogar, ver um resumo dos seus perfis e ainda falar com eles, tudo de maneira bastante intuitiva. A Steam oferece ainda o Steam Cloud; deste modo, cada vez que regressamos ao menu inicial, o nosso jogo guardado será enviado para um base de dados, podendo ser transferido novamente para qualquer sistema à nossa escolha. Por outras palavras, podemos continuar o jogo de onde o deixámos em qualquer PS3.
Em suma, posso dizer que se não forem daquelas pessoas que se fartam rapidamente, irão adorar o estilo de Portal 2.

Outro dos aspectos que mais me impressiounou foi a componente sonora do jogo, sobretudo as vozes. Os actores J. K. Simmons (que dá a voz a Cave Johnson, dono da Aperture Science) e Stephen Merchant (que encarna o robô Wheatley) fizeram um trabalho espectacular. A emoção contida nas palavras que se ouve não podiam estar mais bem recriadas, tornando tudo fantasticamente realista, mesmo sabendo que não passa de um videojogo. Outras vozes também se destacam, como a de GLaDOS que passa de uma voz fria para um carácter mais emotivo na segunda metade do jogo.
De resto, pouco pode ser dito sobre o som. As músicas que passam em rádios ocasionais foram bem escolhidas, os efeitos como o de sons de metrelhadoras, portas a abrir, colocação de portais, etc. estão bem conseguidos, entre outros efeitos sonoros. Não contem com muito mais, nada de música ambiente enquanto resolvem os níveis, ou nos tempos de loading (que bem ajudava), nada. Tudo está resumido ao mínimo de modo a tentar tornar a experiência mais realista. A nossa personagem, Chell, não pronuncia sequer uma única palavra.

O Gel Azul repele o que nele toca
Felizmente, a longevidade de Portal 2 foi bastante aumentada. A campanha do primeiro capítulo da série apenas durava cerca de 3 horas (!), mais umas horitas para uns desafios opcionais. Contudo, agora a campanha demorou-me cerca de 8 horas para completar, embora este número se deva sobretudo ao tempo que se demora a passar os níveis e não ao número de níveis em si (mas que não deixa de ser surpreendentemente elevado).
Aconselho-vos vivamente ainda a jogarem o moddo cooperativo, que também demora um bocadinho ainda para chegar ao fim. Podem jogar em ecrã dividido, na mesma consola, ou com outras pessoas online. Existem várias opções de comunicação que o jogo oferece para quem não tem um microfone: com os botões direccionais, podemos indicar ao outro jogador para se deslocar para um sítio, olhar para um ponto, fazer determinada acção, etc. Tudo isto facilita imenso a resolução de níveis, sobretudo os mais complexos.
Por fim, a Valve disponibilizou ainda documentários sobre a produção do jogo que podem sempre ver, se estiverem curiosos. E têm sempre os Troféus e Achievements que, no caso da PS3, estão ligados com os Steam Achievements.

Em suma, acho que é sempre de louvar cada vez que um jogo como Portal 2 é feito. A creatividade oferecida revela-se ímpar, mostrando a outros jogos que, se calhar, já está na altura de inovar. Acompanhado de um trabalho de vozes excelente e de um visual bastante agradável, a sua jogabildiade inteligente revela-se bastante cativante, para todas as idades.
Contudo, Portal 2 tem um calcanhar de Aquiles, que diz respeito à sua repetitividade. Apesar de ser mais uma questão de carácter pessoal, a verdade é que o jogo tornou-se exaustivo após algumas horas, desmotivando o jogador e levando à sua perda de interesse.
Para os que se fartam com mais dificuldade, é um jogo fantástico.

ATLAS (de azul) e P-body, os dois robôs do modo cooperativo



Cumprem a sua função, mas com louvor! As texturas polidas, as superfícies com anti-aliasing e as cores vivas aliadas a uma fluidez invejável torna a experiência bastante agradável. O motor de física utilizado em Portal 2 é dos melhores já feitos, definindo uma nova realidade nos videojogos.
Ponto negativo para os tempos de loading, bem como a elevada frequência com que ocorrem. 



A mecânica do jogo é excelente e os puzzles, que ao início mostram-se fáceis, chegam a ser uma verdadeira dor de cabeça. A originalidade vai aumentando de nível para nível, bem como o número de elementos necessários à sua resolução, como cubos, catapultas, lasers, caminhos de luz, etc.
Tudo seria perfeito se a mecânica não se tornasse enfadonha e monótonoa ao fim de algum tempo. A repetitivade faz-se sentir, sobretudo nos jogadores que se fartam rapidamente e procuram algo com mais acção.



O trabalho de vozes é simplesmente fabuloso, com excelentes actores a darem vida às personagens mais influentes do jogo. Os efeitos sonoros do jogo também estão conseguidos.
Só é pena a boa trilha sonora do jogo não se fazer sentir mais vezes. Uma melodiazinha enquanto tentamos resolver aqueles níveis mais complicados vinha mesmo a calhar.



É de louvar os avanços em relação ao último jogo. Agora podemos desfrutar a campanha por umas boas 8 a 10 horas, e ainda divertirmo-nos no modo cooperativo mais um par delas. Infelizmente, não há grande incentivo a repetir a campanha.
Os documentários dos programadores estão interessantes.





É verdade que Portal 2 tem um conceito de jogo fantástico, com uma das jogabilidades mais interessantes da indústria. Mas é também verdade que essa mecânica acaba por se tornar algo repetitiva com o passar dos níveis, levando a que os jogadores que procuram algo mais frenético encostem o jogo à prateleira antes do que o esperado.
Não deixa de ser, contudo, um crime não experimentar pelo menos a fórmula de excelência que a Valve oferece aos jogadores. "Think with portals!"


Um dos níveis que exige algum raciocínio 


Cumprimentos,

Lopes.



7 comentários:

Influenciável disse...

Excelente análise para um excelente jogo!
Só se podia esperar bem de uma produtora como a Valve =)

Cumprimentos

Rui disse...

boa análise

este é um daqueles grandes jogos que que nunca hei-de jogar, apesar de admitir que é um dos melhores!

não sei porquê, tenho um ódio secreto à Valve :P

Lucas disse...

Está de parabéns.
Acabei de passar todas as fases do jogo, e essa análise está perfeita.

E um spoiler pra quem não jogou ainda: O FINAL É SURPREENDENTE.

CandleЯ disse...

Boa crítica!

Achei este segundo bem mais difícil que o primeiro, mas também com uma história melhor.

Já agora são de realçar as parecenças entre Aperture e Rapture, do Bioshock.

Nerdbr disse...

nossa muito legal esse game!

LastLombax disse...

O primeiro foi muito bom, o segundo também promete muito.

Agora que venha Portal 3!

Mas antes que venha o DLC xD

Jhonny disse...

Galera, estou jogando a uns 3 dias direto, não consigo parar, jogo realmente bom, porem estou em uma fase onde existem 2 motores, não consigo sair de la, alguma dica aew?

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