Microsoft Game Dev Camp 2015 - Reportagem



ESPECIAIS



A Microsoft continua a apostar forte no mercado de desenvolvimento de videojogos em Portugal, e esta segunda edição do Game Dev Camp Portugal é a prova viva disso mesmo.

Até há cerca de um ou dois anos atrás, as produtoras portuguesas de videojogos eram quase uma incógnita e contavam-se pelos dedos de uma mão a quantidade de títulos lançados, a esmagadora maioria apenas para smartphones.

Se hoje em dia há cada vez mais e mais jogos a serem feitos em Portugal (é difícil já mantermo-nos a par de todos os que estão a ser feitos), grande parte desse mérito de arranque se deve à Microsoft.

Nós fomos ao segundo Game Dev Camp, a convite da Microsoft, que decorreu no passado dia 12 de Setembro, durante o dia todo. É um evento destinado explicitamente a produtores de videojogos portugueses, grandes ou pequenos, com o intuito não só de aconselhar e instruir sobre os vários processos de desenvolvimento de um jogo, como também juntar a comunidade toda para se conhecerem.


Ao chegarmos ao evento na sede da companhia pelas 9h30, no Parque da Nações, deparámo-nos com imensa gente. Poderíamos bem dizer que estavam quase todas as equipas portuguesas, desde as mais conhecidas como a Nerd Monkeys, às que ainda estão em ascensão mas com grande potencial como a Fun Punch, que apenas tem dois elementos.

Café era o que não faltava, não só para ajudar a despertar o cérebro de manhã mas também para acompanhar a conversa com os outros convidados. Durante a hora inicial, tivemos oportunidade de experimentar o Oculus Rift (nunca tinha testado), num cenário português em que entrava o Adamastor, e alguns dos indies a serem produzidos pelas nossas equipas nacionais.


Há que ser sincero, vários títulos não eram de grande qualidade e o gameplay fraquinho e pouco original. Mas "Roma e Pavia não se fizeram num dia" e, portanto, é compreensível que dada a falta de orçamentos e de experiência, o nosso mercado ainda esteja a evoluir. Mas estamos no bom caminho!

Um dos indies que nos surpreendeu bastante foi o Strikers Edge, da Fun Punch: um conceito super-simples e super-viciante onde um ou dois jogadores atiram flechas contra os outros um ou dois jogadores do lado oposto. Simples de perceber, dificílimo de dominar.

Fora os jogos, havia ainda uma mesa de ping-pong da Miniclip, consolas Xbox One com algumas demos e waffles. Deliciosas. Sim, porque a fome já estava a apertar.


Da parte da manhã fomos ainda a uma das imensas palestras que estavam agendadas para esse dia, nomeadamente à da "criação de música para jogos AAA". O orador era o português Pedro Camacho, que está a produzir a música para Star Citizen.

Foi fantástico descobrir parte do processo de desenvolvimento de uma banda sonora para um videojogo (quer digitalmente ou com uma orquestra) e como diz Pedro, e bem, produzir música para um jogo é mais difícil do que para qualquer outra indústria pois temos de ter em atenção factores como repetitividade, sincronização com o gameplay, controlo dos volumes em tempo real, etc.


Da parte da tarde claro que não podíamos faltar à palestra que nos toca, "jornalismo de videojogos", apresentada por vários colegas de sites como Rubber Chicken, PróximoNível, Bad Wolf, entre outros.

Foi interessante o debate sobre a mudança de paradigma da indústria e como os jogadores cada vez mais redireccionam a sua atenção para os youtubers e streamers, e menos para a imprensa especializada. Eu até escrevi uma crónica sobre o assunto há uns tempos atrás, aconselho a leitura a quem se interessa por esta questão.


Fomos a ainda mais duas palestras: a primeira muito boa, sobre o processo de criação de um jogo desde o esboço até a elaboração de conceitos, apresentada por Miguel Rafael da Tio Atum. Muito interessante perceber que, como refere Miguel, são os próprios níveis e itens presentes no jogo que dão ideias para a história e também vice-versa, num ciclo sem fim que vai desde o papel até à programação no computador.

A última que assistimos foi dedicada ao YouTube como nova forma de comunicação, que contou com a presença de Rúben Remédios para falar sobre a sua experiência com o canal TheRemedyChannel e a sua opinião sobre esta maior atenção aos youtubers e menos à imprensa.

No final do evento, que nem sequer era dirigido especificamente para nós (a imprensa) mas mais para desenvolvedores que procuram trocar ideias e contactos, saímos com um sentimento de satisfação por termos aprendido mais sobre como funciona a arte por detrás dos bastidores, e vermos toda a dedicação e paixão dos nossos estúdios nacionais.

Vontade de criar e de aprender não faltam, apenas falta investir. E, se ainda estamos no início no que toca a produzir jogos, é o começo de um futuro que parece ser muito próspero.



0 comentários:

Enviar um comentário

Mensagens Recentes Mensagens Antigas Página Inicial