Switch - Análise



ANÁLISES



Depois de uma época conturbada com a Wii U, a Nintendo aposta num novo conceito com a Switch: um híbrido entre consola doméstica e portátil. Mas será que faz clique?

Veredicto

A Switch começa logo por acertar naquilo que a Wii U falhou: o nome. A Wii foi um dos maiores sucessos da história da Nintendo, vendendo mais de 100 Milhões de consolas em todo o mundo e derrotando por uma margem de mais de 15 Milhões as concorrentes PS3 e Xbox 360.


“Se tiver que definir a Switch numa frase, é sem dúvida: uma consola portátil que pode ser ligada à televisão.”


Mas quando a Wii U foi lançada, toda a gente ficou confusa: "U? Mas é um acessório para a Wii? É um comando novo? É uma nova versão?" A Nintendo levou imenso tempo a conseguir explicar claramente qual o atractivo da sua então nova consola.

Essa falha na comunicação do conceito, aliado a uma falta de apoios third-party no que toca a jogos, levou a uma morte prematura naquela que foi uma consola que poderia ter brilhado. Ao fim de pouco mais de 4 anos, a Nintendo anuncia a descontinuidade da Wii U. Todas as atenções estão agora focadas na Switch.


Sobre o conceito

A Switch entra logo de pé direito. O conceito de liberdade de escolha no que toca ao sítio e altura de jogar é algo que os jogadores há muito tempo ansiavam. Até agora tínhamos uma escolha difícil: o conforto do sofá e jogos triple-A vs. a portabilidade e mercado indie.

Estes dois mundos nunca andaram juntos: jogos de grande orçamento não eram economicamente viáveis para as editoras, e se é para jogar em casa mais vale comprar uma consola doméstica.

A Nintendo oferece-nos a possibilidade de não termos que escolher mais.

A consola e os dois Joy-Con

Sobre as especificações

Se tiver que definir a Switch numa frase, é sem dúvida: uma consola portátil que pode ser ligada à televisão. Porque é isso mesmo. Oferece uma autonomia e ergonomia suficientemente boa para poder ser chamada de "portátil", e uma facilidade de jogar no ecrã de TV para poder ser chamada de "consola doméstica".

A grande questão é: será que há poder gráfico suficiente para poder competir com a concorrência actual? Bem, a Switch claramente não é tão potente como uma PS4 ou Xbox One.

O CPU quad-core corre a uma velocidade, segundo várias fontes, de 1020MHz, o que fica atrás dos dois quad-cores a 1.6GHz cada um que a PS4 dispõe, e ainda mais dos 2.1GHz da PS4 Pro.

A entrada microSD está escondida debaixo da perna de apoio

Em termos gráficos, a GPU da Switch consegue correr a 768MHz quando está na dock, mas a frequência cai para 307.2MHz em modo portátil, uma diferença significativa em relação aos 800MHz e 911MHz da PS4 e PS4 Pro, respectivamente.

Por fim, os 4GB de RAM partilhados entre a CPU e GPU ficam aquém dos 8GB da concorrência.

Mas o pior mesmo é o espaço em disco, e aqui não há como não apontar o dedo à Nintendo: 32GB para uma consola de jogos, quando a concorrência já está a usar a norma do Terabyte.

Há aqui uma diferença que convém realçar: ao contrário da PS4 e Xbox One, os jogos em formato físico da Switch não precisam de instalação. Significa que assim que inserem o pequeno cartucho na consola podem começar a jogar e o jogo ocupará muito pouco espaço (apenas o suficiente para saves, ao contrário dos 50GB em média de instalação na PS4/Xbox One).


“Há aqui uma diferença que convém realçar: ao contrário da PS4 e Xbox One, os jogos em formato físico da Switch não precisam de instalação.”


Outro factor positivo é o facto dos jogos serem bem mais pequenos: o Zelda, que é um jogo enorme, apenas ocupa 13.4GB. Com os meus 32GB consegui sacar da eShop os principais jogos actualmente disponíveis para a consola (Zelda, 1-2 Switch e Snipperclips), e ainda me sobraram 9GB.

Por isso, sim o tamanho da memória interna é ridículo e terão quase obrigatoriamente de adquirir um cartão microSD à parte. Mas não foi tão grave quanto estava à espera, consegui instalar todos os jogos que queria.

O Grip serve para unir os dois Joy-Con e "emular" um comando

Sobre a ergonomia

Em termos ergonómicos, jogar no modo portátil é super-confortável. O ecrã é grande o suficiente para jogarmos com ele nas mãos, mas atenção que no modo estável não podemos estar muito longe senão torna-se pouco visível.


“Ouvir o clique dos Joy-Con a encaixar na consola é um som delicioso mas, curiosamente, a consola não faz nenhum estalido ao ser ligada à dock.”


Ouvir o clique dos Joy-Con a encaixar na consola é um som delicioso mas, curiosamente, a consola não faz nenhum estalido ao ser ligada à dock. É estranho, até dá a impressão de que não ficou bem encaixada.

O Grip é uma alternativa "desenrasca" para podermos jogar no modo TV e fingir que temos um comando na mão. É confortável no limiar do suficiente, mas demasiado quadrado para competir com a ergonomia dos comandos da concorrência.


“A perna que usamos para assentar a Switch no modo estável (...) é uma falha de design.”


A perna que usamos para assentar a Switch no modo estável, isto é, colocando-a em cima de uma mesa e jogando com os comandos à parte, é uma falha de design. A qualquer toquezinho a consola cai. Duas pernas, ou até mesmo uma perna mais gorda no meio da consola em vez de na ponta, teriam resolvido o problema.

Resta-me ainda dizer que por mais que uma vez apanhei um choque estático no dedo ao retirar a consola da dock depois de uma sessão de jogo. É possível que seja um caso particular, mas comigo aconteceu.

Encaixar os Joy-Con no Grip é muito fácil e gratificante

Sobre o preço

Uma das principais críticas apontadas à consola é o preço da mesma. Sim, é ligeiramente mais cara que a concorrência. Mas recordo que a PS4 tinha um P.V.P. no lançamento de 400€ e a Xbox One de 500€, porque vinha com o Kinect.

330€ não é caro para uma consola no seu lançamento, e ainda podem fazer bons negócios. No meu caso, aproveitei uma promoção de retoma de um retalhista e adquiri a minha por 274€. Seria impensável conseguir um preço destes no dia de lançamento da próxima PlayStation ou Xbox.


“Se a consola em si encontra-se a um valor que considero justo, os acessórios estão a ser vendidos a peso de ouro.”


Agora, uma crítica que considero totalmente válida é a dos preços dos acessórios. Se a consola em si encontra-se a um valor que considero justo, os acessórios estão a ser vendidos a peso de ouro.

Um comando Pro Controller, que por enquanto é a única alternativa ao pouco ergonómico Grip, custa 75€, cerca de 15€ a mais que os comandos da concorrência.

Um par de comandos Joy-Con custa 85€, e se comprados em separado cada um custa 55€. Um carregador de corrente para a Switch custa 30€.

E se quiserem uma segunda dock, seja para poderem usar a portátil convenientemente noutra TV, na vossa casa de férias ou que seja, quanto custa? Terão de mandar vir de fora e desembolsar 90$.

Retirar as straps dos Joy-Con requer alguma prática

Atenção que estes são preços para acessórios oficiais da Nintendo. Há alternativas third-party já no mercado no que toca a bolsas protectoras, capas de ecrã, stands e talvez seja uma questão de tempo até haverem comandos e Grips de outras marcas.

Mas certas coisas, como os Joy-Con ou a dock, provavelmente nunca serão licenciados e se a portabilidade realmente é um dos conceitos-chave da Switch não deveriam haver pares de comandos e carregadores a preços destes.

A dock serve para carregar a Switch e transmitir a imagem para a TV

Sobre o online

Talvez alguns não saibam disto, mas a partir do outono deste ano a Nintendo começará a cobrar uma mensalidade por um serviço premium que, entre outras coisas, permite jogar online.

Esta coisa de pagar para jogar online é uma estratégia que infelizmente é exclusiva das consolas: nasceu da Microsoft com a Xbox 360, foi implementada uma geração depois na PS4 e uma geração mais tarde chega a Switch.

É um negócio que promete mais regalias do que uma funcionalidade que por princípio já devia ser nosso direito, como jogos todos os meses no caso da Xbox One e PS4, mas que no caso da Switch ainda prejudica mais o consumidor.

A Nintendo apenas oferece um jogo NES/SNES por mês e, ao contrário da concorrência, é uma oferta temporária! Basicamente dão-nos uma demo de um jogo antigo todos os meses.

Entradas do carregador e USB, e saída HDMI

E o pior é que a Nintendo nunca nos deu seguranças de um online fidedigno. As funcionalidades multijogador nunca foram famosas na Wii U, muito menos na Wii onde eram usados Friend Codes - códigos de 12 dígitos para adicionarmos amigos - que agora estão de volta.

Além disso, ao que a Nintendo deu a entender, a comunicação por voz com amigos (que é um dos benefícios deste serviço premium) é feita por uma app no telemóvel. Não sabemos bem como isto funcionará, nem o porquê de simplesmente não podermos usar um headset ou micro como em todo o lado, mas teremos de esperar para saber mais.

A Switch liga-se à dock por uma porta USB-C

Sobre os jogos

O line-up de lançamento da Switch não é dos mais fortes: Snipperclips, um jogo muito divertido, 1-2 Switch, que deveria vir incluído, Super Bomberman R, que tem várias falhas, e o belíssimo Zelda: Breath of the Wild, que também foi lançado para a Wii U.

Props à Nintendo por se manter fiel à sua palavra e lançar o Zelda na Wii U, mesmo sabendo que se não o fizesse as vendas da Switch seriam muito superiores.

Este é um problema que afecta todas as consolas no lançamento: PS4 apenas tinha Knack e Killzone Shadow Fall, a Xbox One tinha Dead Rising 3, Ryse e Forza 5... mas a grande vantagem destas máquinas é que tinham apoios third-party no lançamento. FIFA, Call of Duty, NBA, era tudo jogos que estavam disponíveis para jogar no dia em que comprassem a consola.


“O line-up de lançamento da Switch não é dos mais fortes”


Mas no caso da Switch, embora sim senhor esteja prometido mais apoio das editoras, por enquanto temos praticamente Shovel Knight, Skylanders e Just Dance no que toca a multi-plataformas!

Queremos que FIFA, Battlefield, Call of Duty, PES, Assassin's Creed e várias outras franquias de sucesso não sejam recusadas aos jogadores da Switch como aconteceu na Wii U.

Felizmente, o catálogo de exclusivos é competente e temos já Splatoon 2, Mario Kart 8 Deluxe, Super Mario Odyssey e um novo Fire Emblem, entre outros, já confirmados. E as possibilidade são imensas, se começarmos já a imaginar um novo Pokémon com toda a beleza gráfica que a Switch pode trazer.

O menu da Switch

Sobre o software

Para concluir, tocando um pouco no software da consola: a Switch, no lançamento, vem com um menu bastante simplificado onde apenas podemos ver os jogos que temos, adicionar amigos, ir à eShop e aceder às definições.

A falta de outros serviços é surpreendente, sobretudo para uma consola portátil, como navegador de internet, YouTube, Twitch, redes sociais, Netflix, leitor multimédia, etc.

A funcionalidade de capturas de ecrã e posterior compartilhamento nas redes sociais é bem-vinda, mas a concorrência permite ainda capturas e transmissões em directo de vídeo, algo que a Switch para já não faz.

É possível que algumas destas funcionalidades sejam adicionadas no futuro através de actualizações, mas para já temos de avaliar a consola como ela está e, de momento, ela não serve para outra coisa a não ser jogar.




A Switch é um sucesso em termos de concretização de uma ideia: um híbrido entre consola e portátil. É um equipamento fantástico que oferece um grau de liberdade pelo qual vários jogadores ansiavam. Há várias incertezas por enquanto e algumas decisões de estratégia questionáveis, mas para já parece ser um tiro certeiro. Sim, a Switch conseguiu fazer clique.



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