[Análise] To the Moon



ANÁLISES





















To the moon é um jogo indie que tem dado que falar. A primeira produção comercial da Freebird Games e de Kan “Reives” Gao foi desenhada com o RPG Maker. O que tem de tão especial este jogo, que tem ganho vários prémios, e tem recebido grandes notas nos principais sites da crítica?

Veredito

Numa crónica recente falei um pouco sobre a minha posição face à indústria indie. A verdade é que cada vez mais me sinto atraído por este setor que nos apresenta jogos mais originais do que a indústria dos blockbusters, quer seja por limitações financeiras, quer seja por maior liberdade creativa. A verdade é que To the Moon é um jogo que, apesar de não ser muito inovador, sabe a fresco. Em nenhuma parte tive a sensação de dejavú, de que tantas vezes pereço ao jogar os títulos mais convencionais.

O que sabe a fresco neste jogo é a história. Este é, sem dúvida o ramo mais importante neste jogo. A premissa de To the Moon é baseada numa tecnologia que permite conceder a um moribundo o seu último desejo, ao interferi as suas memórias. Pois bem, no jogo tomamos controlo de dois cientistas que oferecem este serviço, Dra. Eva e Dr. Neil Watts, duas personagens que ao longo do jogo nos vão proporcionar algumas gargalhadas. O cliente, e protagonista principal da história (apesar de não termos praticamente nenhuma interação com ele) é Johnny Wyles. O seu sonho é encantadoramente simples, Johnny quer ir à lua.

Quem não gosta de faróis?
No início não temos qualquer informação sobre o Johnny e o porquê do seu desejo de querer ir à lua. Vamos sabendo mais sobre o paciente através das memórias que percorremos. É fenomenal ver como se desenrola a vida de Johnny, especialmente porque esta é contada desde a sua velhice até à sua juventude. A história de amor e tragédia que To the Moon encerra é a prova de que não é preciso um grande orçamento para se escreverem narrativas memoráveis. O diálogo é estrondosamente bem executado, sendo que somos bombardeados por cenas de comédia, tragédia e romance. Preparem-se para algumas reviravoltas interessantes. Sublime!

Para atravessarmos as memórias de Johnny, temos de colecionar objetos chave para a memória que estamos a percorrer, e assim, desbloquear, através de um mini-puzzle, a memória que está mais para trás. A verdade é que isto tudo está muito mal executado. Os puzzles são simples e não exigem qualquer esforço ao jogador. A colecionismo de objetos até está bem pensado, pena a má execução. É sem dúvida interessante pensarmos quais são os objetos chave da memória que estamos a visitar, mas isto não exige qualquer esforço ao jogador, visto que um ícone aparece quando passamos o cursor perto destes.

Deveras acolhedor
Depois, o movimento das personagens é irritante porque ficamos constantemente presos em sabe-se lá o quê. Algumas peças de gameplay diferentes também foram atiradas à mistura em alguns pontos importantes do jogo, mas, mais uma vez, têm alguns problemas, especialmente no movimento. Entende-se que foi uma maneira de se variar o gameplay, mas quando é algo assim tão mal executado, dá que pensar, para quê o trabalho. Para o bem ou para o mal, também é pouco tempo que estamos a verdadeiramente jogar o jogo, porque a maior parte do tempo de jogo está focado na espantosa história.

Visualmente, o jogo é lindo. Se graficamente é o que é, um jogo que parece saído da Super Nintendo, esteticamente é muito interessante. Nota-se o trabalho enorme que foi posto nesta divisão. O detalhe é grande, e tudo tem um sentimento retro, mas sem ser abusivo. Há partes que são honestamente bonitas, e por vezes apetece ficar a contemplar o que se passa no fundo. As animações são razoáveis se tanto, sendo que as personagens parecem ter movimentos um bocado cartonificados. É a prova de que não é preciso grandes gráficos para se ter uma estética bonita, e que o mais importante é mesmo isso, a estética de um jogo, e não se corre a 1080p.

Fantasmas numa ponte. Que mais se pode pedir?
O som é outra componente em que To the Moon brilha, mais propriamente a música, já que o som derivado do gameplay é o habitual deste tipo de jogos. Muitas vezes simples, sempre mágica, a música de To The Moon é composta por melodias que ficam no ouvido. Quer sejam composições de piano, quer seja a única música com voz, toda ela adiciona muito à experiência. Esta complementa o que se está a passar, e é de se tirar o chapéu a Kan “Reives” Gao, por ter escrito música tão apelativa e que toca seriamente o jogador.

Este é um jogo que evidencia o que muitas pessoas tentam contestar, que os vídeo jogos são arte. Como quando leio um excelente livro ou quando vejo um excelente filme, através da passagem pelo jogo ri, chorei, emocionei-me. O que fica em To the Moon, é a sua maravilhosa história de amor e da sua mensagem eloquente. É um jogo obrigatório para todos os que se dizem amantes desta indústria.

Concentração máxima!



Graficamente, o jogo não espanta, mas é a grande estética que importa e o grande detalhe que é dado aos sprites que vemos no ecrã.



Pouca e fraca, é o que retrai o jogo de ser dos melhores deste ano, e sinceramente, dos melhores que já joguei.



Uma parte fulcral do jogo, complementa escandalosamente bem o que se passa. É dos vídeo jogos que merece que a sua OST esteja no teu MP3.



Por doze euros, temos cerca de cinco horas de jogo, e não há qualquer incentivo de se voltar a jogar, a não ser pela excelente história. Apesar de tudo, se fizermos as contas, é melhor do que pagar 60 euros por um shooter com sete horas de single player.



Pondo em termos simples, a melhor que já me deparei em muito tempo. Emocionante, diferente, divertida e triste ao mesmo tempo.





Dentro de dez, vinte anos, pergunto-me, de todos os jogos que joguei na minha juventude, quantos é que me vou realmente lembrar, recordar, e querer voltar a jogar. To the Moon está entre os cinco ou seis que considero merecedores desta honra. Dos melhores vídeo jogos do ano, é, como já disse, obrigatório. É peremptório apoiar desenvolvedores que lançam jogos de tamanha genialidade de escrita e narrativa.


Origami. Será isto Heavy Rain versão 16-bit?



2 comentários:

Leonsuper disse...

Boa análise! ;) Se não fosse eu nem conhecias o jogo, hehehe :P

Ivan disse...

Gostei da analise. Penso que nao só o teu claro amor pelo jogo, mas tambem a forma como escreveste, faz transparecer o quao bom o jogo é. Fiquei bastante interessado.

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