A verdadeira razão porque a Nintendo tem falhado



CRÓNICAS



Ultimamente tem surgido uma grande polémica na internet e fóruns sobre a queda da Nintendo e as fracas vendas da Wii U. Para quem está por fora do assunto, toda esta discussão começou pouco depois da previsão da Nintendo de um prejuízo de 178€ Milhões para este ano fiscal.

A grande razão para este número foram as fracas vendas da Wii U. Neste ano fiscal, que termina a Março de 2014, a Nintendo reduziu o número esperado de consolas vendidas de 9 Milhões para 2.8 Milhões. No total, desde que foi lançada em Novembro de 2012, foram vendidas 3.91 Milhões de unidades. Pelo menos esse é o número oficial que a Nintendo apresentou a 30 de Setembro do ano passado.

A PlayStation 4 e Xbox One, concorrentes directas, foram lançadas em Novembro do ano passado e já venderam 4.2 Milhões e 3 Milhões, respectivamente, segundo dados apresentados pelas respectivas companhias no início deste ano. Isto significa que, em um mês e meio, a Sony ultrapassou as vendas de mais de um ano da Nintendo e a Microsoft ficou perto. Então a que se deve este insucesso?


O problema não está na consola, a Wii U é um excelente sistema. Excelente, quem tem uma sabe disso. O GamePad funciona lindamente com os jogos que sabem tirar bom uso dele. Além disso, é a única consola (!) da nova geração que tem retrocompatibilidade com a geração anterior, a Wii neste caso. E não me venham dizer que a Wii U não merece o título de nova geração, porque se a geração de uma consola é julgada pelo seu poder gráfico, então não sei o que estou aqui a fazer.

Além disso, a Wii U é a única consola da nova geração, mais uma vez, que suporta os acessórios da antiga. Sim, podem perfeitamente usar os Wii Remotes, o dinheiro que gastaram em controladores extra não foi em vão. É também a única consola da nova geração (quantas vezes já disse esta frase?) a ter um online gratuito. Tanto na PS4 como na Xbox One, têm que pagar uma subscrição para jogar online (apesar de ter outros recompensas).

E quantas vezes vêem alguém dizer estes aspectos para defender a Wii U? Aliás, quantas pessoas sequer sabem de todas estas características? A primeira coisa a que apontamos o dedo é: jogos e gráficos.


E de facto, é aqui que a consola começa a falhar. Mas não é por causa dos exclusivos Nintendo, porque esses têm sido muito bons ultimamente. Zelda: Wind Waker HD, Pikmin 3, Wii Fit U, The Wonderful 101... E o  Super Mario 3D World que foi (só) um dos grandes candidatos a jogos do ano de 2013. Quantas mais consolas tiveram um exclusivo a concorrer para este título nos VGX? Apenas o The Last of Us, da PS3. Tudo o resto era multi-plataformas.

Além disso, a Wii U é a consola com o maior número de exclusivos  importantes anunciados para o próximo ano: Bayonetta 2, Donkey Kong Country: Tropical Freeze, Mario Kart 8, Super Smash. Bros e ainda um novo Zelda são alguns dos exemplos.


O problema da Wii U, caro leitor, são pura e simplesmente os jogos third-party. Ou melhor, a falta deles. A Nintendo baseou-se no sucesso dos seus exclusivos e vendas na geração anterior e desprezou o peso que o suporte para títulos multi-plataformas tem nos tempos que correm. Se a Wii U quer conquistar novos jogadores, precisa, mais do que a concorrência, oferecer suporte total aos títulos third-party para compensar alguns dos eventuais exclusivos que os novos compradores da consola possam não gostar.

Há cada vez mais produtoras a produzir grandes conteúdos para várias plataformas, e se esses jogos não saem para a Wii U, quem é que vai querer comprar a consola arriscando-se a passar por fora? Na geração anterior, sobretudo no início, os exclusivos que a Nintendo lançava para a Wii eram suficientes para "abafar" o leque third-party, mas hoje em dia a indústria evoluiu de tal maneira que há cada vez mais séries novas e IP's a serem anunciadas, a um ritmo alucinante.

A Nintendo não pode menosprezar a existência destes jogos, como fez no passado, porque simplesmente já não consegue competir com uma indústria deste tamanho e está, deliberadamente, a tornar o que outrora era um título multi-plataforma num "exclusivo" Xbox One e PlayStation 4.


O segundo ponto onde a Nintendo falhou com a Wii U foi na potência gráfica. É inegável que hoje em dia a ambição visual está muito mais elevada e os jogadores querem cada vez mais gráficos, texturas de alta-resolução, 60 frames por segundo, novos motores... E a ideia da Nintendo em limitar o hardware da Wii U ajuda-a a colocar no patamar "fun-focused" e a pedir um preço mais baixo por ela. Mas foi uma má decisão, porque assim que os utilizadores começarem a ter um cheirinho do verdadeiro potencial da PS4 e Xbox One, não vão querer outra coisa.

A Nintendo não falhou porque a Wii U é um produto mal feito ou porque não tem exclusivos decentes. Antes pelo contrário, foi o excesso de confiança na qualidade da sua consola e jogos que a levou a subvalorizar as apostas third-party e a importância de um hardware potente, e, consequentemente, à tragédia económica.

A mensagem final que quero deixar é que não fiquem com uma má ideia da Nintendo por este incidente. A companhia está a enfrentar bem estes prejuízos financeiros e a lidar com as críticas que tem recebido, e tenho a certeza que acabará por sair bem. Não se deixem intimidar por esta polémica se são potenciais compradores da Wii U, 3DS ou outro produto da Nintendo. Escolham sempre com sensatez e através de informação fidedigna, não com base em rumores escandalosos que, na maioria das vezes, beneficia mais quem os escreve que quem os lê.



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