Oreshika: Tainted Bloodlines - Análise



ANÁLISES























Nos últimos meses, a PS Vita tem recebido grandes lançamentos de jogos orientais. Se por um lado isso pode refletir uma mais-valia para o recheado catálogo da portátil, existe sempre quem pense que tais títulos são desapropriados nas nossas culturas. Oreshika: Tainted Bloodlines, felizmente, veio provar o que há de errado com essa forma de pensar! Não só estamos perante uma pérola rara, como este nos demonstra que os japoneses ainda conseguem criar obras-primas no mundo dos videojogos.

Veredicto

Ao abordar Oreshika é necessário ter em consideração vários fatores: este é um título que transpira a muita, muita, mas mesmo muita, cultura japonesa. Os seus diálogos (com legendagem em diversas línguas europeias), as suas expressões textuais, o ritmo e a arte (remetendo para uma mistura entre os famosos animes e as pinturas japonesas) são elementos baseados no Japão Feudal. O próprio género, (J)RPG, é mais uma prova desta reflexão, já que grande parte do mercado oriental vive destas aventuras. Portanto, caso não apreciem nenhum dos elementos anteriormente referidos, este jogo dificilmente será do vosso agrado.


A história gira em torno do nosso clã. Este foi antes amaldiçoado de forma cruel e devastadora, sendo impossível reproduzirem-se entre si, assim como viver mais de dois anos. Sim, leram bem! Durante toda a aventura, as vossas personagens não poderão viver mais de 24 meses, deixando apenas o seu legado caso assim decidam. Se é impossível reproduzirem-se entre si, como é que estes podem ter filhos? Os deuses ajudam. Neste mundo, terão de propor os vossos heróis a acasalarem com os mais diversos deuses existentes no céu. Contudo, quanto mais poderoso for o deus/deusa, maior o custo nas vossas carteiras. Poderão pensar que tudo isto é demasiado estranho, mas acreditem que, assim que começam a jogar Oreshika, tudo faz sentido. Mais do que isso, deixa-nos viciados com as imensas escolhas possíveis à vossa disposição.

O jogo arranca com a escolha da dificuldade e bem, verdade seja dita, Oreshika faz isto de forma original! Na verdade não escolhemos a dificuldade, mas sim o tempo da nossa vida que iremos dedicar ao jogo. Dependendo do vosso tempo e disposição, aqui devem escolher o que mais se adequa ao vosso estilo. Não se preocupem se acham que fizeram um erro de decisão, já que o jogo permite a mudança deste elemento a qualquer altura da aventura. Após este processo, vem a criação da vossa personagem, capitã do clã e líder nato agora e no “futuro”. Têm à disposição as ferramentas para tal, contudo podem utilizar a câmara frontal da Vita para tirarem uma foto a vós próprios e usá-la no jogo. Eu sendo apologista do uso das capacidades da consola nos seus jogos, usei de bom grado esta opção. Faz o seu trabalho, revelando-se engraçado vermos a “nossa” versão anime na palma das mãos. Após todo o trabalho de edição chega a hora de escolher a vossa classe. Aqui encontramos um vasto leque de opções livres, mas também difíceis. Todas elas têm vantagens e desvantagens, que são devidamente explicadas nas descrições das mesmas.


Ao realizarem todo o processo criativo alusivo às vossas primeiras personagens criadas (três mais precisamente) chega então a hora de combaterem. A jogabilidade em Oreshika é fantástica. Os produtores conseguiram criar uma abordagem rápida e “portátil” de um género envolvente e profundo. A cada mês poderão optar por fazerem missões, ou seja, terão cerca de doze missões realizadas por ano. Durante essas mesmas missões, poderão combater inimigos (necessário para a vossa evolução, pesquisar itens e ganhar devoção - “moeda” usada na procriação com os deuses). A exploração é bastante rápida e acessível, assim como o viciante sistema de combate. Neste campo, encontrarão os habituais ataques por turnos, contudo estes são rápidos, divertidos e ferozes. Demonstra-se aqui a genialidade imensa de uma equipa que pensou em todos os pormenores importantes. As batalhas começam com a escolha da vossa recompensa. Esta está representada por uma “roda da sorte”, deixando no fim visível ao jogador o que irá receber em caso de sucesso. Não só as recompensas estão moldadas de forma diferente, como também o objectivo das batalhas passa agora por vencer o “líder” no grupo de inimigos. Se quiserem ganhar mais experiência devem conseguir eliminar todos os membros da equipa adversária, mas se estiverem com pressa podem simplesmente concentrarem-se no capitão e a batalha dá-se por terminada. Este pormenor é fantástico, tendo em conta que Oreshika tenta ser original dentro dos possíveis.


Não só das batalhas se centra o jogo. Posso dizer que o mais importante é a gestão existente na nossa cidade e nos elementos do nosso clã. Eu, pessoalmente, não gosto muito de opções de gestão em jogos, mas em Oreshika simplesmente adoro. Investir na nossa cidade para podermos comprar melhores equipamentos é reconfortante, mas é na reprodução que o jogo brilha. O primeiro filho é automaticamente criado como parte da história, sendo a nossa personagem principal o pai. As crianças ocupam os primeiros meses das suas vidas nos estudos, atingindo depois a idade e capacidade mínima para serem utilizadas nos combate. Para além disto, devem esperar quase um ano de vida para poderem finalmente ter filhos, ou seja quase metade das suas vidas. Contudo, se pensam que os dois anos são garantidos enganam-se! A minha personagem principal morreu com 16 meses, devido ao baixo nível de “vigour”. Prematuramente admito. O mais engraçado desta história? Fiquei bastante triste, já que me tinha afeiçoado a ela, no entanto um sorriso surgiu logo após a escolha do novo líder. Sim, escolhi a “minha filha”. Simplesmente magnifico. Oreshika ensina-nos que a vida continua e existem maldições para curar. Rapidamente abraçamos esta realidade cruel mas significativamente bela de não haver tempo a perder com a tristeza dos acontecimentos, mas existe sim a aprendizagem para uma melhor gestão no futuro.


Ao experienciar Oreshika, vieram ao de cima as enormes semelhanças a Metal Gear Solid: Peace Walker para a PSP (para mim o melhor jogo da PSP), mais precisamente na estrutura da jogabilidade. Este é um título criado para uma portátil, sendo que podemos desfrutar horas e horas seguidas desta aventura, como podemos apenas jogar em sessões de 20 a 30 minutos. O elemento portabilidade é aqui levado de forma genial e inteligente. Contudo, existem defeitos no jogo. Essa mesma estrutura torna a experiência algo repetitiva, visto que passamos os anos a combater inimigos pelos vastos e monótonos caminhos sem muito para explorar. O facto de só existirem três tipos de missões também não ajuda. Para além disto, as únicas interações sociais existentes são a publicação das fotografias do vosso clã no Twitter e no Facebook, sem espaço para mais.

Apesar destes pequenos problemas, o jogo volta a demonstrar a sua magnitude no grafismo. O estilo entre o anime e as pinturas feudais deixam à vista uma das mais belas obras de arte interactivas alguma vez criadas. Os inimigos nos cenários encontram-se em 3D, no entanto dentro das batalhas transformam-se em desenhos detalhados e animados 2D, que nos remete para os Final Fantasy’s lançados nos tempos da SNES. O som é outro aspecto positivo, apresentando melodias típicas da cultura e arte musical japonesa. Possui também um mero toque ancestral, principalmente quando estamos a interagir com os deuses na reprodução de novos membros.




O melhor elemento do jogo! Existem vezes onde parece que estamos a interagir com desenhos animados. As cores vivas e quentes fazem lembrar o que melhor se faz dentro das origens nipónicas.



Consegue ser algo repetitiva, mas tal não esconde o brilho imenso que nela se envolve. Irão encontrar-se a criar personagens fortes, hilariantes e divertidas. O combate transforma o arcaico sistema por turnos em algo vivo e rápido.



Um jogo japonês na sua composição, por isso esperem apenas as vozes originais japonesas. Pessoalmente adoro, mas nem toda a gente admira tais decisões.



O jogo tem centenas de horas à vossa disposição. Talvez o maior problema seja a existência de alguma repetição, contudo acreditem que o jogo vos compensa com uma história envolvente e maravilhosos vídeos em anime.


Oreshika: Tainted Bloodlines é uma obra de arte, pura e simplesmente. Admite ser um jogo nipónico, mas tenta inserir originalidade dentro dos possíveis. Poderá ser algo complexo para os jogadores actuais, mas se forem jogadores hardcore irão adorar o que de melhor Oreshika tem para oferecer. A Vita tem em mãos mais um exclusivo de topo, que infelizmente poderá a vir a ser passado despercebido pelos menos informados.



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