Shadow of the Beast - Análise



ANÁLISES


















Em 1989, a Psygnosis publicou um dos maiores sidescrollers da época. Não só pela qualidade, em comparação com a competição, mas também devido a conter uma história associada. Jogadores da velha guarda devem lembrar-se de uma altura em que os jogos simplesmente ofereciam a plataforma onde desenvolver a acção. Pegava-se no comando e jogava-se o jogo e "mai nada". Foi uma boa mudança para o género, especialmente porque na altura foi um marco histórico que marcou a possibilidade de jogos assim serem jogados em casa. Antes... só mesmo nas máquinas Arcada nas lojas de jogo. Agora, 27 anos depois, publicado pela Sony Interactive Entertainment, Shadow of the Beast volta às nossas televisões num remake do original. Mas será que o nome fez bem em voltar? Ou podia bem ter ficado no passado?

Veredicto

Para bem ou para o mal, não há realmente muito a dizer sobre Shadow of the Beast. O jogo em si é um remake do jogo original de 1989, onde controlamos Aarbron, uma criança transformada em besta pelo maléfico Maletoth e os seus feiticeiros.


“Não existem questões, não existem nomes nem razões para fazer o que fazemos. Existem simplesmente ordens para seguir.”


Mas nada disto sabemos ao início do jogo. Aliás, sem pesquisa e sem explorar outras vertentes do jogo, não sabemos nada. Começamos por ser conduzidos com uma trela por "alguém" a ir de encontro a um templo. Esse aspeto capta bem a vida de Aarbron. Não existem questões, não existem nomes nem razões para fazer o que fazemos. Existem simplesmente ordens para seguir. Em grande parte o jogador sente-se assim. As coisas acontecem, não se sabe bem porquê. Assim continua durante um pouco até chegarmos ao templo e... mais coisas acontecem.


Isto não sou eu a tentar evitar spoilers. É mesmo a minha reação durante o primeiro nível onde não sabemos o que se passa. Chegamos ao templo, matamos uns monges e o último parece conhecer Aarbron. Vemos uma criança... o Aarbron vira-se contra o mestre e agora entramos na caça do nosso mestre. Muito estranho. Só mesmo depois de finalizado é que temos a oportunidade de finalmente perceber o que se estava a passar.


“Ou seja, só depois de passarmos cada nível é que temos a chance de saber o que se passou nele.”


Durante o nível existem várias esferas mágicas que se destruídas (apenas possível usando o poder Wrath of Aarbron) desbloqueia pequenas cenas no ecrã de seleção de capítulo. Ou seja, só depois de passarmos cada nível é que temos a chance de saber o que se passou nele. Não aprecio nada esta ideologia. A história existe e está no jogo, mas o método de como é contada só irá agradar a um grupo específico de pessoas (o grupo que irá jogar várias vezes o título e desbloquear tudo). Uma história básica de vingança contra o mestre.


Mas e quanto ao nível em si? Se a jogabilidade for boa, obviamente que vamos querer continuar a jogar e talvez repetir alguns níveis. Infelizmente é aqui que se notam as maiores falhas de Shadow of the Beast. Como sidescroller que é, sabemos que haveriam inovações em termos de combos e cenas espetaculares. Mas não. Não existe nada de marcante. Carregas no quadrado e bem podes continuar a clicar lá. Cerca de 80% do jogo pode ser passado por simplesmente carregar nesse botão. 

As animações não variam grande coisa (entre 3 ou 4 ataques diferentes). Existe ocasionalmente o inimigo em que tens de carregar no Triângulo primeiro para o atordoar. Existe ocasionalmente o inimigo em que tens de defender-te usando o R1 primeiro para o desarmar. Existe ocasionalmente o inimigo em que podes carregar no X para passar por ele e atacar por trás. É isto. Aliás neste último nem é preciso carregar no X, basta atacar 2 vezes com o Quadrado e virar o analógico que o assunto fica resolvido.


“(...) além de existir um pequeno input lag no salto, o nosso personagem ao saltar parece que o faz sem fluidez e em câmara semi-lenta.”


Saltar também não é algo que me agrade aqui. Se existe algo essencial num sidescroller é o combate e a capacidade de saltar. Saltar em Shadow of the Beast é uma tarefa fácil, mas difícil de agradar aos olhos. Carrega-se no X e está feito certo? Ora bem, além de existir um pequeno input lag no salto, o nosso personagem ao saltar parece que o faz sem fluidez e em câmara semi-lenta. Pensei que me ia habituar mas após várias horas com o jogo, continua a incomodar-me o modo como o nosso boneco salta entre as plataformas. Não parece natural e espero mesmo que seja corrigido numa atualização posterior. Parece algo bastante pequeno em comparação com o resto do jogo, é verdade, mas tendo em conta a quantidade de vezes que saltamos... é algo que tenho de considerar. Falta de fluidez.


Existem poderes extra como "Wrath of Aarbron" e o "Rage Mode" mas que não mudam o combate significativamente. À medida que vamos matando inimigos vamos ganhando barras de "Blood Magic" que podemos gastar para iniciar poderes como Parasite ou "Rage Mode". Começamos com um "Wrath of Aarbron" em cada nível e ao usarmos matamos todos os inimigos no ecrã... que... normalmente são 3 ou 4. Faria o mesmo carregando 4 vezes no quadrado em vez de gastar o poder. Felizmente podemos fazer-lhe upgrade através dos desbloqueáveis.


Infelizmente, eclipsados pela natureza do combate em si, os Combat Upgrades não são assim nada de especial.


Falando de desbloqueáveis, podemos mencionar que existem uns quantos. À medida que jogamos recebemos pontos e podem ser usados para desbloquear Combat Upgrades, Talismãs e outros pequenos bónus. Infelizmente, eclipsados pela natureza do combate em si, os Combat Upgrades não são assim nada de especial. 

Para termos uma comparação, em cada nível começamos com 10 pontos de vida e conseguimos aumentar para 13 após gastarmos 3,500,000 pontos. Sim, temos mais vida mas parece pouco. Seria mais interessante se começássemos o nível com 8 e então vermos uma subida acrescida de vida significante. O mesmo se passa com o resto dos upgrades. Sobre o Wrath of Aarbron podemos aumentar a quantidade de quantos temos em reserva até 4, e podemos até mesmo desbloquear uma forma de regenerar o mesmo através do uso de Blood Magic. O único upgrade que acho essencial é o Parasite, que te permite regenerar pontos de vida gastando Blood Magic. Isto sim considero interessante, especialmente porque o segundo upgrade permite regenerar 2 pontos e o terceiro 3 pontos de vida. Quando a tua vida anda à volta de 10 pontos, é algo já considerável.


Além dos Combat Upgrades temos os Talismãs. Têm poderes interessantes como Descent, que permite sobreviveres a uma grande queda em troca de Blood Magic. Mudam bastante mais o jogo que os outros. E por fim vêm os desbloqueáveis mais… estranhos… como desbloquear legendas. Existem 5 línguas faladas no jogo e para cada uma temos de desbloquear as legendas por 2,000,000. Nem todos são assim tão maus, como jogar o jogo todo com a soundtrack de 8 bits e a capacidade de jogar o jogo original de 1989. Se não gostarmos muito de jogar esse, podemos também desbloquear uma jogatina completa desse jogo feita pelos desenvolvedores.


Se alguma vez tiveram a impressão de que os criadores de um certo jogo utilizam a escuridão como desculpa para cobrir imperfeições, este é um desses.


Por fim, podemos falar dos gráficos. Apesar de ser uma enorme melhoria em relação aos anteriores, não é algo que vá receber menções na PS4. Os gráficos não são maus, de modo nenhum. Mas parecem apropriados para a PlayStation 3. Existe muita escuridão para esconder o que podiam ser cenários bonitos. Se alguma vez tiveram a impressão de que os criadores de um certo jogo utilizam a escuridão como desculpa para cobrir imperfeições, este é um desses. Existe até mesmo um certo nível em que é absoluto e temos de utilizar pequenas "fagulhas de electricidade" para tentarmos descobrir o caminho a percorrer. Quando estamos ao ar livre e num dia bonito, os gráficos estão bem melhores, mas nada que uma PS3 não conseguisse reproduzir com facilidade.

O som não deixa muita margem de manobra, grande parte dos sons são grunhidos e gritos, corpos a serem dilacerados e a música de fundo que não cria entusiasmo. Isto, claro, é subjetivo aos gostos de cada um. A versão da soundtrack em 8 bits curiosamente chama a atenção, principalmente de quem jogou o original.



Podia ter sido feito para a PS3. Não que a PS3 tenha gráficos maus, pelo contrário. Mas nesta geração esperava-se algo melhor. Pelo menos mais flashy com o potencial que existia. As animações são repetitivas e a escuridão reina no jogo (o primeiro nível é uma boa exceção).


Tendo em conta que grande parte do jogo estás simplesmente a carregar em duas teclas, essas duas teclas deviam ter sido melhor exploradas. O salto ainda tem muito a melhorar e o ataque básico deixa muitas lacunas por preencher com novas animações. Existem uns puzzles aqui e ali mas não mudam muito a jogabilidade.


Apesar de não haver grande inspiração, a soundtrack faz um trabalho decente de preencher um vazio. A versão em 8 bits será uma boa opção para jogadores antigos.


Cada nível pode ser acabado em entre 10-20 minutos. Cheguei ao fim em coisa de 6 ou 7 horas mas houve uma boa dose de exploração e repetir certos níveis para saber mais sobre a história. O jogo espera muito que o jogador faça cada nível várias vezes e explora muito a vontade do jogador de obter um HighScore melhor. O jogo toma a liberdade de te mandar mensagens pela PSN para te avisar de quando alguém venceu o teu Beast. Um alerta vermelho para quem não gosta nada desse estilo de manobras por parte da PSN.



Sistema de pontuação
Shadow of the Beast é um jogo que é uma bênção para quem jogou o original e para fãs de sidescroller. No entanto, deixa a desejar em algumas características. Tem um ênfase bastante proeminente em fazer os jogadores tentar um HighScore melhor (ou em menos tempo) e tenta fazer com que amigos tenham uma competição entre eles. Tendo em conta que já não estamos nos anos 90, não são muitos os que pensam nisso. Se não fores fã do género ou da serie, é um titulo a evitar, pelo menos até uma possível saída na PS Plus.



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