Gravity Rush 2 - Análise



ANÁLISES



Já alguma vez jogaram o Spider-Man 2?

É até hoje considerado o melhor gameplay encontrado num jogo do Homem-Aranha por uma simples razão: era incrivelmente gratificante lançar teias pela cidade enquanto se atingia velocidades estonteantes.

Não só as teias apegavam-se ás zonas certas como havia uma liberdade para escolher exactamente onde se queriam mandar as teias para mover o nosso boneco. Finalmente as teias apegavam-se realmente ao edifício e não ao "ar". Ora obviamente que não é nesse pequeno pormenor que está a essência do jogo, mas acabou por ser a razão da qual ter ficado conhecido pois era uma diversão balouçar de prédio em prédio. Diga-se mesmo que por vezes o pessoal ligava o jogo, não para fazer o modo história ou side-missions, mas para simplesmente "brincar" pela cidade indo de um lado para o outro.

O que isto tem a ver com Gravity Rush 2? Talvez que só agora, passados quase treze anos, é que voltei a encontrar um jogo em que o "ir de um lado para o outro" seja tão interessante e fluido como Spider-Man 2.

Veredicto

Vou ser sincero, quando apareceu o primeiro Gravity Rush não tive interesse. Não por ser um jogo da PS Vita mas por ter uma palete de cores tão pouco diversificada. Muitos tons de cinzento, castanho e verde e quase nada das outras. Posso dizer que à primeira vista uma coisa assim simples pode deixar uns (não todos) sem vontade de conhecer ou dar uma chance a um jogo que entretanto mostrou realmente ter calibre. Gravity Rush 2 não é nada assim. Uma mudança drástica do anterior em termos de apresentação. Este apresenta agora cores vibrantes em diversas áreas. Pode não ter tudo brilhante e luminoso como Infamous Second Son ou Resogun, mas uma clara melhoria em relação ao anterior.
Mas não é a única claro. Não só melhoraram o nosso poder de mudar a gravidade ao nosso redor como o conteúdo das side-missions, história e som.


Falemos desses mesmos.
O meu ponto sobre o Spider-Man 2 mantém-se. É um gozo simplesmente ligar Gravity Rush 2 na consola e começar a andar de um lado para o outro a recolher Gems. Side-missions? Agora não, obrigado. Modo história? Mais tarde. Não é preciso mais nada sem ser eu, o comando e a habilidade de voar de um local para o outro. Aliás... perdão. De voar, não. De cair.

Para os menos conhecedores (eu inclusive até há pouco tempo) o nosso personagem Kat tem um certo animal (Dusty) que lhe dá a capacidade de decidir onde é o centro de gravidade dela mesma e de objectos à sua volta. Portanto ela para se transportar é simplesmente deixar-se cair na direcção que queremos. Com um simples clique no R1 ficamos em gravidade zero até decidirmos com o Analógico direito (ou com  o Sixaxis implementado no comando) onde será o centro da gravidade. Este poder tem um tempo limite bastante generoso, que nos permite viajar grandes distâncias e aterrar onde queremos. Clicando no L1, "Gravity Shifting" é desligado e voltamos à gravidade normal, e posso dizer que não são poucas as vezes em que damos grandes quedas (que acabam por ser hilariantes).


“Não é preciso mais nada sem ser eu, o comando e a habilidade de voar de um local para o outro. Aliás... perdão. De voar, não. De cair.”


Temos uma tabela de upgrades que podemos ir activando à medida que vamos ganhando Gems. Não só estão espalhadas por todo o local, como estão dificilmente acessíveis a humanos normais. Procurar por baixo da ilha flutuante em que vocês estão é onde geralmente se arranja mais.

Eventualmente desbloqueamos poderes novos conforme as Gems que vamos ganhando. Não só esses como outros ficam mais tarde disponíveis quando desbloqueamos o modo "Lunar Gravity" e "Jupiter Gravity", em que a gravidade se torna semelhante à dos mesmos corpos celestes. Mais uma vez, tudo isto ajuda imenso no simples gozo de andar de um lado para o outro... e ainda nem falei do Gravity Slide.

Aqui não há sprint. Há o Gravity Slide em que a gravidade se inclina na direcção que a Kat estiver a apontar e vamos "deslizando" pelo chão. Ou paredes. Ou tecto.... onde for! Posso dizer que é aqui que passo grande tempo pois deslizar por uma superfície para depois saltar e carregar no botão de ataque resulta num espetáculo digno das Olimpíadas.


A história em si é tal como a do primeiro. No sentido que toca na nossa atenção mas não esperem que saia daqui uma obra de Homero. É uma continuação directa do primeiro jogo e não se dedica minimamente a explicar a novatos o que se passou no anterior.

Se não jogaste, não vais entender quem é quem, o porquê de isto ou aquilo ser importante e muito menos o que se passa em geral com este universo. Felizmente o interesse está nas personagens (que, discutidamente, é que fazem a história).


“As side-missions são bastante melhores que as que temos visto em jogos recentes. No geral temos 2 a 3 side-missions entre cada missão de história.”


A minha primeira impressão de todos os personagens é que ia sair algo genérico, mas que acabou por me surpreender e mostrar uma certa profundidade em alguns deles. Kat é adorável em tudo o que faz (e no que pensa) mas isso já deverá ser causa da minha parcialidade por pessoas alegres e que encaram os desafios com um sorriso.

As side-missions são bastante melhores que as que temos visto em jogos recentes. No geral temos 2 a 3 side-missions entre cada missão de história. Até pode parecer pouco, mas estas não são "olha vai ali ter e traz-me um Repair Kit" e tá feita a missão. Há de facto alguns passos envolvidos na resolução das mesmas e pode-se mesmo dizer que metade do desenvolvimento das personagens passa pelas side-missions. Definitivamente as melhores que joguei desde há vários meses.

Fazendo então com que a história principal possa ser terminada em coisa de 20 horas, mas com side-missions provavelmente entre 35 a 40 horas.


O soundtrack está também muito bom. Conseguiram fazer músicas que conseguimos ouvir durante horas de gameplay.

A música geral que toca enquanto estamos sem nenhuma missão activada é alegre e descontraída e não tarda estamos a cair de um distrito da cidade para o outro entoando a música. No entanto as músicas dos momentos inquietantes ou secções de stealth deixam um pouco a desejar... especialmente porque as vamos ter de repetir várias vezes. No geral quando se ouve a mesma parte da música pela décima vez a tentar passar uma missão que normalmente seria fácil de passar à primeira... bem... não ajuda.


Posso dizer de imediato que as missões de stealth são uma falha tremenda do jogo. Não só aparecem mais vezes do que as que gostaríamos como não funcionam como seriam de esperar.

Não estou a falar daquelas em que temos de seguir alguém e não sermos vistos. Falo mesmo das que temos de fazer x ou y e não podemos ser detectados. Tudo bem... desde que seja consistente não? O problema está mesmo aí. Tanto podemos estar em pé num local sem nada à volta e um guarda a 20 metros a olhar na nossa direcção não nos ver, como podemos estar a 200 metros e um guarda que está de costas descobrir onde estamos.


“Posso dizer de imediato que as missões de stealth são uma falha tremenda do jogo.”


Até a subir paredes (usando os poderes) os guardas podem-nos detectar mesmo estando com paredes entre nós. Até cheguei a pensar que o facto de activar a mudança de gravidade pudesse alertar sensores dos inimigos, mas não. Pois mesmo sem activar nada, só o facto de cair (sem poderes) alerta sentinelas voadores que estão de costas e a dirigir-se na outra direcção.

Uma das adições é o modo fotografia. A qualquer altura podemos tirar fotografias ao ambiente ou selfies com um tripé. Admito que passei mais tempo neste modo do que devia. São muitos os ângulos interessantes que temos quando a gravidade não é um problema. Ao longo do jogo vamos desbloqueando emotes novos e até mesmo objectos para colocar ao nosso redor durante o momento fotográfico.

Existem certas capacidades online onde é permitido fazer competições de highscore de certos eventos. Não competes directamente com ninguém, mas com os tempos que fizeram. Online também tem outros modos curiosos como o de fotografar uma pista para ajudar alguém a encontrar um tesouro baseando-se só na fotografia que tiraste. Pequenas coisas mas que não deixam de ser interessantes.


Apesar da enorme melhoria que teve sobre o jogo anterior, não se podem comparar a outros títulos com um orçamento maior. No entanto certas coisas podiam ser melhoradas como o próprio modelo de personagem principal que destoa um pouco do seu redor. Efeitos colaterais da palete de cores do jogo anterior.


Sem dúvida o ponto mais forte. Apesar de por vezes o combate não ser o seu melhor forte (especialmente contra alguns Nevi com pontos fracos difíceis), a transportação é sem dúvida fonte de muitas horas de diversão.


Soundtrack competente e que conseguimos ouvir várias vezes... excepto os que já ficaram marcados por as vezes que tivemos de repetir as secções de stealth que falham por tudo e por nada.


Bastante bom para o que se propõe a fazer. Mesmo no mínimo temos pela frente 20 horas de jogo e as melhorias aos poderes e novidades vão mantendo o interesse até ao fim. Se quiserem mais conteúdo, existe até coisa de 40 horas.


Sistema de pontuação

Gravity Rush 2 é sem dúvida uma boa surpresa para o inicio de 2017. Melhorou em todos os aspectos em relação ao anterior (ok, menos no stealth... ali só mesmo com um patch ou outro), e é sem dúvida um daqueles jogos que a qualquer altura podemos pegar e jogar um pouco sem precisar de pensar em história ou estar atento. Isto devido ao simples método de transporte que é sem dúvida o foco de todo o jogo. Se gostaste do anterior, vais adorar este. Se não o fizeste, experimenta este segundo, que mau o jogo definitivamente não é. Pelo preço a que está o primeiro, aconselharia mesmo a arranjar e jogá-lo antes de se meter nas aventuras de Kat e Dusty.



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