Nioh - Análise



ANÁLISES



Lords of the Fallen. Quando vimos este jogo aparecer sorrateiramente todos pensámos que ia ser apenas mais um clone fraco de Dark Souls... e tínhamos razão. Sem querer menosprezar os que gostaram do jogo… era consenso geral que era um bom jogo, mas que não atingia o nível da série Souls e/ou Bloodborne. Havia algo que faltava. Algo não estava "no ponto".
Quando foi anunciado "Nioh"... pelo HUD e gameplay inicial todos pudemos pensar: "Mais um clone de Dark Souls...outra vez..."
Será?

Verdicto

Vamos logo começar pelo que interessa. Consegue rivalizar?
Sim. Absolutamente. Consegue ser "melhor"? Hmm... bem capaz. Vai agora depender de vocês pois existe diferenças que para alguns serão agradáveis e para outros uma irritação.

Em Nioh jogam com Geralt of Rivia (perdão, quero dizer William), um pirata inglês que estava prestes a ser descartado visto ter atingido a "quota" de utilidade, segundo o vilão. A primeira diferença que irás notar será que aqui existe história.


“Posso admitir, não estava nada à espera que a história em Nioh me intrigasse.”


Alto! Calma! Não estou a dizer que nos Dark Souls não existe história. O modo como a história é apresentada nessa série mostra-se muito diferente do habitual. O lore existe, está lá, mas temos de procurar bem para conseguirmos discernir o que se está a passar. Em Nioh, o lore continua a existir mas a história é apresentada muito mais facilmente. Não só existem diversas cutscenes e exposição do plot, como os segmentos do mapa-mundo se mostram fáceis de seguir e interessantes.


Posso admitir, não estava nada à espera que a história em Nioh me intrigasse. Não merece nenhum prémio, mas faz o seu trabalho relativamente bem. Em comparação com Dark Souls, podes mesmo dizer que aqui há tanto lore como história, em vez apenas lore (novamente relembro - na série Souls existe história, apenas e difícil de aceder para os que não se embrenham completamente no jogo).

Começas o teu jogo como prisioneiro (onde é que eu já vi isto) em Londres e tratas de escapar. Aprendes um pouco de como jogar, vês como funcionam o equivalente às bonfires (aqui são Shrines, ou mini-templos) e dás as tuas primeiras estocadas com as diversas armas.

Após esta pequena introdução, lutas com o teu primeiro boss… encontras o Xehanort (perdão... Edward Kelley) que se mostra ser alquimista e feiticeiro de serviço. Activas o teu ultimate (uma das coisas novas que irei explicar daqui a nada) e entras na secção de tutorial. Acabada, chegas ao Japão pronto para entrares definitivamente em Nioh.


Ora bem convém falarmos imediatamente do que interessa: o combate. Está muito bom. Do tipo... mesmo muito bom. Afinal de contas é a essência deste tipo de jogos correcto?

Em Nioh utilizam-se estilos marciais diferentes para o uso de armas, que não é habitual no oriente. No final do dia continua a ganhar quem espetou a lança mais profundamente ou quem fez o corte mais longo. Com isto em mente, é uma mudança que esperava ver em Nioh pois as animações estão num nível bastante alto e temos hipótese de escolha de como vamos aplicar o nosso estilo.


“O conselho principal será mesmo aprender a mudar de stance durante o combate. Não uma nem duas, mas aí umas 20 vezes durante o combate contra bosses (alguns, nem todos).”


Durante o combate temos a capacidade de mudar o nosso estilo ofensivo. Mais propriamente entre "High Stance", "Medium Stance" e "Low Stance". High Stance faz por ter ataques mais fortes mas que demoram para se concretizar; com Low Stance os ataques são bastante mais rápidos mas também não causam assim tanto dano; Se achas que é muito trabalho para a tua cabeça, podes deixar simplesmente em Medium Stance que é basicamente o mesmo que encontras nos Dark Souls e Bloodborne.


Esta capacidade de escolha é muito bem vinda. Não só consegues manter o teu estilo de combate como podes mudar a qualquer momento com uma simples combinação de teclas. Alguns bosses serão bem mais difíceis se te mantiveres apenas numa stance. O conselho principal será mesmo aprender a mudar de stance durante o combate. Não uma nem duas, mas aí umas 20 vezes durante o combate contra bosses (alguns, nem todos).


“(...) depois de 50 horas ainda temos a sensação de estar no início do jogo. Sim, é  mesmo enorme.”


Este estilo de combate evidencia-se logo no primeiro boss que irás ter depois de chegar ao Japão. Acabei mesmo por testar isto e sem mudar de stance demoro 5 minutos a derrotar o boss (isto já depois de conhecer o boss de trás para a frente). A fazer mudanças a meio do combate consigo derrotá-lo muito mais facilmente e em menos de três minutos.

Em menos de 3 horas isto torna-se já instintivo e nem notamos. 3 horas nem é muito... afinal de contas... depois de 50 horas ainda temos a sensação de estar no início do jogo. Sim, é  mesmo enorme.


Assim que acabas o boss, segue a cutscene e aparece o mapa-mundo. Wow! Espera aí... mapa-mundo?

Em Nioh, a história é contada por segmentos que se desbloqueiam conforme vamos avançando num mapa mundo (ok, é mais mapa-Japão). Existem side-missions bastante bem-vindas que nos recompensam com loot e mais conteúdo.


“Armas e armaduras vêm em várias raridades (de acordo com cor, como em vários RPG's) e tornam todo o sistema de arranjar novo loot um vício.”


Se há coisa que podemos dizer desde logo é que este jogo é um looter game. Armas e armaduras vêm em várias raridades (de acordo com cor, como em vários RPG's) e tornam todo o sistema de arranjar novo loot um vício. 

Quando matamos inimigos, eles deixam cair Amrita (o equivalente a Souls no Dark Souls ou Blood no Bloodborne) e peças de armadura ou armas que podem complementar o teu estilo de jogo. Admite-se que não existem assim tantos tipos de arma diferentes. Logo no início apenas encontras "Swords", "Dual-Swords", "Axes", "Lances" e "Kusarigamas". 

Também tens armas de longo alcance mas o jogo não se foca assim tanto nesse aspecto. Um pormenor bastante bom é que podemos apontar onde queremos acertar com estas armas, uma novidade neste estilo. Cada arma oferece um estilo diferente de gameplay (sem esquecer as stances) e a procura infindável pela arma perfeita para nós torna-se um vício difícil de escapar. 


Independentemente da arma que gostares de usar, vais ter a oportunidade de escolher Guardian Spirits que te fornecem poder extra. Estas criaturas sobrenaturais estão sempre do teu lado, dormentes. Assim que a tua barra relacionada com eles fica cheia, podes clicar em Triângulo e Círculo para te transformares em Super-Guerreiro (perdão... Living Weapon) e te tornares uma autêntica arma de destruição. A barra recupera relativamente depressa, mas como se mostra ser um recurso limitado vais acabar por ter muitas ocasiões em que não usas este poder apenas para não o desperdiçar.

Está difícil de conseguir explicar a imensidão de um jogo destes. Para os que jogaram este estilo de jogo, sabem perfeitamente o que quero dizer. Existem tantas nuances e tantos pormenores que se torna difícil falar de todos num segmento contínuo. Ainda não falei no sistema de clãs que existe no jogo, na múltipla escolha de facções, no multiplayer... e até mesmo na barra de Ki.


“Está difícil de conseguir explicar a imensidão de um jogo destes. (..) Existem tantas nuances e tantos pormenores que se torna difícil falar de todos num segmento contínuo.”


Aqui "Stamina" é considerado "Ki" e não só permite William rebolar e atacar enquanto a conserva, como se torna um ponto fulcral em todo o jogo. Ki representa a energia interior que se manifesta em ocasiões de grande concentração. Ao premir R1 na altura certa, conseguimos recuperar algum Ki perdido durante o combate e até mesmo utilizar essa técnica como um gesto para limpar um local de impurezas.

Certos inimigos no jogo criam um local impuro onde William deixa de poder recuperar Ki, a única forma de limpar o local é premir R1 na altura certa estando no local. Podemos deixar os locais sem os purificar? Podem, mas não convém mesmo nada pois vão estar a lutar contra inimigos nesse local e garantidamente que não querem o vosso campo de batalha com estas desvantagens.


Eu sei que estou sempre a fazer comparações com outros jogos no estilo. Eu sei que já pareço um disco riscado. Mas infelizmente é mesmo a melhor forma de transmitir de uma forma rápida e concisa o que podemos encontrar aqui em Nioh.

Tal como os outros jogos neste estilo, inimigos simples conseguem derrotar-te mesmo estando vários níveis acima deles. E apenas a tua determinação irá tornar o teu caminho mais fácil. Não é por morreres 30 ou 40 vezes na mesma zona que vais melhorar, mas porque aprendes (ainda que inconscientemente) a melhor forma de passar o local recebendo o menor dano possível. Há bastante incentivo em vasculhar o mapa todo, até porque existem os Kodama - pequenas criaturas que podes encontrar e que te dão bónus extra sempre que sais de um Shrine.

Twilight Missions? Estas missões, apesar de opcionais, são onde grande parte dos jogadores são capazes de ter mais interesse. Níveis anteriores passados podem ser repetidos em modo Twilight. O local é o mesmo mas os inimigos mudam e são bastante mais agressivos. Posso dizer que as recompensas compensam o esforço, visto serem bastante superiores ao que encontras normalmente. Não que o jogo precisasse de um modo mais difícil, mas aí está para quem quiser.


Nioh oferece algo novo que se tornou muito esperado já desde o lançamento da PlayStation 4. A possibilidade de escolher entre 60 FPS com gráficos "bons" ou escolher jogar a 30 FPS com gráficos excelentes. Ainda há um terceiro modo de jogo que se mostra ser uma mistura dos dois modos. Não vos vou dizer o que devem escolher... mas jogar um jogo destes sem estar a 60 FPS será sem duvida uma pena pois aqui o timing é tudo. Fluidez é essencial. Mesmo no modo 60 FPS eu gostei dos gráficos e não vi razão para trocar para o "upgrade gráfico" de 30 FPS.

O ponto alto do jogo. Se falhasse aqui, não valeria perderem o vosso tempo com este estilo. Concordo plenamente se alguém disser que é rápido, cheio de acção e com capacidade de ser o seu estilo preferido.

A música japonesa cria uma óptima atmosfera para o ambiente e não causa qualquer tipo de distúrbios. Posso mesmo até confirmar que nas boss fights se torna bastante épica. No entanto fora de certos locais... os sons, apesar de bons, podem-se tornar repetitivos.

Existe aqui muito jogo. Ao fim de 50 horas temos a sensação de estar a meio e não estamos completamente errados. Tudo depende do jogador pois existem aqueles que jogam Dark Souls e Bloodborne em 30 horas e existem outros (como eu) que tinham 80 horas de jogo e mesmo assim só estavam a começar o terceiro acto do jogo. Twilight Missions são rotativas, portanto vão manter o interesse dos mais exigentes.



Sistema de pontuação
Não, não é por acaso que a dificuldade está tanto nos pontos positivos como nos negativos. Nioh é um jogo que tem por alvo jogadores que querem algo difícil. Sabe exactamente o que quer e como o fazer. Qualquer um que não tenha gostado da dificuldade dos outros jogos do género, em principio não vai gostar deste aqui. Mas quem sabe... talvez o sistema de combate seja a peça que falta no vosso arsenal para gostar deste estilo de jogo. Quanto aos restantes que já têm uma ideia do que viria aí... não se preocupem. O que veio, compensou. Não achei que fosse gostar tanto como gostei. Pensei que iria ser "mais um" na lista. Não foi. É sem dúvida o melhor jogo que joguei em 2017 até agora e mal posso esperar para ver o que a equipa decide fazer após Nioh. Tenho fé que irá ser grande.




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