[Análise] Batman: Arkham City



ANÁLISES

















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Depois do estrondoso sucesso do primeiro jogo, Arkham City promete ser uma experiência melhorada e singular em todos os aspectos. Uma dos maiores heróis de sempre volta naquele que promete ser um dos melhores jogos de sempre.

Veredicto

Julgo ser uma crença popular e comum que os jogos baseados em filmes ou super-heróis raramente cumprem as expectativas e alcançam a competência dos produtos que lhes deram origem. Tomando como exemplos Thor: God of Thunder ou James Cameron's Avatar: The Game, são jogos cujos respectivos filmes são bastante bons mas que foram produzidos à pressa e sobre pressão para acompanhar o lançamento do filme. E raramente algo bom sai de um trabalho realizado sobre pressão.
Sobram-nos, portanto, os jogos de personagens bem conhecidas mas que não foram baseados em nenhum filme em particular. É o caso das conhecidas aventuras do Spider-Man e, neste caso, do Batman. E mesmo aqui, são muito raros os casos de jogos com sucesso. Batman: Arkham City é um deles.

Numa indústria cada vez mais "preconceituada" por shooters e jogos de acção, Arkham City é sem dúvida uma lufada de ar fresco e o tão necessário murro na mesa que faltava nestas discussões entre o melhor FPS. 
Vamos então falar um pouco sobre ele.

Todos os Bosses têm um ponto fraco, apenas o temos de descobrir

A história de Arkham City passa-se um ano depois de Arkham Asylum. Os mais perigosos prisioneiros foram capturados e deixados numa prisão-cidade rodeada de muros. Ninguém controla o que se passa entre as muralhas da enorme prisão, a única regra é que ninguém sai de lá. Isto abre espaço, como é óbvio, a conflitos internos entre gangues e/ou à criação de um plano que ponha em risco o mundo exterior. E Batman, como não podia deixar de ser, necessita de entrar em acção.
Uma das coisas que notamos bastante bem é que os inimigos estão divididos por facções em Arkham City. A lutar contra o Joker está agora também o Two-Face, o Penguin e outras milícias que encontrarão ao longo do jogo. Mas o pior (ou melhor) para nós é que todas têm um objectivo comum: derrotar Batman.
Logo no início do jogo Bruce Wayne é capturado pela Tyger Security, um pequeno exército comandado por Hugo Strange. Claro está que as intenções de Hugo também estão longe de ser boas, como bem perceberemos com o decorrer da história.

Vemo-nos assim no meio de um conflito bem interessante e temos a missão de derrubar todas  as forças que ameacem a segurança de Gotham. É, sem dúvida, bastante refrescante poder alternar entre o tipo de inimigos que lutamos e os bosses que enfrentamos no decorrer do jogo.
A Catwoman também desempenha um papel fundamental na história. Somos, inclusive, deparados com uma decisão fatal na história de Batman, mas que deixo a vosso cargo descobrir e decidir.
A história de Arkham City está sem dúvida fantástica e cria um enredo que nos deixará ansiosos por descobrir mais e mais. Com a enormidade de chefes que iremos encontrar na campanha, simplesmente não conseguimos largar o comando por um segundo. A história vai crescendo de intensidade até chegar ao grande pièce de resistance, ao auge final.
Se Arkham City fosse um filme, seria sem dúvida um excelente filme.

O Joker é uma das personagens mais carismáticas do jogo

As minhas expectativas eram altas mas nunca esperei que um jogo como Arkham City conseguisse melhorar tanto em relação ao anterior, sobretudo sabendo que Arkham Asylum tinha sido excelente. A verdade é que este é superior a todos os níveis, como vamos ver.
O combate é um dos grandes núcleos da jogabilidade e posso afirmar com segurança que está superior em relação ao seu antecessor. Nunca lutar foi tão gratificante e julgo ser o jogo que mais gozo me deu combater com montes de inimigos ao mesmo tempo. A sério, o sistema de combate de Batman é maravilhoso! É tão simples como o pressionar de um botão para atacar e outro para contra-atacar mas esta fácil forma de aprender, mas difícil de dominar, é que torna tudo simplesmente sublime. Enfrentar 20 inimigos de uma vez (e não é como nos filmes que vêm um de cada vez) e ver que estamos a dar uma surra completa nos inimigos e a barra de combo a subir, para terminarmos com um pontapé em câmera lenta é das melhores experiências videojogáveis. E os combos estão sem dúvidas bem variados e extremamente gratificantes. 
Há também variados tipos de inimigos: para além das armas, estes usam agora também escudos, roupas anti-motim e bastões eléctricos que os tornam imunes a dano. Cada um tem uma maneira específica de ser eliminado. É visual e sonoramente fantástico fazer a sequência rápida e frenética de socos que acaba com certo tipo de inimigos no jogo.

Navegar pela enorme cidade de Arkham City também é tarefa muito mais fácil graças ao grande (talvez até exagerado) alcance do gancho de Batman que nos permite literalmente ir do chão até à base de um edifício com o premir de um botão. Também podemos praticamente voar por Arkham City: com uma técnica que nos é ensinada lá para o meio/final do jogo, podemos alternar entre planar e fazer voos picados para percorrer grandes distâncias. Podemos quase andar meio mapa se partirmos de um ponto alto. E acreditem, Arkham City é enorme.

Também há vários momentos em que temos de investigar o locar de um crime ou procurar pistas. Nestes momentos, utilizamos a visão de detective de Batman para achar evidências que nos levem à próxima pista/assassino. Visão essa que será o nosso braço direito ao longo do jogo todo, quer seja a ver inimigos através de paredes e ver que armas e acessórios (como visão térmica) carregam ou descobrir pontos estratégicos e enigmas escondidos. Também voltaram e em força as situações em que estamos em clara desvantagem de inimigos com armas (que é o que lhes vale) e temos de eliminá-los silenciosamente um a um. Parece-me que agora está mais difícil pôr os inimigos a dormir sem que os outros vejam e comecem a disparar sobre nós. Seja por agora terem visão térmica, por andarem mais juntos ou por olharem mais para cima e estarem mais atentos, a verdade é que várias vezes me deparei a andar de gárgula em gárgula que nem um louco a ver se eles me perdiam. Sem dúvida, um bom desafio que dá que pensar.

Eliminar os inimigos furtivamente nem sempre é pêra doce

E, como não podia deixar de ser, temos as épicas lutas de bosses. Continuam a haver lutas com chefões o número de vezes ideal (nem demasiadas nem muito poucas). Contudo, pareceram-me um bocadinho fáceis de mais. Isto porque rapidamente se percebe o padrão de ataques dos inimigos e é fácil desviar dos mesmos. Apenas temos de descobrir o seu ponto fraco, que mesmo assim é sugerido antes ou durante a batalha. Mas pronto, não deixa de ser bem gratificante ver que o ditado "quanto mais alto, maior a queda" continua a funcionar na perfeição.

Há um agradável sistema de upgrades no jogo, que nos permitem gastar os pontos de experiência que acumulamos na campanha para evoluir o Batman (fato mais resistente, novos combos, etc.), os seus gadgets e evoluir a Catwoman.
Acaba por ser uma adição que resulta e funciona bem.

Começamos logo de início com uma panóplia de aparelhos/gadgets do jogo anterior bem úteis. Mas vamos receber muitos mais, sensivelmente o dobro. Novos brinquedos como uma arma de raios ou projécteis congelantes são bastante bem-vindos e enriquecem muito a experiência, seja a eliminar os inimigos ou a solucionar alguns dos muitos puzzles que nos vão aparecendo.
Depois, claro, temos aquelas engenhocas a que já estamos habituados, como o Batarang, bomba de fumo, cabo para fazer slide, espuma explosiva, etc.
Vários são os momentos em que só conseguiremos avançar com a ajuda destes aparelhos.

Se compraram o jogo novo, aconselho vivamente a activarem o conteúdo da Catwoman. A felina faz parte das história principal, mas se jogam ou não com ela apenas depende da activação do código que vem no verso do vosso manual. A Catwoman pode não ser tão forte, resistente e robusta como Batman, mas é bem mais ágil e os combos dela são bem divertidos e visualmente gratificantes. Quem não gosta de arranhar os inimigos? Eu gosto.

De resto, a variedade do jogo é bem grande e temos imensas coisas para fazer. Desde apanhar estátuas do Riddle a fazer uma das imensas missões secundárias ou fazer um tutorial que nos dá novos truques, a experiência de Arkham City é bem diversificada e sem dúvida nunca enjoativa.

Quantos mais inimigos, maior a diversão

Utilizar o motor Unreal Engine é sinónimo de bons gráficos. E a regra mantém-se neste jogo. Os visuais são bem bonitos e observar a cidade de um ponto alto é tão sensacional que só depois se lembrarão que têm de salvar Gotham. O jogo todo passa-se numa noite, por isso não esperem cenários mais iluminados ou claros. Mesmo dentro de edifícios, raros são os momentos em que nos deparamos com claridade. Faz deveras jus ao nome Cavaleiro das Trevas.
Não ter que desenhar graficamente um Sol alivia em parte a tarefa dos programadores visuais, mas a iluminação em Batman não deixa de estar muito boa e a falta de tons claros pouco ou nada se faz sentir.

As expressões faciais também estão boas, assim como as explosões, paisagens e texturas. Deparei-me com alguns bugs durante o jogo (um dos quais me fez cair infinitamente pelo chão e me obrigou a reiniciar do último ponto) mas que não chegam a manchar a experiência oferecida.

A fluidez também está bem conseguida ao longo do jogo, havendo apenas umas ligeiras quebras de frame rate em situações com muitos inimigos e/ou explosões grandes. De resto, não há engasgos nem atrapalhanços. Os tempos de carregamento de texturas estão aceitáveis, havendo alguns momentos em que as paredes de um edifício demoram a carregar.
A transição entre cutscenes está fantástica, sem qualquer tipo de loading entre o jogo e o vídeo, tornando tudo mais imersivo. Os tempos de carregamento, quando existem, é apenas entre áreas e são suportáveis.
E não podia concluir este capítulo sem mencionar a excelente física da capa de Batman, que tão bem e alegremente balouça ao sabor do vento. Vê-la a arrastar-se à volta do Cavaleiro das Trevas no topo de um prédio dá-nos uma grande sensação de poder.

Jogar com a Catwoman é bem gratificante

O trabalho de vozes de Arkham City é sem dúvida dos mais competentes desta geração. Todas as personagens estão muito bem encarnadas e dão um ar bem maturo ao jogo. Destaque para as vozes de Joker e Penguin que assentam que nem uma luva no carácter respectivo.
Devo avisar que o jogo vem com legendas e menus em português do Brasil, o que pode aborrecer alguns. Muitos irão estranhar nomes como Coringa e Arlequina. Também há uma falha ao meter o nome da personagem antes de cada fala. Acaba por revelar quem está a apontar uma arma à cabeça quando só se vê a mão, por exemplo, retirando o suspense todo.

A música também está muito boa e acompanha bastante bem o ritmo do jogo, aumentando o tom perto de inimigos e acalmando assim que os eliminamos. A trilha sonora é fantástica.
Os efeitos sonoros, explosões e tiros também estão bem conseguidos e realistas.
De resto, pouco mais há dizer. Não se irão arrepender, Arkham City é sonoramente esplêndido.

Demorei cerca de 10 horas na campanha, mas apenas completando a história principal. Fazendo todas as missões secundárias e apanhando todos os troféus e enigmas do Riddle devem demorar 30 a 40 horas. E irão querer passar o jogo duas vezes, nem que seja para experimentar o modo New Game +, que vos permite começar com todos os gadgets e upgrades de início, mas aumenta severamente a dificuldade.

Também têm os Desafios do Riddler, que estão sub-divididos em três tipos: o habitual modo de luta em que combatemos vagas progressivamente maiores de inimigos para atingir o maior score possível; o modo em que temos de eliminar os inimigos um a um silenciosamente numa sala cheia deles; e, por fim, uma mistura destes dois, em que alternam ao longo do nível secções furtivas e de combate.
Não há qualquer componente multiplayer, mas julgo ser melhor assim. Todas as atenções foram voltadas para uma experiência a solo, e que experiência!

Em suma, Batman: Arkham City é sem margem para dúvidas um jogo sublime a todos os níveis possíveis e um forte candidato a jogo do ano. É absolutamente magnífico e deve com certeza constar na colecção de qualquer jogador que se preze.
É uma obra de arte.

Os Finishing Moves irão dar-vos arrepios


O motor de jogo Unreal Engine faz-se sentir, tornando as paisagens deslumbrantes e as texturas bonitas. As expressões faciais estão bem conseguidas, assim como as explosões, água, neve, e outros efeitos visuais. Raramente o jogo se "engasga" pelo que podem contar com uma experiência fluida. Alguns bugs mas são raros e não atrapalham.
Excelente a transição (ou melhor, falta dela) entre o jogo e as cutscenes. A capa de Batman é a cereja no topo do bolo



O sistema de combate é uma das obras-primas desta geração, dando um ar enormemente gratificante e belo a qualquer luta, especialmente naquelas com montes de inimigos e tipos grandes com martelos à mistura.
As secções furtivas enriquecem e variam a experiência de jogo e os puzzles estão simples mas intuitivos. Arkham City é enorme, mas conseguimos andar por ela rapidamente.
Vale a pena jogar com a Catwoman.



O trabalho vocal está sem dúvida muito bom, encaixando perfeitamente no carácter da personagem que encarnam. A música é épica, subindo de tom na presença de inimigos e diminuindo assim que nos vemos livres deles.
Bons efeitos sonoros, como as explosões e os tiros. Ponto negativo para legendas em português do Brasil. Coringa?



Demorei cerca de 10 horas a terminar a campanha, focando-me na história principal. Com todas as missões secundárias e troféus do Riddle esperem umas boas 40 horas e o New Game + vai-vos incentivar bastante a uma segunda investida.
Têm ainda os desafios do Riddle que são bem desafiantes.





Batman: Arkham City é sem dúvida um dos melhores candidatos a jogo do ano. É simplesmente uma obra-prima absurda a todos os níveis e um marco absoluto nos videojogos. Não me interessa se o pedem emprestado ou se o compram, Arkham City tem de ser jogado.

Os inimigos maiores dão imenso prazer de derrotar


Melhores Cumprimentos,

Lopes.



9 comentários:

Anónimo disse...

Corrijam os erros pff. Só ficam mal!

André Lopes disse...

@Anónimo
Podes dizer-nos quais são? Nós tentámos assegurar que nenhum escapava, mas pedimos desculpa se mesmo assim há alguns.

Anónimo disse...

Muito bom , adorei a review.

Abraço

RickRedfield disse...

Muito boa a análise... melhor só mesmo o jogo. Tenho que o jogar. Adorei o Arkham Asylum e este parece em tudo melhor.

Cumps

André Lopes disse...

@RickRedfield

Está, de facto, superior em todos os apectos, Rick. Se adoraste Asylum, vais ficar espantado com este.

Cumps.

Santarosa96 disse...

Logo no 1º paragrafo está "Arkham Asylum" devia ser "Arkham City".

A opinião final é 9,5; Deveria ser 9. Com 10 na jogabilidade apenas, e o resto 9, o veredito não deveria ser 9,5.

André Lopes disse...

@Santarosa96

Obrigado santarosa, corrigido. ;)
Sobre a tua questão, a Opinião Final não representa uma média de cada categoria e sim o valor final do jogo depois de tendo em conta todos os aspectos em geral.

Cumps.

Santarosa96 disse...

Ah, então é como se faltassem aspectos a ter em conta, certo?

André Lopes disse...

@Santarosa96
Sim, na classificação pomos tudo "na balança" e tomamos todos os aspectos em conta. Cada categoria é só para transmitir uma informação mais clara aos leitores mas a Opinião Final, apesar de estar necessariamente relacionado, toma muito mais aspectos em conta.

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