[Análise] God of War: Ascension



ANÁLISES




















A trilogia original de Kratos, que começou com God of War em 2005 para PlayStation 2 e terminou na PlayStation 3 em 2010 com God of War 3, é uma das mais conceituadas de toda a história dos videojogos. O carismático assassino de deuses revelou-se uma imagem de marca fortíssima da Sony e alguém a quem os jogadores se apegaram muito. Três anos após o último jogo lançado, chega agora God of War: Ascension, uma prequela a todos os títulos que nos revela um lado mais humano de Kratos.

Veredicto

God of War: Ascension conta uma história de redenção: Kratos procura-se libertar do miserável pacto que fez com Ares, o deus da guerra, mas o seu grande entrave são as Erínias: para quem não conhece mitologia grega, são criaturas que torturam eternamente aqueles que traíram os deuses. Estas três irmãs não vão dar descanso e farão de tudo para impedir Kratos de prosseguir a sua jornada.

No meio deste enredo, a Santa Monica aproveitou também para mostrar um lado mais emocional de Kratos: as Erínias estão constantemente a inundar a cabeça do protagonista com visões e ilusões do passado, para que este pense que está a viver num mundo ilusório. O jogo decorre seis meses após Kratos ter assassinado a sua mulher e filha, e será este "ponto fraco" do protagonista que as Erínias tentarão explorar de modo a destruí-lo psicologicamente.

Posso dizer que o enredo em si é interessante o suficiente para querer saber cada vez mais do fado de Kratos à medida que jogava. Não se trata tanto de uma história de vingança, como nos outros jogos da série (apesar de Kratos continuar a ser o guerreiro sádico de sempre), mas sim de uma moral de redenção e a procura por corrigir os nossos pecados do passado.

A história é interessante e permite ver-nos um lado emocional de Kratos
Apesar de serem fundamentalmente idênticos aos de God of War 3, os gráficos de Ascension são no mínimo sublimes. É pena não haver suporte para 1080p, mas isso não impede a Santa Monica de dar o exemplo no que toca a programar para a PlayStation 3. A sensação de escala continua fantástica (alguns bosses são gigantes), as cores estão variadas e sublimes, as paisagens estão ainda mais diversificadas (agora Kratos passa por terras de gelo, fogo, água, montanhas), enfim, é difícil explicitar tudo na análise.

Há algumas quebras notáveis de framerate, sobretudo nas alturas de mais elementos no ecrã ou quando Kratos invoca uma das suas poderosas magias. Mas, na esmagadora maioria do tempo, o jogo corre fluidamente com uns gráficos espantosos (não me canso de repetir isto).
De resto, as expressões faciais estão bem conseguidas (Kratos chega a chorar), os efeitos das lâminas estão ainda mais deslumbrantes, e o sangue está ainda mais vermelho.

Tudo aquilo que se podia pedir visualmente de um God of War é puxado até ao limite na PlayStation 3. Mais que isto só na próxima geração

Agora há secções em que controlamos Kratos a deslizar
Mas, sem dúvida, o campo onde se notam mais alterações é na jogabilidade. Não me interpretem mal, continua a ser um God of War, um dos melhores hack and slash do mercado. Mas há pequenas alterações que melhoram a jogabilidade, começando pelas lâminas (aka Blades of Chaos). A Santa Monica adicionou, conforme nos revelaram na nossa entrevista, um sistema que permite às lâminas de Kratos seguir os inimigos. Isto significa que quando os lançamos ao ar, por exemplo, os nossos ataques seguem automaticamente o inimigo sem precisar estarmos a saltar junto. Muito bom.

E se nos outros God of War dispúnhamos de várias armas, neste contamos com variações da mesma. À medida que avançamos na campanha (aliás, numa secção de minutos conseguimo-los todos) desbloqueamos elementos especiais para as nossas Blades of Chaos - Fogo, Água, Electricidade e Magia Negra, cada um aludindo a um deus diferente e com habilidades próprias. Podemos alternar entre estes elementos livremente durante o combate, já que cada um tem um estilo próprio e se adequa a inimigos próprios. O elemento da Água, por exemplo, consegue congelar os inimigos enquanto que o de Magia Negra (ou melhor, o de Hades) invoca braços do chão que atacam os inimigos. Também teremos que escolher qual o melhor elemento a usar contra determinado inimigo, já que alguns deles também pertencem à Electricidade, Fogo, etc.

Para além destas variações da arma principal de Kratos, podemos ainda apanhar algumas armas do chão, nomeadamente martelos, lanças, escudos, etc. Pessoalmente, não achei de grande utilidade estas armas, chegava-me até a esquecer delas, mas é um facto que tornam o combate mais diversificado. 

Fora as armas, contamos ainda com magias: estas estão associadas a cada elemento e necessitam de upgrades para as desbloquearmos (através de red orbs). Por fim, podemos ainda usar amuletos especiais contra os nossos inimigos (e na resolução de puzzles), que deixo ao jogador a tarefa de descobrir.

Há novos tipos de inimigo, cada um com o seu Elemento
Por fim, a última grande alteração é o sistema de raiva. Anteriormente, Kratos iria evoluindo uma barra de energia à medida que matava inimigos, que o jogador podia activar quando cheia para ficar incrivelmente forte por um curto período de tempo. Agora, são os combos que evoluem rapidamente esta barra. À medida que batemos nos inimigos, vamos subindo a nossa barra de raiva, e apenas uns golpes chegam para a encher facilmente. Quando cheia, Kratos fica automaticamente mais forte, ganha ataques novos e permite usar combos especiais (com upgrades comprados). O problema é que, pelo menos para mim, esta barra era muito difícil de encher. Apenas uns golpes chegam, é verdade, mas é muito difícil não tomar dano entre os combos, e basta um golpe de um inimigo para a nossa barra evaporar quase toda. E, ainda por cima, e ao contrário de outros jogos, os inimigos não têm problema nenhum em vir para cima de Kratos ao mesmo tempo. Felizmente, dispomos de uma mecânica de contra-ataque: quando estamos a defender, com o L1, podemos apertar X no momento exacto do ataque do inimigo para desferir um contra-ataque fortíssimo.

Se anteriormente God of War era o exemplo de excelência de um hack and slash, em Ascension não poderia ser mais perfeito. O combate é absolutamente divertido e gratificante, sobretudo quando fazemos um combo belíssimo que acaba com desmembramentos dos adversários. Dei por mim várias vezes a pedir inimigos no jogo só para poder testar novos combos, ataques e aperfeiçoar a minha técnica. Inimigos esses que são bem variados e trabalhados.
Para além dos inimigos, há ainda os clássicos puzzles. Ao início são demasiado fáceis e óbvios, mas no fim começam a ser um pouco mais difíceis de resolver. No geral, estão um pouco mais fáceis do que eu gostaria.

Como disse acima, a jogabilidade de Ascension é absolutamente brilhante, há muito tempo que não me divertia tanto a jogar um jogo.

Há secções difíceis repletas de inimigos
E outro aspecto que atribui à série o seu carácter épico é a trilha sonora e o trabalho de vozes. Como não poderia deixar de ser, em Ascension a música é muito épica, tornando os nossos combates ainda mais intensos e excitantes. O jogo vem totalmente em português, legendas e vozes incluídas, e, pela primeira vez, fiquei agradado com o trabalho nacional. A voz de Kratos não está assim tão má como a do jogo antigo, e todas as outras vozes são credíveis e competentes. Claro que o original continua a ser o original, mas finalmente há uma alternativa nacional competente.

Demorei 9h40 a terminar God of War: Ascension, na dificuldade Normal, procurando exaustivamente por arcas e artefactos. Aliás, estes itens são bem fáceis de descobrir, basta andar um pouco no lado contrário que é suposto ir: encontrei todos os Olhos e Penas de Fénix e ainda me sobraram arcas (que são então substituídas por orbs vermelhas de grande valor), e só me faltou achar um artefacto. Depois de passarmos a campanha, temos ainda a opção de New Game+ e desbloqueamos a dificuldade Titã.

A grande novidade é o modo multijogador, inédito na série. Contudo, e como muita gente receava, trata-se apenas de um extra. A Santa Monica tentou integrar o habitual sistema de progresso de outros jogos: ganhamos pontos quando subimos de nível, onde podemos gastar em itens, armas, poderes, etc. Contudo, o multijogador não é nem 1/4 do que a campanha consegue ser. A jogabilidade online é má, lenta, e não oferece diversão. A variedade entre classes (ou melhor, pactos) não chega a ser significativa e os mapas estão confusos e sem objectivos específicos, sobretudo para os novatos. Para além disso, há lag ocasional e demora algum tempo a encontrar uma sala. Eu partilho da opinião que um modo multjogador funciona sempre como um extra e não como algo negativo, quando este não prejudica o desenvolvimento da campanha single-player. Acho que este é um desses jogos, o multijogador falha mas a campanha continua igualmente épica.

God of War: Ascension é, para todos os efeitos, um jogo fantástico. Muita gente tem andado a criticar este jogo porque o compara com os anteriores da série. Se este fosse o primeiro a ser lançado, seria mundialmente aclamado. O problema é que antes dele já houveram aventuras de Kratos mais épicas, mas isso não anula o facto de que Ascension continua a ser um jogo exímio. Como disse, há muito tempo que um jogo não me agarrava tanto e ainda há mais tempo que não sentia o interesse em querer repeti-lo pela segunda vez (até estou a pensar fazer Platina!). Ascension não pretende ser melhor que os anteriores. Em vez disso, pretende sim ser mais um marco épico na história da PlayStation 3 e uma homenagem valiosa a esta majestosa saga.

O multijogador é o mais aborrecido, infelizmente



É difícil puxar mais que isto por uma consola com 7 anos em cima. Ainda assim, a Santa Monica consegue impressionar visualmente, com gráficos estrondosos e sublimes. Jogar God of War: Ascension numa larga televisão de alta-definição é dos pontos mais altos que a Playstation 3 pode proporcionar.




A apoteose dos hack and slash. O fantástico sistema de combate foi melhorado, estando agora a roçar a perfeição. A variedade de inimigos, combos, ataques especiais, magias e armas permite uma diversão incrível em cada combate, dando por mim a pedir por mais e mais. Ponto negativo apenas para os puzzles que estão talvez um pouco fáceis de mais.




Finalmente temos um trabalho vocal nacional de qualidade, oferecendo uma alternativa viável às já por si só excelentes vozes originais. Kratos já não soa tão ridículo como em God of War 3, e o resto dos bosses que encontramos estão bem personificados. A música está épica, como é clássico na série.




As cerca de 9h sabem muito a pouco, que ainda se notam mais quando se trata de um jogo desta qualidade. Felizmente, há vontade para uma segunda investida, sobretudo com o modo New Game+ e/ou para tentar a Platina. O modo multijgador, infelizmente, é apenas um extra que se torna cansativo com apenas algumas horas.





O facto de God of War: Ascension não ser claramente tão original como os jogos anteriores da série, não lhe retira a qualidade que notoriamente apresenta. É absolutamente recomendado para todos os fãs da série e para quem tenha uma PlayStation 3. Divertido, desafiante, viciante, fantástico e soberbo não chega para enquadrar Ascension no quadro épico que esta aventura de Kratos proporciona.



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