Nexus é o quarto e último capítulo da série Future de Ratchet & Clank, que começou com Tools of Destruction em 2007 para a PlayStation 3. Um epílogo honroso para a saga de um dos maiores ícones da PlayStation, que se mantém à altura dos seus antecessores, e uma despedida carismática desta geração.
Veredicto
Para ser muito sincero, julgo que a série Ratchet & Clank tem vindo a perder peso desde que a PlayStation 3 foi lançada. Na época da PlayStation 2, e até mesmo quando o Tools of Destruction foi lançado, esta série era das maiores e mais adoradas pelos jogadores, juntamente com Jak & Daxter, e por aí vai. Contudo, a série sofreu com a "evolução do paradigma" dos videojogos. Os jogadores cresceram e a indústria com eles mudou, e agora a verdade é que os títulos mais vendidos são os Call of Duty e os FIFA. Sobra pouco espaço, actualmente, para jogos no mercado como Ratchet & Clank, excepto para aqueles que são verdadeiramente fãs da série.
Contudo, devo louvar a insistência da Insomniac Games em nos trazer continuamente jogos da série, independentemente de terem vendido muito ou pouco. O comprometimento perante os fãs é das coisas mais respeitáveis de qualquer produtora.
Dito isto, a história de Nexus apresenta-se muito simples. A dupla inseparável recebe a tarefa logo no início do jogo de capturar a dupla de irmãos vilões Vendra Prog e Neftin Prog e prendê-los. A partir daí começa a aventura de Ratchet e Clank, por vários mundos (5, no total), e com alguns twists interessantes no enredo, devo dizer.
Contudo, o final da história em si acaba por não ser nada que fique na memória. Um desfecho já previsível poucos minutos depois de começarmos a jogar.
O que devo notar já de cara é o trabalho das vozes portuguesas. Não sei se é devido ao carácter humorístico da série, mas a verdade é que a tradução portuguesa ficou muito boa e assentou naturalmente nos papéis de cada personagem. Até parece que o jogo foi originalmente feito com estes actores nacionais.
Mas a verdade é que gostei de jogar Ratchet & Clank: Nexus, muito mais do que estava à espera. A capacidade de um jogo surpreender e me dar vontade de terminá-lo (e até Platiná-lo) é algo que encontro raramente nos dias de hoje, infelizmente. A jogabilidade de Nexus é bem descontraída e saudável.
As armas continuam simples de usar e gratificantes, mas a grande novidade é as secções de gravidade zero, em que o Ratchet usa umas botas especiais para se movimentar entre plataformas magnéticas. O uso desta mecânica, para além de nalguns bosses, acaba por não acrescentar muito ao jogo, mas não deixa de ser divertido usá-la.
Outro aspecto inovador são os feixes luminosos que podemos usar para chegar de uma plataforma a outra. Mais uma vez, os puzzles acabam por ser muito fáceis mas são estranhamente gratificantes, o que é bom.
Uma das minhas armas favoritas, assusta os inimigos e paraliza-os |
Os puzzles com Clank é que já são mais difíceis. Ao início parece uma brincadeira de crianças inverter a gravidade para passar por obstáculos. Mas conforme chegamos ao final do jogo, torna-se muito mais difícil e exige muitos mais reflexos de nós.
No geral, achei Ratchet & Clank: Nexus um jogo fácil, incluindo o boss final. Em dificuldades mais superiores talvez esteja mais adequado, no entanto.
Temos também algumas armaduras no jogo, mas se quiserem comprar mesmo todas terão de jogar o Modo Desafio (também conhecido por New Game +) que desbloqueiam depois de completarem uma vez o jogo. Neste modo, para além de poderem evoluir as vossas armas até nível 6, em vez de apenas 3 na primeira playthrough, têm também multiplicadores de Parafusos para os inimigos que matam.
E por falar em armaduras, facto curioso: nas cutscenes ora aparece a armadura inicial do jogo, ora aparece a que vocês têm vestida. Dá ideia que os desenvolvedores apenas programaram a mudança de armadura conforme a que o jogador tiver em algumas cutscenes.
Jogando na dificuldade Normal, completei o jogo em cerca de 5 horas. Achei pouco, mas considerando o preço a que está acaba por me parecer justo, se levarmos em conta que um Call of Duty tem uma campanha praticamente com a mesma duração e custa o dobro. A grande desvantagem, claro, é que não tem um modo multiplayer. Depois de acabarem o jogo, poderão passá-lo mais uma vez para acabar a 100% (e aproveitem, porque a Platina não é difícil) e pronto, não há mais que fazer.
Em termos gráficos, gostei de ver a diversidade de ambientes que a Insomniac se esforçou em nos trazer. Os 5 mundos são bem diferentes uns dos outros, o que ajuda a não tornar o jogo repetitivo. Além disso, gostei do facto de não desbloquearmos todos os nossos gadgets logo ao início, sendo um processo gradual. Deste modo, temos a sensação de que estamos realmente a progredir na campanha.
Contudo, Nexus sofre de graves problemas de quedas de frames. Se existem mais que dois ou três inimigos próximos do ecrã, é quase certo que os gráficos irão "soluçar". Aliás, basta explodirem várias caixas de parafusos para os frames caírem. Se nalgumas zonas até não estorva muito, em lutas de bosses torna-se irritante.
Mas devo ser sincero: no final de tudo, a experiência que tive com Ratchet & Clank: Nexus foi bastante positiva. Claro que não devemos entrar com a ideia de encontrar aqui algo espectacular que venda consolas, mas sim uma daquelas pequenas relíquias que, infelizmente, o tempo irá apagar das nossas memórias mas que valeram as horas que depositámos.
Não aquece nem arrefece. Em certos aspectos chegam a ser bonitos e a diversidade dos mundos é gratificante, mas o jogo sofre de problemas de quedas de frames que chegam a atrapalhar a jogabilidade com alguma frequência.
A fórmula característica da série está de volta: simples, mas divertida. As novas mecânicas com a gravidade zero são engraçadas e criativas, mas são ideias que já vimos em outros jogos. Os puzzles acabam por ser fáceis, excepto os últimos com o Clank. Por outro lado, evoluir e testar todas as armas e armaduras é viciante.
Gostei bastante do trabalho de vozes nacional, descontraído mas com qualidade. Assenta que nem uma luva no carácter humorístico do jogo. Por outro lado, a música pouco se faz sentir e chega a ser um pouco cansativa. Está lá apenas por estar. Creio que a série teria muito a ganhar com algumas faixas épicas em encontros com bosses, por exemplo.
É o que peca mais neste jogo e o que justifica o seu preço reduzido. As 5 horas passam rápido, em um dia até se tiverem vontade. O que vale mesmo é que são poucos os Troféus do jogo e a Platina, consequentemente, apetecível. Os trophy hunters vão sem dúvida querer repetir uma segunda vez no "New Game +", outros talvez não.
Sistema de pontuação |
A Insomniac Games apoiou-se na fórmula já conhecida pelos jogadores: uma pitada de humor (embora conte com um carácter mais sombrio nalgumas secções) aliada a uma jogabilidade de plataformas simples e gratificante. Embore não seja daqueles jogos memoráveis de que me vou lembrar daqui a vários anos, gostei das horas que passei na companhia de uma dupla sempre bem disposta. Recomendo aos fãs e aos curiosos, sobretudo pelo preço a que está.
Categoria:
Análises,
Análises PS3
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