Bayonetta 2 é não só um dos jogos mais esperados para a Wii U, como também dos últimos anos. Depois de um trabalho fantástico com o primeiro jogo que arrancou excelentes críticas e elogios, a Platinum Games destaca-se novamente com um trabalho belíssimo e digno de ser apreciado por todos nós.
Veredicto
Bayonetta 2 é um daqueles jogos que nos coloca um sorriso no rosto enquanto jogamos. Não só pelo cariz humorístico dos diálogos entre as personagens mas, mais ainda, pela harmonia da jogabilidade que faz ressoar o nosso espírito apaixonado como jogador. Tudo parece certo, cada elemento na medida certa, como uma receita que nos delicia assim que a provamos. E Bayonetta serve-se quente, não fosse o seu estilo ousado e provocador.
Bayonetta nunca deixa morrer o seu cariz sensual |
A jogabilidade é incrivelmente fluída e natural, como se fosse assim que os jogos devessem ser feitos. A dificuldade está no ponto certo (joguei na dificuldade intermédia, apelidada de 2nd Climax), o que significa que os inimigos mais fracos não são páreos para a nossa heroína talentosa mas os bosses já são um desafio muito satisfatório.
E, por falar em chefões, preparem-se para um prato completo. O estilo frenético de Bayonetta 2 distingue-se não só pela sua jogabilidade veloz e de reflexos rápidos, mas também pela quantidade esmagador de bosses que irão aparecer no nosso caminho. Sem exagero, cerca de um a cada dois minutos. Não há pausas para a digestão.
A quantidade de bosses é sufocante, mas masoquistamente agradável |
A história de Bayonetta 2 é razoavelmente simples: a protagonista vê a sua melhor amiga, Jeanne, ser morta e levada para o Inferno e cabe a ela partir numa jornada até aos confins do mundo para a ressuscitar. O mote do enredo não é o mais complexo, mas a forma saudável e natural com que se desenrola é suficiente para nos deixar curiosos. E as personagens são bastante carismáticas.
Claro que a Platinum Games usa este desenrolar de acontecimentos a seu belo prazer para servir de desculpa para as mais extremas situações: desde um confronto com um monstro gigante na parede de um arranha-céus, uma luta contra várias inimigos angelicais no topo de um jacto ultra-sónico, usar destroços de pedra para surfar ao longo de um tsunami, e muitas outras coisas que deixo ao jogador a tarefa de descobrir.
Tsunami a caminho, mas Bayonetta aprendeu com Garrett McNamara |
Todos estes momentos épicos de acção só são cortados por algumas quedas ligeiras de frames, que nem sempre se conseguem manter nos tão prazerosos 60 fps. Em compensação, os gráficos in-game são bastante ostentosos, com cores vivas e bonitas. Não sei se será o auge gráfico da consola (acredito que a Wii U ainda dê mais), mas foi sem dúvida um trabalho bem conseguido. Sobretudo tendo em conta a quantidade de elementos no ecrã ao mesmo tempo.
Aquilo que não se entende são os gráficos bastante maus de algumas cutscenes. Se num instante temos toda a sensualidade de Bayonetta em grande definição e qualidade, assim que passamos para uma cena cinemática parece que fomos transportados para o início da geração anterior, com texturas bastante más e cores esbatidas.
"Após todo este tempo, ainda tenho de te dizer como o raio da loja funciona?" |
Por outro lado, o trabalho artístico que a Platinum Games fez é notável. As armas, monstros, acessórios, cenários, tudo é de uma imaginação tão vasta e inteligente que nos deixa a pensar no sucesso que teria Bayonetta se também fosse um anime.
Preferem socar os vossos inimigos com pistolas nos punhos e a servir de salto alto? Se calhar preferem antes usar duas espadas nos pés e um arco-e-flecha na mão, não? Já sei o que querem mesmo é usar uma foice gigante nas duas mãos e dois lança-chamas nos sapatos.
Hora do churrasco, e o prato é um manjar dos deuses |
A verdade é que o jogador é que se decide e se adapta consoante o seu estilo preferido. Apesar dos combos serem algo simples (os botões são quase sempre iguais, independente das armas), temos dois sets disponíveis que podemos mudar a qualquer altura. O meu conselho é um set para combate a curta distância focada num inimigo e outro set com armas de ataques vastos de área.
O que já não ajuda tanto é a câmera que por vezes oferece problemas de colocação por não conseguir acompanhar o movimento rápido de Bayonetta entre combos e ataques.
Aprendam a escolher as melhores armas para cada situação |
A acompanhar todo este manjar dos deuses temos uma trilha sonora bastante competente e empolgante. Apesar da música ser frequentemente a mesma em quase todos os confrontos (exceptuando bosses), acaba por nunca ser demasiado enjoativa por assentar tão bem no estilo de jogo. Depois temos ainda um excelente trabalho de vozes, que só vem acrescentar carisma a personagens que já são, por si só, bastante interessantes.
O que não se compreende é a falta de legendas em português. Volto a repeti-lo, é algo a que não devemos continuar a "fechar os olhos" nos tempos que correm. É incrivelmente barato (há pessoas que o fazem de graça só para ter o nome nos créditos) e ajuda bastante quem tem dificuldades com o inglês.
A quantidade de elementos no ecrã chega a ser colossal |
Algumas quedas de frame ocasionais não mancham os excelentes gráficos in-game, com um excelente trabalho de arte em todas as personagens, objectos e cenários lindíssimos. Infelizmente, algumas cutscenes apresentam um visual ultrapassado.
É raro encontrarmos casos destes na indústria, onde a jogabilidade assenta tão bem nas nossas mãos que parece que foi feito para nós. Fluída, frenética, desafiante, recompensadora e divertida, a jogabilidade de Bayonetta 2 é a apoteose dos hack and slash, isenta de erros e imperfeições sensíveis.
Uma excelente trilha sonora que, embora por vezes repetitiva, não podia encaixar melhor no estilo ousado e irreverente de Bayonetta. A acompanhar tem-se um elenco de vozes muito bom e carismático. Só faltavam era as legendas em português.
Terminei o jogo em 11h30, procurando bem os itens e baús escondidos. O facto da campanha ser tão boa faz com que passe rápido, mas também nos incentiva a repetir uma segunda vez (ou mais). Além disso, desbloqueiam uma personagem nova, os Witch Trials e uma dificuldade superior. Fora a campanha, têm ainda o modo cooperativo Tag Climax que alguns acharão bastante interessante, outros passarão ao lado.
Sistema de pontuação |
Bayonetta 2 é um jogo digno de pertencer ao reportório de qualquer jogador que se preze. Com uma jogabilidade perfeita e uma direcção artística excelente, aliado a uma trilha sonora e trabalho vocal de qualidade, é uma das melhores experiências criadas na última década. Absolutamente deslumbrante.
Categoria:
Análises,
Análises Wii U
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
0 comentários:
Enviar um comentário