Ultimamente tenho-me deparado com uns comentários no mínimo "interessantes" por parte de vários pessoas (jogadores e programadores) desta indústria, sobretudo com a polémica recente das resoluções e das taxas de frames.
Com a chegada da nova geração, a maior parte dos consumidores acreditava que iria haver um grande salto gráfico, com hardwares bastante mais potentes e jogos de fazer cortar a respiração. Contudo, a verdade é que não foi bem assim, e ainda pouca gente teve a coragem de dizer "o rei vai nu".
Assassin's Creed Unity a correr na PS4. (clicar na imagem para expandir) |
Obviamente que certos jogos e produtoras apresentam um bom trabalho e um esforço para fazer a migração para toda a programação e updates de motores gráficos necessários para esta geração.
Mas isso é um processo caro e trabalhoso, então várias produtoras adoptaram (muito inteligentemente) uma estratégia de marketing que consiste no seguinte: "não, isto não está mais feio... está mais cinemático". A conversa dos fotogramas surgiu quando alguns estúdios notaram que não era assim tão fácil pôr um jogo a correr a 60 fps numa PS4 ou Xbox One, e decidiu então justificar que "é para o jogo ficar mais realista". Tal como um menino que passa a boca por água e diz à mamã que já lavou os dentes.
COD: Advanced Warfare a correr na PS4. (clicar na imagem para expandir) |
E depois vimos nós, consumidores, defender estes produtores: "O olho humano não consegue ver a mais de 30 fps, para quê mais?".Ou outra das minhas favoritas: "900p?1080p? A diferença é tão pouca, quem se interessa por esses números?"
Não me vou dar ao trabalho de explicar porque estas afirmações estão erradas não só porque ocuparia imenso texto, mas também porque nem sequer é o propósito deste artigo.
Outra afirmação cómica é "paridade gráfica" que tem o objectivo de "evitar discussões" entre os jogadores de cada sistema. Se acham que a o bloqueio das especificações gráficas ao mínimo denominador comum das consolas em que o jogo é lançado só acontece com Assassin's Creed Unity, estão bem enganados.
Assassin's Creed Unity a correr na PS4. (clicar na imagem para expandir) |
O mais grave ainda que tem acontecido ultimamente são os downgrades gráficos. Produtoras que mostram um jogo a correr super-polido e fluído, com visuais incríveis em eventos, trailers, screenshots, etc. Depois, a semanas ou dias do lançamento, magicamente começam a surgir as imagens e os gameplays feios que nada têm a ver com aquilo que foi prometido.
Esta geração começou assim, com jogos que muito pouco impressionam em termos visuais e que minimamente justificam o investimento no salto de hardware, enchendo o mercado de um alternado entre remasterizações da geração anterior e desculpas para a preguiça/investimento de inovar os motores gráficos.
E nós continuamos deste lado a aplaudir entusiasmados, atirando o nosso dinheiro para o ecrã.
Titanfall a correr na Xbox One. (clicar na imagem para expandir) |
Depois desta conversa toda, gostaria de finalizar esclarecendo o propósito desta crónica. Obviamente que os gráficos não são, nem de perto, o aspecto mais importante num jogo, mas o objectivo foi tentar mostrar que a diferença de gerações (em termos gráficos) ainda não se fez sentir. E tentar prevenir o leitor para as estratégias de marketing que disfarçam alguns embaraços das produtoras.
Tenho a certeza que ainda há um longo caminho de evolução. Lembram-se dos jogos quando a PS3 e a Xbox 360 foi lançada? Resistance, Motorstorm, Gears of War, entre outros vários, e comparem-nos com os exclusivos lançados mais recentemente. A diferença é abismal, e tenho a certeza que o mesmo acontecerá na PS4 e Xbox One.
Apenas temos de dar tempo ao tempo e não dar liberdade às produtoras e editoras para manipular o mercado. As receitas que ganham são cada vez mais com o aumento das formas de monetizar conteúdo, como micro-transacções, DLC's no lançamento, bónus de pré-reservas, e é responsabilidade destas mesmo editoras serem transparentes para os seus consumidores e não tratá-los como apenas números.
Tenho a certeza que com o assentar da poeira teremos gradualmente uma geração bastante mais eloquente e despretensiosa. Gosto de ser optimista.
Categoria:
Crónicas
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