Metal Gear Solid V: Ground Zeroes - Análise



ANÁLISES


Versão testada: PlayStation 3




















Nota: Gil Correia é o nosso mais recente escritor e esta é a sua primeira análise para o Gamer Source. Apesar do título não ser recente, esta é uma forma de se apresentar aos leitores e se integrar na equipa. Esperemos que gostem.


1975. Somos Big Boss, o soldado mais respeitado por todo o planeta. Ao nosso redor, existe uma enorme base desconhecida com parâmetros de alta segurança, em que a noite e a chuva forte dificultam a nossa visão. Conseguimos entrar na base furtivamente, contudo perigos que podem ditar o nosso fim aproximam-se! Do lado esquerdo de Big Boss, dois guardas patrulham o perímetro relativamente juntos. Não existe muito tempo para pensar, sendo que a melhor opção é deitarmo-nos no chão. Começa o jogo da perícia, experiência e sorte. Acima do nosso ombro esquerdo existem arbustos, que combinados com a chuva forte e imparável formam fatores que são capazes de nos esconder. Rastejamos sem demoras para o local estratégico e logo de seguida retiramos a nossa “tranquilizadora” do coldre. Preparamos a mira… firme… à… espera do… momento certo… “Bang”! “Bang”! Os dois guardas caiem após dois tiros certeiros na cabeça. Uma estratégia bem executada com a experiência em shooters, mas mais concretamente foi a sorte que estava do nosso lado, esperando que assim continue para conseguirmos cumprir os objetivos com sucesso. 

Continuamos o percurso antes determinado com a ajuda do IDroid. Percorremos de forma descuidada o caminho protegido pelos guardas abatidos e acabamos por pagar por isso. Alguém na nossa retaguarda avista-nos e é então que surge o famoso modo em slow motion. Em frações de segundos, temos a oportunidade de acabar com os nossos inimigos antes que estes deem o alerta, mas tal não acontece desta vez. A distância é tão grande que as nossas balas não demonstram qualquer tipo de perigo.

O alerta é dado! Ground Zeroes em modo alerta é como se o inferno tivesse descido à Terra e não descansa-se até sermos um mero corpo sem vida. Agora é hora de apontar a metralhadora letal que trazemos às nossas costas. Corremos à procura de uma proteção e felizmente a nossa procura não é em vão. Resta-nos fugir, mas tal não é possível. A inteligência artificial é tão boa que nos cercam em apenas alguns segundos. Conseguimos abater alguns soldados que se colocam na linha de fogo, no entanto é uma questão de tempo até deixarmos de respirar. “Click”! “Click”! O nosso pior pesadelo torna-se bem real. Estamos sem balas! Olho para Big Boss e não deixo de ficar desiludido por uma jogada mal pensada. Snake cai no chão e o ecrã de Game Over torna-se visível aos meus olhos… mas não desisto! Clico no botão continuar e… o resto… fará parte da vossa experiência em Ground Zeroes.

Veredicto

Metal Gear Solid V: Ground Zeroes é considerado, pela própria Konami, como um prólogo a Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Para além disto, convém ter em conta que é a continuação direta a Metal Gear Solid: Peace Walker, lançado em 2010 para a PSP. Com medo que os fãs encontrem dificuldades com as novas mecânicas implementadas para o futuro, Kojima disponibilizou ao público uma demonstração mais controlada do produto final a ser lançado. A ideia é bastante apreciável, no entanto a forma como foi disponibilizada não tanto. Ground Zeroes encontra-se no mercado de forma física e digital por cerca de 30€ e 20€ respetivamente. Preços estes que são demasiado elevados para uma “demo” que apresenta diminutos graus de longevidade. Posso afirmar que passei a missão principal em cerca de 45 minutos. Com uma duração tão curta é difícil estabelecer qualquer tipo de ligação com as personagens apresentadas, ainda mais para quem não teve a oportunidade de jogar Peace Walker.


A história é simples: Big Boss infiltra-se numa base inimiga que retém aprisionados duas conhecidas personagens, sendo elas Chico e Paz. Pode parecer estranho, ainda mais tratando-se de um Metal Gear (jogos com componentes fortes na narrativa), no entanto é a pura verdade. Não se preocupem, Ground Zeroes tem mesmo assim certos pormenores geniais na construção da narrativa que podem ser encontrados pelo cenário. Não quero dar grandes spoilers, mas podemos encontrar uma cassete que ao ser reproduzida no IDroid demonstra acontecimentos trágicos no aprisionamento de Paz. Kojima não estava a brincar quando afirmou querer abordar temas mais adultos e trágicos da vida humana em Metal Gear Solid V. Até aqui tudo bem, mas é a longevidade que assenta o “calcanhar de Aquiles” deste título. 


Para além da missão principal, existe mais para fazer. São adicionadas mais missões secundárias que infelizmente não fogem muito do normal. Resgatar prisioneiros e procurar informações são alguns exemplos. Não esperem twists na história ou algo significativo para a conclusão destas missões, pois não existe. Em Peace Walker, as missões secundárias eram mais interessantes e faziam todo o sentido, já que era possível jogá-las com amigos. 

Nem tudo são más notícias, muito pelo contrário. Ground Zeroes está carregado de “armas fortes” num mercado cada vez mais competitivo. Kojima evoluiu de forma maravilhosa a jogabilidade da sua saga mais preciosa. Aqui o seu “protégé” encara uma abordagem de mundo aberto, moldando de forma diferente a interação com o mundo em seu redor. A experiência já não é tão linear como antes, trazendo mais dificuldades em atingir os objetivos. Os meus parabéns vão para a Kojima Productions que conseguiram criar algo moderno e inovador. A inteligência artificial é tão boa que nos obriga a jogar de forma cuidada. No entanto, se preferirem uma abordagem mais ativa e cheia de adrenalina podem tê-la. A escolha é vossa, contudo cada uma traz consequências que devemos ter em conta. O famoso CQC (Close Quarters Combat) está mais dramático e melhor apresentado. Existem momentos em que me sinto como um verdadeiro Jason Bourne, o que devo dizer passa por ser uma experiência memorável.


Com a jogabilidade, vem um grafismo de topo, provavelmente o melhor da geração passada (PS3 e Xbox 360). Como é possível a PS3 correr todo este grafismo atingido pelo Fox Engine? Não sei, mas consegue-o fazer de forma fluída e natural. Em toda a minha experiência com o jogo não encontrei qualquer tipo de bug ou crash e nunca tive baixas de fps, portanto neste departamento a Kojima Productions não brinca. A melhor versão é da PS4, com ligeiras diferenças em sombras, efeitos de luz e algumas texturas melhoradas, sendo algo já à muito esperado e compreendido. Por fim, resta apenas afirmar que a nova versão para o PC mantém-se a par com as de atual geração, tendo levado críticas aclamadas pela excelente qualidade existente no port lançado na Steam.

Para mim, um dos mais importantes elementos de um trabalho artístico visual é a música que o acompanha. A banda sonora é tão ou mais importante do que as imagens mostradas ao espetador. Mais uma vez, Harry-Gregson Williams volta a demonstrar o seu talento ao criar a banda sonora para Ground Zeroes e Phantom Pain. Quem acompanha a série conhece de facto este artista, tendo iniciado a sua longa estadia em Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty para a PS2. Neste campo, quase tudo é perfeito. A música tecno e pesada do alerta e as músicas dramáticas de abertura como o “Here’s to You” de Joan Baez fazem deste jogo uma mistura fantástica daquilo que é um excelente trabalho sonoro.




O grafismo em Ground Zeroes é o seu momento de glória. São muito poucos os jogos que conseguem igualar a qualidade aqui demostrada. As texturas estão melhores na nova geração, mas na PS3 só mesmo Uncharted2/3 e Last of Us fazem frente a Metal Gear.



A evolução é aqui destacada. Metal Gear já acompanhou cerca de 5 gerações de consolas, quebrando sempre barreiras quer pareciam até aí impossíveis. A equipa que Kojima comanda é possuidora de tamanha qualidade que merecem louvação por todos os projetos gráficos criados.



O trabalho de Harry-Gregson Williams é fenomenal. Não diria o melhor da série, mas no final a importância encontra-se em cada momento individualmente. Phantom Pain estará em boas mãos neste campo.



Sem sombra de dúvidas o elemento mais fraco deste jogo. Para além da longevidade, os preços praticados no mercado deixam muitas críticas a serem levantadas. Falha completamente neste campo.


Metal Gear Solid V: Ground Zeroes pode ser aconselhado a dois grupos de pessoas: aqueles que anseiam imenso por Phantom Pain e querem experienciar algo imediato para acalmar a espera; e o grupo de pessoas que está indeciso sobre as mudanças drásticas na série. Para ambos, Ground Zeroes acaba por ser positivo. Se algo é certo é que Metal Gear Solid V: Phantom Pain vai ser um dos melhores jogos do ano, lutando muito provavelmente frente a frente Uncharted 4 (PS4). Esta afirmação pode ser algo atrevida, mas um coisa posso sempre dizer: “Kojima nunca me enganou”.



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