Já alguma vez viram o filme “Drive”, de Nicolas Winding Refn? A história acompanha a dupla vida de um motorista, interpretado por Ryan Gosling, que se vê envolvido num perigoso esquema de corrupção. Por incrível que pareça, o mais interessante desta película não é a história em si, mas a personagem principal que se apresenta como um modelo completamente diferente do que estamos habituados a observar. Desta vez, os espectadores temem mais a personagem que acompanham do que qualquer vilão apresentado, pois os métodos que esta utiliza são anormais para um suposto “herói”.

Falei inicialmente de “Drive” não só porque sou um enorme fã das técnicas cinematográficas nele apresentado, mas também por ter servido de inspiração criativa para o jogo que vos recomendo: Hotline Miami. O movimento Indie, dentro da indústria dos videojogos, já tinha antes começado com jogos como Fez, Super Meat Boy, Limbo e Braid, no entanto foi Hotline Miami quem conseguiu colocar os meios de comunicação completamente eufóricos. 

Vivemos numa era onde abordagens de violência e conversa de temas sexuais já não são o tabu de outrora certamente, porém maior parte dos primeiros jogos Indies pareciam ter vindo dentro da mente inocente de Walt Disney. Cores vivas, animações alegres e cheias de vivacidade, mundos misteriosos mas inocentes, etc… e é então que nos chega um título que desafia todas imposições, glorificando a violência exercida nos nossos alvos e incentivando a sermos os melhores assassinos possíveis. 

Cada nível é um puzzle, em que é sempre (SEMPRE!) necessário estarmos um passo à frente dos nossos adversários. Uma decisão mal calculada pode ditar o nosso fim em breves segundos, pois basta serem acertados com um tiro para que a nossa personagem caia no chão com as entranhas de fora ou com metade do rosto desfeito. Sinceramente, estes acontecimentos serão constantes devido à desafiante, embora equilibrada, dificuldade do jogo, mas são as nossas ações que realmente mostram o lado demente de Hotline Miami.

Nós jogadores, somos os maiores pecadores e os maiores hipócritas, procurando sempre acabar com a vida de quem se mete no nosso caminho das piores formas possíveis e o pior de tudo é que vão desfrutar de cada momento, como qualquer psicopata o faria na nossa pele. Felizmente, tudo isto trata-se apenas de um mero jogo onde a realidade não é simplesmente afetada. Custa acreditar que Hotline Miami nos coloca em situações puramente distorcidas, sem ser necessário um orçamento de milhões para tal! 

Isto é a prova de que os Indies são merecedores de todo e qualquer respeito por todos os amantes de videojogos que se prezem! Nunca foi fácil criar uma experiência interativa que abordasse temas como a instabilidade psíquica, natureza selvagem do homem e o prazer em exercer sofrimento nos outros, no entanto Hotline Miami consegue-o da forma mais célebre possível: criando um dos melhores videojogos independentes. Podem jogá-lo em praticamente todas as plataformas possíveis, mas pessoalmente penso ser na PS Vita onde este título brilha verdadeiramente. Seja como for, façam um favor a vós próprios e joguem este fruto de genialidade criativa.

• Plataformas: PC, PS4, PS Vita, PS3 
• Lançamento: 23 de Outubro de 2012
• Género: Acção/Shooter
• Demo: Não
• Preço: 8,49€
• Duração: 5 horas
• Número de jogadores: Single-Player