Killer is Dead: Nightmare Edition - Análise



ANÁLISES


Versão testada: PC



















O mercado de videojogos está cada vez mais formatado! Percebe-se as dificuldades provenientes deste tenebroso momento de crise, mas não deixa de ser infeliz a grandiosa ausência de títulos mais criativos e originais. Existem algumas lufadas de ar fresco, mais precisamente jogos como Child of Light e Valiant Hearts, contudo sinto claramente um enorme vazio no que toca à liberdade de criação artística. Suda 51 (Goichi Suda) é talvez um dos poucos criadores que ainda primam pela diferença e estranheza, apresentando produções que provocam em mim um grande entusiasmo. O criador de jogos como Killer7, Shadow of the Damned e No More Heroes, apresenta agora ao mundo Killer is Dead, um jogo hack 'n' slash que prima pela sua abordagem visual, conseguindo por fim o seu lançamento no PC.

Veredicto

Killer is Dead é o mais claro exemplo de uma obra que se apresenta como "estilo sobre a substância". Normalmente, esta afirmação deveria apresentar-se como negativa e degradante, porém a sua execução acaba por salvar possíveis suspeitas. A narrativa leva-nos a controlar Mondo, um assassino profissional que trabalha para uma agência governamental especializada em acabar com ameaças fora do quotidiano. Existe mais profundidade no argumento? Claramente que sim e por isso o mais correto será deixar essa profunda exploração ao vosso cargo, pois o contrário estragaria qualquer surpresa.


“A construção e o ritmo da história são demasiado estranhos para agradar a todos, muitas vezes apostando numa ideologia abstrata ou contrário de concreto/objetivo.”


Confesso que, desde o primeiro momento em que iniciei a minha aventura em Killer is Dead, o argumento foi a menor das minhas preocupações, todavia - perante o desenrolar da história - este acabou por me surpreender pela positiva. A construção e o ritmo da história são demasiado estranhos para agradar a todos, muitas vezes apostando numa ideologia abstrata ou contrário de concreto/objetivo. No fundo, Killer is Dead é um jogo provindo de uma mente japonesa, que por sua vez apresenta-se como sendo super-criativa. Pessoalmente, este tipo de abordagens são para mim fantásticas e refrescantes, apostando mais na originalidade do que no conforto criativo.


Contudo, o grafismo de Killer is Dead afirma-se como a verdadeira estrela do espetáculo. Suda 51 é conhecido por criar estilos gráficos algo diferentes dos restantes existentes no mercado, e neste título esse mesmo fator volta a acontecer. O estilo Cell-Shading consegue criar uma certa aproximação do grafismo 3D aos desenhados criados pelos artistas de anime (animação japonesa), servindo que nem uma luva neste jogo. Existem alguns erros quando percorremos certas secções, falhas nas animações - principalmente durante as cutscenes - e nos embates com os inimigos, mas os fantásticos efeitos de luz e as cores vibrantes - que fazem lembrar uma série de anime - elevam a componente gráfica de Killer is Dead. Eu diria que este se apresenta como o jogo mais bonito de Suda51, ultrapassando assim o fantástico grafismo aplicado na obra-prima que é Killer7.


“Em Killer is Dead, o sistema de combate aposta na simplicidade!”


A jogabilidade é divertida, viciante e algo profunda. É verdade que jogos como Devil May Cry, God of War ou Ninja Gaiden envergonham este título na sua base intuitiva de profundidade, já que estes permitem - dependendo dos casos - combos praticamente infinitas e diversas escolhas na abordagem no combate. Em Killer is Dead, o sistema de combate aposta na simplicidade! Temos acesso a uma arma principal - katana samurai - e a uma arma secundária - braço biónico que serve de "metralhadora"- no nosso inventário. Para além disto, é possível adquirir certos itens que servem de auxílio perante as missões, aumentando a nossa força, barra de vida ou até o nível de sangue, que serve para ataques especiais e para o uso do braço biónico.


Com o desenrolar do jogo, poderão ganhar dinheiro que servirá para evoluir as vossas armas e desbloquear novos golpes e combinações. Se visualizarmos este jogo com uma mente aberta, verificamos que acaba por existir uma estrutura organizada dentro da jogabilidade. Não é perfeita, existindo muitas vezes erros de perspetiva da câmara - totalmente 3D - controlável pelo jogador, mas a sua aposta simplicista acaba por ser uma mais-valia que não complica o que deve permanecer simples e intuitivo.


“Os tempos são outros e as diferenças estruturais são evidentes, mas duvido que Suda volte a criar um jogo que se gabe de ter uma banda sonora tão boa como Killer7.”


A componente sonora é capaz e positiva, contudo não posso dizer que é maravilhosa. Acaba por ser bastante diferente de certos títulos, apostando em melodias dentro do jazz e pop. Os tempos são outros e as diferenças estruturais são evidentes, mas duvido que Suda volte a criar um jogo que se gabe de ter uma banda sonora tão boa como Killer7. Deixando de parte qualquer tipo de comparações, Killer is Dead acaba por ter uma banda sonora de boa qualidade, que se afirma como uma criação segura. 


O maior problema deste jogo é mesmo o seu orçamento! Antigamente, Suda 51 era um produtor pertencente à Capcom - e depois com ligações à Ubisoft - o que possibilitava produções de maior importância. Nos dias de hoje, o orçamento existente é bem menor o que impossibilita uma produção de luxo. É compreensível certos erros, desde que o jogo não se torne insuportável a nível técnico. Para além disto, se compensar noutros aspetos com os seus trunfos, os erros passarão a ser de menor importância e é algo que Killer is Dead faz de forma positiva. Pode não ser o melhor jogo criado tecnicamente, no entanto apresenta uma longevidade positiva para o preço pedido na Steam. Podem contar com cerca de 8 horas de duração na campanha principal, aumentando depois com a disponibilização de missões secundárias.


“… a jogabilidade divertida e o grafismo vibrante fazem de Killer is Dead um jogo muito bom e merecedor de respeito por parte dos jogadores.”


Mais estranho ainda, são certas missões em que a nossa personagem se torna um gigolo profissional e temos de agradar a certas babes. Este é mais um dos exemplos da típica cultura erótica nipónica, o que acaba por trazer uma certa piada ao jogo. Existe ainda uma componente multiplayer, contudo não passa de leaderboards que apresentam as pontuações obtidas pelos jogadores de todo o mundo nas respetivas missões e objetivos do jogo. Se tivermos em conta todos os pormenores acima referidos dentro dos conteúdos presentes no jogo e o preço simpático de 20€, acabamos por obter uma aposta sólida para os jogadores de PC. É verdade que a otimização para o PC não é perfeita, com algumas quebras de FPS frequentes, fixação nos 30 FPS, poucas opções gráficas e nenhuma opção para melhorar a sensibilidade do rato, mas a jogabilidade divertida e o grafismo vibrante fazem de Killer is Dead um jogo muito bom e merecedor de respeito por parte dos jogadores. 




O estilo Cell-Shading é maravilhoso, elevando-se ainda mais devido à fantástica utilização da palete de cores e sistema de luz. A melhor componente do jogo, apesar de se apresentar como estranha muitas vezes.



A jogabilidade é bastante divertida e até acaba por apresentar elementos de profundidade. Não tem argumentos para ser comparada aos titãs do género mas, nos dias de hoje, jogos hack 'n' slash são raros e, nesse caso, Killer is Dead será sempre bem-vindo.



Não apresenta nada de especial à indústria ou ao título em questão, no entanto é uma aposta sólida dentro do género.



Com todos os extras, Killer is Dead apresenta uma longevidade muito positiva. Poderia ter mais missões principais, mas o seu baixo orçamento cria barreiras criativas e de estruturação.



Killer is Dead é jogo com imensa qualidade! Provavelmente, poderia ser ainda melhor e mais completo, contudo as limitações cada vez mais presentes na indústria não o permitem. Tinha saudades de jogos diferentes, que chamam mais a atenção pela sua desnaturalidade do que pelo seu conformismo.




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