Ah, a E3! A semana do ano que é
reservada para nós, jogadores! A altura em que toda a sociedade olha para nós e
para a indústria. O período do ano em que sabemos o que estaremos a jogar no
resto do ano. Nos 17 anos de história da Electronic Entertainment Expo, já
passámos três gerações, vimos gigantes como a Sega a morrer e gigantes como a
Microsoft a nascer. Milhares de jogos foram demonstrados para que milhares de
jogadores os contemplassem, primeiro em revistas especializadas, depois na Internet,
onde é possível passar dias a ver a cobertura da feira mais importante de jogos
do mundo, assim como ler crónicas muito bem redigidas por indivíduos de
qualidades literárias excecionais, e outros de qualidades literárias dúbias.
A primeira E3 abriu em Maio
de 1995, que coincidiu com o início da quinta geração de consolas, com o
lançamento da Sega Saturn e o anúncio de futuros sistemas como a Playstation,
Virtual Boy e a Neo-Geo CD, assim como as especificações da então Nintendo
Ultra 64, que se viria a tornar na Nintendo 64. Mas a grande revolução
aconteceu nesta mesma geração de consolas, em que o mercado mudou consideravelmente
com o nascimento do Android e iOS e os seus jogos casuais, assim como a cena
indie, que cada vez mais representa uma boa fatia da indústria, e o setor mais
vanguardista de todos. Será a feira ainda um espelho da indústria?
Contam-se pelos dedos os jogos
casuais apresentados na feira. Gostemos ou não, gigantes como a Zynga movimentam
milhões e são, a par da Activision e a Electronic Arts os maiores publicadores
de jogos do mundo. No entanto, não há qualquer comparência de jogos web based. Os
poucos jogos casuais que são mostrados são das já habituais distribuidoras que
conhecemos há décadas. E no que toca aos jogos indie, a exposição também é
muito pouca, se é que é existente. Comparecer numa E3 ainda é caro, mais do
que, por exemplo, numa PAX. E por isto, os desenvolvedores indie optam pela não
comparência.
Assim como outros grandes
desenvolvedores que ao longo dos anos escolheram não mostrarem os seus jogos na
feira internacional de videojogos, a Valve, por exemplo, há dois anos que não
comparece na E3. A Blizzard é outro exemplo, tendo criado a sua própria feira,
a Blizzcon, onde pode estar perto dos seus fãs. Isto porque, ao contrário de
outras feiras como a Tokyo Games Show (TGS) que tem dias designados para o público,
a E3 continua a ser apenas acessível por convite. Isto faz com que esta não
seja propriamente uma feira para o consumidor, mas sim para quem trabalha
dentro da indústria. Adicionando isto aos velhos mau hábitos como as infames
booth babes que teimam em não desaparecer e a fraca representação do PC como
plataforma, faz com que a E3 seja um espetáculo, nada representativo do que é
afinal a comunidade gamer mundial.
Apesar de tudo, não deixa de ser
uma altura do ano excitante, na qual começo a formar a minha ideia sobre jogos
AAA vindouros. E então, quais foram os jogos que espicaçaram o meu interesse?
Comecemos por um jogo que antes não me dizia nada, Far Cry 3. O gameplay de
2011, apesar de explosivo, pouco tinha de diferente do que é comum nos FPS. O
protagonista era um suposto tipo comum, mas que na verdade parecia ter já tido
treino nos GOE. No entanto, o novo gameplay mostrado na conferência da Ubisoft
abriu-me o apetite. Se o resultado final for o que a Ubisoft prometeu, teremos
jogo onde passaremos de um ser fraco a um ser carniceiro, tudo por culpa de
circunstâncias adversas e extraordinárias, enquanto a parte psicológica fica
também afetada. Só tenho dúvidas quanto à primeira parte, “ser fraco”. O que
vimos o ano passado leva-nos a pensar que isto não acontecerá. Quanto ao que
vimos na conferência da Sony, co-op é sempre bem vinda.
Continuando na Ubisoft, falemos
do jogo que mais esperava ver este ano, Assassin’s Creed III. Apesar de ter
gostado do que vi, fiquei um tanto ou quanto desapontado. Nota-se que é um jogo
diferente da linha de Assassin’s Creed II, mas mesmo assim, não me parece que
seja a revolução que a série tanto precisa. É verdade que novas adições como
vida selvagem e podermos agora subir a árvores são um bom passo, mas o gameplay
parece-me inevitavelmente igual, assim como o combate, que parece continuar
facílimo. Entenda-se, eu gosto de me sentir um assassino durão, mas ao fim de 2
horas de carregar no L1 e no quadrado repetidamente, a magia começa a
desvanecer. De qualquer maneira, continuo excitadíssimo pelo novo jogo da Ubisoft
Montréal, nem que seja pela história, que deve ser muito interessante.
Outro jogo que estava desejoso de
ver nesta E3 é o novo jogo de Suda 51, Lollipop Chainsaw. Este é um jogo de
zombies em que personificamos uma cheerleader americana. É também uma história
de amor entre uma cabeça decapitada e esta cheerleader. Podemos assassinar
zombies dançando num varão de strippers. Se esta descrição não leva qualquer um
a querer comprar este jogo, o que levará? O gameplay parece ser o comum dos
hack ‘n slash, não fossem os ataques especiais tão diferentes. É um jogo que esteticamente
ganha muitos pontos, os zombies ao morrerem “vomitam” corações e o estilo do
jogo em geral está único. Sai na Europa dia 15, sexta-feira.
Um jogo que também estava
interessado para ver foi o recentemente anunciado Dishonored. O gameplay também
estava interessantíssimo, mais um jogo que a nível estético está interessante.
Foi mostrado como poderíamos assassinar um alvo de várias maneiras, de maneira
mais ou menos furtiva. Gostei também de algumas magias, podemos “sumonar” ratos
para atacar os nossos inimigos, e podemos também entrar dentro do corpo de
animais (no vídeo mostrou um peixe) para podermos entrar em sítios outrora
inacessíveis. O modo como a personagem se deslocava no ambiente parecia também
muito orgânica.
E, deixando para último o melhor.
The Last of Us. Este pode ser um salto enorme no que toca a narrativa e mesmo
gameplay. A inteligência artificial demonstrou-se simplesmente soberba, quer a
inimiga (quando o adversário reparou que não tínhamos balas), como a da nossa
companheira (quando esta atirou o tijolo para nos ajudar). Parece também diferente
aos jogos de pós-apocalípticos normais, porque poucos são os recursos que
temos. Espero sinceramente que não seja um jogo tão linear como os da série
Uncharted, que seja um pouco mais jogo do que o que a Naughty Dog nos habituou
nesta geração. E os visuais, têm potencial para serem os melhores já vistos
numa consola. Mesmo a nível estético, o jogo está a tornar-se bastante
interessante, com tanta vegetação a invadir a cidade. Depois de Bioshock:
Infinite ter sido adiado para o próximo ano, este é o jogo que mais espero para
2012.
E foi assim a E3 2012 para mim.
Fiquei triste, mas não chocado, por ver tantas sequelas de jogos, mas a
indústria é isto. Também fiquei desgostoso por algumas ausências, a mais
sonante a de The Last Guardian, mas já se estava à espera. Em suma, foi uma E3
algo fraquinha, esperemos que para o ano seja melhor, com mais jogos novos. Vemo-nos
em 2013!
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