[Análise] Wii U



ANÁLISES



Seis anos após o lançamento da Wii original, que trouxe um novo conceito de jogabilidade à indústria, a Nintendo volta a inovar no modo como jogamos com a Wii U, a sua consola de nova geração lançada a 30 de Novembro deste ano.

As promessas são simples: gráficos de nova geração aliados à simplicidade e divertimento que já estamos habituados com produtos da Nintendo. A grande novidade é mesmo o GamePad, que irá oferecer sem dúvida várias oportunidades para as produtoras criarem um conteúdo mais interactivo com o jogador, mas já entraremos em detalhes mais à frente nesta análise.

Antes de começarmos gostaria só de avisar o leitor que este trata-se de um artigo de opinião e não de uma análise técnica. Nós não iremos entrar em detalhes com os componentes da Wii U (processador, placa gráfica, etc.) e avaliá-los quantitativamente. Em vez disso, iremos sim dar as nossas impressões sobre a consola numa perspectiva global e concluir qual o público-alvo a que este produto se destina, tornando assim a leitura mais agradável e sucinta. Também não iremos analisar jogos neste artigo, mas sim apenas o software de raiz da Wii U. Podem contar com análise a jogos para a consola em breve.

Então vamos lá.

Navegar pela interface da Wii U é simples e divertido
A Nintendo teve a cortesia de incluir em todos os seus pacotes um cabo HDMI, por isso não se preocupem em arranjar um para poder ligar à vossa televisão HD. Dentro do nosso Basic Pack, que nos foi gentilmente oferecido pela Nintendo Portugal, vinha ainda a consola (claro), o controlo GamePad e os adaptadores de alimentação para estes dois, para além dos manuais de instrução e guias rápidos (bem práticos, por sinal). Podem embaixo ver o vídeo do nosso unboxing da consola. Para além deste pacote, há ainda mais dois packs à venda que trazem alguns extras.


A configuração inicial do sistema é bem simples e divertida, bem ao que a Nintendo nos habituou. Podem seguir o guia de iniciação rápida, como eu o fiz, mas a interface é tão simples que não deverão ter dificuldades, excepto se têm pouco contacto com o mundo dos vídeojogos.

Após a configuração inicial que nos pedirá para definirmos a hora, data, fuso horário, idioma, entre outras coisas, foi-nos logo apresentada uma actualização que tivemos de transferir para podermos acessar as funcionalidades online da consola. E aviso já, o update é grande. Demorou-me há volta de 2 horas para o transferir toda e atenção, não desliguem a consola durante a actualização! A própria Nintendo alerta para este facto, é normal a actualização demorar bastante tempo mas se a desligarem durante o processo correm o risco de causar danos irreversíveis à vossa nova consola. 

O processo de criação do Mii é um dos atractivos que a Nintendo oferece
Devo notar que há uma aplicação excelente do GamePad: podem usá-lo como comando de TV ou da vossa box. No meu caso, configurei o meu e agora posso mudar o canal da TV e aumentar o volume sem sair do jogo. Também fui capaz de sincronizá-lo com a minha box da MEO, e posso ligá-la e desligá-la quando quero, mudar de canal, aceder ao menu, etc. Podem também fazer isto sem ligar a consola, simplesmente clicam num botãozinho do GamePad.

Após estes passos todos iniciais, finalmente chegam ao processo de criação do vosso Mii. As opções de personalização são bem idênticas às da antiga Wii: há novos penteados, formatos de olhos e tudo isso, mas muitos deles são importados da consola antecessora. Mas isto não significa que esteja aborrecido, pelo contrário; todo o processo de personalização é intuitivo e engraçado. Claro que os jogadores mais hardcore poderão não achar muita piada, mas há várias formas de deixar o vosso Mii mais "diferente". Também podem tirar uma foto e a consola irá tentar criar um Mii idêntico, mas esqueçam. Todas as fotos que tirei pareciam-se tudo menos comigo, não recomendo. Ponto positivo para o facto de ter detectado os meus óculos na foto e incluí-los directamente.

Podem também criar uma Network ID, se ainda não dispõem duma, para poderem jogar online, adicionar amigos, etc. E, por fim, chegamos ao menu principal da consola.

O menu inicial da Wii U
O menu principal tem duas variantes: uma que é o da imagem em cima, em que podemos navegar pelas diferentes aplicações disponíveis, e outro da imagem embaixo onde temos uma espécie de praça de Miis em que podemos ver o que os nossos amigos andam a comentar e a jogar.

Os menus são intuitivos e simples, mas a inicialização e encerramento das aplicações é demoradíssima. Para abrir uma simples aplicação como a do YouTube, que tem cerca de 70MB, é preciso esperar quase trinta segundos. E para voltar ao menu inicial da consola, outro tanto. Esperemos que a Nintendo corrija isto brevemente, com uma actualização, porque senão alguns jogadores poderão ficar frustrados.

A praça dos Miis, com os comentários de outros utilizadores e dicas do sistema
Temos logo à nossa disposição diversos aplicativos pré-instalados. Começando pelo Miiverse, trata-se resumidamente duma rede social da Wii U, onde podemos aderir a comunidades de jogos (como New Super Mario Bros. U, ZombiU, etc.), comentar, enviar mensagens, etc. O que comentarmos nesta aplicação irá aparecer na nossa "praça" de Miis para os restantes jogadores. 

O serviço TVii, que nos permitirá ver vídeos, programas e séries na nossa consola, ainda não está disponível, mas a Nintendo prometeu mais novidades para breve.

O Miiverse é uma espécie de rede social para os utilizadores da Wii U
A Wii U também traz um navegador de Internet, surpreendentemente bom por sinal. Podemos aceder a ele enquanto jogamos, para pesquisar um guia para passar uma parte difícil por exemplo. Podem ver embaixo o nosso site no navegador da consola; todos os javascripts funcionam bem (o slide menu, as Últimas Notícias, etc.). Também está engraçada uma novidade que a Nintendo introduziu em que a qualquer momento podemos literalmente fechar as persianas do navegador na televisão, para que as pessoas à nossa volta não vejam em que site estamos a entrar no GamePad, e quando quisermos voltamos a abrir  para provocar aquele momento surpresa sem esperar a página carregar.

Podemos também ver vídeos no site do YouTube através do navegador, mas a Nintendo oferece uma aplicação dedicada que nos permite ver os vídeos através de vários menus e categorias, incluindo pesquisar palavras-chave, etc.

O Gamer Source fica bonito no GamePad, não acham?
A Nintendo também trouxe uma nova loja virtual, a eShop, onde podemos comprar jogos, descarregar demos, adicionar fundos (com dinheiro real felizmente, nada de pontos) e tudo aquilo que se espera de uma aplicação deste género. A loja está bem intuitiva e simples, mas ainda não tem muitos jogos e aplicações disponíveis, o que é compreensível visto estarmos a testá-la praticamente em cima do seu dia de lançamento. Em breve a loja deverá estar bem mais recheada.

A eShop, a loja virtual para a Wii U
Para além destas aplicações, há também o Wii U Chat (um género de Skype), onde podemos ter conversações por vídeo com os nossos amigos, familiares, etc. Não testámos esta aplicação pelo simples facto de não termos ninguém adicionado...
Mas a qualidade da câmera do GamePad, apesar de não ser soberba, não desaponta.

Devo referir que todas estas aplicações são quase todas controladas olhando para o ecrã do GamePad, incluindo a configuração inicial que em cima falei. No ecrã da TV apenas irão estar algumas dicas de como utilizar o GamePad, termos de utilização, etc. Contudo, algumas  aplicações fazem (e bem) uso desta permutabilidade GamePad/TV: a aplicação YouTube mostra-nos o vídeo no ecrã e a descrição dos mesmos no GamePad; no processo de criação de personagem a TV mostra-nos em tamanho grande como o nosso boneco está a ficar; podemos alternar qual dos menus é mostrado no comando e qual é mostrado na TV (ora o menu normal, ora a praça), etc.

O GamePad em si, é bastante confortável e ergonómico. Não se preocupem, não terão problemas de adaptação. O que poderá fazer um pouco de confusão inicial é a localização dos botões e dos analógicos, mas trata-se meramente de uma questão de habituação. A bateria do GamePad parece ser fraca, mas também é possível usar os comandos da Wii antigos para quem preferir, que duram mais. A qualquer momento podemos pressionar o botão Home para entrarmos noutras aplicações sem sair do jogo (como no navegador de Internet) ou no botão TV para a controlarmos como acima descrevi. O GamePad tem também entrada para os vossos headphones, para quando não quiserem incomodar outras pessoas à vossa volta. Como a Nintendo tanto mencionou, é possível a qualquer momento continuarmos a nossa sessão de jogo apenas no ecrã do GamePad e mudar o sinal de TV para a novela que os vossos pais querem ver, por exemplo. E não se preocupem, a qualidade do ecrã é muito boa, comparável a uma PS Vita, por exemplo, só que maior. Em alguns jogos, dá até a sensação de que os gráficos estão melhores no GamePad do que na TV.
Já agora, o GamePad bem que podia vir com uma correia de segurança, à semelhança dos comandos da Wii. É certo que não iremos agitá-lo tão energicamente como os antecessores, mas é sempre um factor de risco se pensarmos que estamos a segurar um LCD de 6.3 polegadas na mão.

Sempre que iniciamos a consola, escolhemos um utilizador
Concluindo, eis a questão que quase todos se devem estar a perguntar agora: Vale a pena comprar a Wii U? Bom, para quem tinha uma Wii e gostava, irá adorar a Wii U e vale com certeza a pena. Contudo, para quem tinha uma PS3 ou Xbox 360, não sei até que ponto compensa estar a comprar uma nova consola nesta altura do campeonato, em que as concorrentes estão relativamente perto de apresentar os seus novos modelos. A grande crítica apresentada neste momento à Wii U é a de que a sua qualidade gráfico é idêntica às das consolas actuais (PS3 e X360), contudo gostaria de recordar o leitor de como eram os gráficos dos jogos quando estas consolas foram lançadas. Lembram-se de como eram os visuais de Resistance, Motorstorm ou outro qualquer lançado em 2007? Os gráficos eram hediondos quando comparados com os que agora vemos nos jogos mais recentes. Portanto, se neste momento estamos a assistir a gráficos parecidos com os da actual geração, tenho a certeza de que num futuro próximo a Wii U será possivelmente capaz de visuais bem bonitos.

De qualquer das formas, não é pelos gráficos que devem ponderar a compra desta consola, mas sim pelo factor diversão. Os jogos da Wii U são destinados ao género de público que compra um jogo para se divertir e passar um bom bocado, não para aqueles jogadores que se interessam sobretudo pela competição e querem levar as suas habilidades ao limite (como em jogos Call of Duty, por exemplo). É verdade que a Wii U vai finalmente possibilitar a vinda deste tipo de jogos, mas aqueles que irão marcar a diferença são os exclusivos a que já estamos habituados, como os jogos do Mario, Zelda, entre outros. Além disso, a consola está à venda por um preço bastante acessível (299€ pelo pacote mais básico), apesar de se tratar de uma "nova geração" da Nintendo. Quando as novas gerações das concorrentes forem lançadas, dificilmente conseguirão igualar o preço.

O que irá, sem dúvida, ditar o sucesso da Wii U a longo prazo é a capacidade das produtoras de criar um conteúdo que aproveita as capacidades que a consola oferece ao máximo, utilizando o GamePad e todas as suas funcionalidades de uma maneira que realmente proporciona uma nova forma de jogar. Esse é o ponto forte da Nintendo. Se as produtoras apenas se limitarem a criar portes mal adaptados de outras versões (como aconteceu com alguns títulos de lançamento), corremos o risco de que a Wii U se torne "apenas mais uma" consola desta geração.

Simplificando: 
Gostaram da Wii? A Wii U está fantástica. 
Não gostaram da Wii? Esperem mais uns tempos para tomar a vossa decisão definitiva.



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