Destiny - Análise



ANÁLISES


Versão testada: PlayStation 4






















Depois de meses de antecipação, o jogo mais caro das história dos videojogos, a nova franchise com mais pré-reservas e a beta mais jogada de sempre finalmente foi lançado. Não se esperava nada menos que uma obra-prima dos criadores de Halo, mas terá a Bungie cumprido todas as promessa feitas?

Veredicto

Ao longo desta última semana joguei Destiny como há muito tempo que não jogava um vídeojogo. Foram horas e horas seguidas de épicos momentos onde conheci novas pessoas, fiz amizades, ri-me imenso em chats de grupo, passámos bosses dificílimos em conjunto, explorámos os vários mundos à procura de equipamento e materiais, enfim... tem sido uma bela jornada.

Em primeiro lugar, gostaria de esclarecer uma coisa muito simples: Destiny não é um firt-person shooter. Destiny é um jogo de aventura com elementos de MMO e RPG que, por acaso, se desenrola na primeira pessoa (e nem sequer é constantemente). Da mesma forma que não vou comprar FIFA 15 à espera de poder encestar, não comprem Destiny à espera do típico shooter com uma campanha pré-escrita linearmente diversificada, montes de explosões e personagens semi-carismáticas.

Destiny não estava preparado para muitos dos jogadores de consola, e daí toda esta ambiguidade de opiniões e análises diferentes. Todos os MMORPG's que conheço envolvem horas e horas de quests bastante semelhantes e repetitivas, derrotando os mesmos bosses e inimigos em busca de melhor equipamento e armas. O mesmo acontece, inevitavelmente, em Destiny porém é um dos factores mais criticados. Se não gostaram de Destiny pelo facto de ser repetitivo, então muito provavelmente nem sequer gostam do género em que se enquadra.

As opções de customização não são muitas, mas servem 

Um dos factores que mais tenho a criticar, contudo, é a história. Com um orçamento gigante e um universo desta dimensão, tínhamos tudo para ter uma história no mínimo épica. Contudo, o enredo de Destiny é insípido, pouco motivador e entediante. Ao fim de algumas horas, estamos a passar as missões sem sequer sabermos o motivo porque estamos ali.

Não há personagens minimamente carismáticas, não há consequências notáveis das nossas acções no universo, não há uma interacção entre roteirista e jogador. A história parece ter sido feita para complementar, de certa forma, todas as missões e mundos que foram criados antes de haver qualquer enredo.

É pena, mas a verdade é que, sobretudo tendo em conta a experiência prévia com Halo, a Bungie tinha todos os motivos para saber muito bem que a história não é algo que se possa deixar de parte de maneira tão descuidada.

A história tinha potencial para ser muito mais interessante

Os gráficos de Destiny, na versão testada para a PS4, são dos mais bonitos que já me deparei nesta consola. As paisagens são de cortar a respiração - desde as planícies vastas e brancas da lua até ao ambiente exótico de Vénus, dei-me por várias vezes a perder-me nos horizontes belíssimos do jogo.

O jogo também se encontra muito polido, com texturas bem conseguidas e com pouquíssimos bugs. Acho que não encontrei nenhum bug de maior importância durante todas as horas que joguei ao longo da última semana.

O lag é praticamente inexistente, o que é fantástico para um jogo que está a ser jogado por tanta gente no lançamento como Destiny. Contudo, aconteceu-me por várias vezes cair do jogo e ter que voltar a entrar devido a problemas de ligação. Parecem ser mais frequentes à hora de mais tráfego, algo que deve ser gradualmente corrigido ao longo dos próximos meses.

Destiny tem paisagens lindíssimas

Há ainda pequenos pormenores que tornam a experiência mais imersa, como a lightbar  do DualShock 4 ficar vermelha quando estamos prestes a morrer ou extremamente iluminada quanto estamos numa caverna de forma a simular uma lanterna.

Contudo, todo este esplendor visual acarreta consequências menos benéficas: os loadings são bastante demorados, sobretudo a transitar entre planetas; a destrutividade do cenário é inexistente, nenhum tiro fica sequer marcado na parede; os 30 frames por segundo são aceitáveis, mas 60 fps tornaria o jogo perfeito a nível visual.

Devo ainda dar um valente puxão de orelhas à Bungie por não ter incluído legendas em Português no jogo. É inaceitável nos dias que correm, sobretudo com um orçamento tão gigante como o que a Activision proporcionou. Legendar um jogo é das coisas mais baratas da produção de um título, há até pessoas que o fazem de graça só para ter o nome nos créditos.

Se até foi feita uma dobragem em Português do Brasil, qual a dificuldade de incluir pelo menos legendas em Português de Portugal?

O ambiente exótico de Vénus contrasta bem com as planícies da Lua

Destiny pode ser divido em dois jogos em separado: o Destiny que é jogado com amigos e sem. Se estão a pensar jogar sozinhos as missões todas, preparem-se para um jogo repetitivo, insípido e com aparente falta de conteúdo.

Sim, é repetitivo. As missões em cada planeta decorrem todas praticamente no mesmo lugar, o que levantou grande polémica entre os jogadores. Além disso, chegando ao nível máximo de 20, teremos de repetir os mesmos bosses e fazer as mesmas missões em cooperativo para continuarmos a obter equipamento melhor.

Contudo, tal como referi antes, isso faz parte do género de jogo em que Destiny se insere. Se não estão dispostos a derrotar várias vezes os mesmos inimigos para tentar obter aquele gear que tanto almejam, então este não é o jogo recomendado para vocês. Em World of Warcraft os jogadores passam a vida a repetir as mesmas dungeons e raids para conseguir melhor loot, e a pagar todos os meses para poderem fazer isso. E no entanto é dos jogos com mais jogadores de toda a história.

As melhores armas requerem muita dedicação e uma pitada de sorte

Quando jogado com amigos, Destiny torna-se incrivelmente viciante. É daqueles jogos que não damos pelas horas a passarem e queremos sempre fazer mais um Strike, mais uma missão, derrotar mais um boss.

O problema é que é um jogo de difícil habituação. A Bungie fez um trabalho terrível em explicar ao jogador como funcionam todos os elementos de RPG, pelo que teremos de aprender praticamente tudo por nós próprios. Irá haver grande confusão ao início com as marks, reputação, como funciona o Crucible, etc. O tutorial inicial é tudo menos esclarecedor e os jogadores irão sentir-se perdidos ao início e desmotivados, mas não deixem de continuar a aventura.

Outro problema é a pequena quantidade de loot que os inimigos deixam. Missões Strike que duram meia-hora apenas nos dão uma quantidade ridícula de equipamento ou marks, que podem ser facilmente obtidos numa partida de cinco minutos no PvP. A aleatoriadade é demasiado grande: tem de haver a possibilidade de os inimigos deixarem cair loot, depois tem de haver a possibilidade de esse loot ser algo de jeito e depois ainda tem de haver a possibilidade do Criptógrafo descriptografar esses itens que apanhámos em algo bom.

Sim, porque mesmo que apanhem um item Legendário de algum inimigo, o Criptógrafo pode trollar e descriptografá-lo apenas num equipamento Raro ou Normal. Não faz sentido.

Os bosses podem levar mais de meia-hora para os derrotarmos

Outra das falhas é a falta de comunicação com outros jogadores que não estejam na nossa party. Tudo o que podemos fazer é dançar com eles, uma forma de comunicação pateticamente limitada para um jogo que pedia, pelo menos, um chat por texto. Nem sequer no modo PvP no Crucible podemos falar por voz com a nossa equipa.

A falta de quaisquer opções de controlo de volume também é repreensível, nos tempos que correm. É que dá jeito podermos ouvir os nossos colegas durante as trocas de tiros e grunhidos dos monstros.

Felizmente, a Bungie fez um belo trabalho com a trilha sonora. As músicas de Destiny são excelentes, com um tom de epicidade que acompanha exemplarmente as aventuras e paisagens com que nos deparamos (infelizmente, não com a história monótona).

O Crucible entretém e é uma alternativa saudável, mas não traz nada de novo

Outro ponto a elogiar é a excelente Inteligência Artificial dos inimigos. Estes sabem desviar-se para cover quando estão com a saúde baixam ou precisam de recarregar (ou até quando estão na mira da nossa sniper), flanqueiam-nos, protegem os companheiros em apuros, sabem quando estamos sem munições e até gozam connosco quando morremos!

Chegam a ser frustrantemente inteligentes, sobretudo quando se desviam de modo sobre-humano do nosso rocket. O tempo de reacção só pode ser de outro planeta, realmente.

O Sparrow é uma forma prática de percorrer o mundo

Tenho ainda outros aspectos a criticar, como o número reduzido de classes (apenas três) e a falta de diferenças visuais significativas entre elas. Ao início é até difícil saber distinguir cada uma.

Além disso, a ideia da Bungie de dificuldade é aumentar a pool de vida de um boss exageradamente e mandar vagas e vagas de inimigos para nos chatearem a vida. Sim, é um desafio bastante interessante e sem dúvida gratificante quando derrotado com amigos, mas seria bem-vinda alguma diversificação durante a batalha com um boss.

A meia-hora que perdemos a disparar contra a cabeça do gigante (ou o que seja o seu ponto-fraco) seria bastante mais interessante se este, por exemplo, tivesse várias fases como se ir transformando ao longo da batalha. Fica aqui uma ideia que a Bungie pode implementar nas futuras expansões.

O número de classes poderia ser maior, quatro seria perfeito

Destiny é um jogo sem sombra de dúvidas inovador e audaz pelo facto de ter trazido um género pouco explorado nas consolas. O facto de alguns jogadores terem interpretado mal a concepção por detrás desta produção, e terem esperado outra coisa do jogo, não deve desmotivar todos aqueles que procurem grandes aventuras e horas e horas de vício com amigos.

É sem dúvida um dos melhores títulos que já joguei este ano e que mais me agarrado ao ecrã me deixou. É difícil restringir o leque de pessoas a quem recomendar o jogo, pois mistura vários dos elementos de MMO, RPG e shooter, porém nunca se focando puramente num deles. 

Acho que posso apenas dizer que recomendo Destiny a todos aqueles que sempre valorizaram mais um jogo pelos momentos bem passados que proporciona do que propriamente pelas qualidades ou defeitos que apresenta.

Jogar com amigos é o cerne de Destiny


Paisagens lindíssimas recheadas de texturas polidas e trabalhadas. A falta de bugs ou outros erros gráficos é exemplar, sobretudo num mundo aberto recheado de caos e explosões a cada esquina. Contudo, como tudo tem um custo, os loadings são lentos e os 30 frames por segundo deixam-nos a imaginar o que seria Destiny a 60 fps (e tenho a certeza que é possível nesta geração).



É um jogo que mistura diversos elementos de vários géneros e, por isso, certamente não irá agradar a todos. Naquilo a que se compromete, contudo, Destiny é incrivelmente viciante e dos melhores jogos para jogar com amigos de sempre. O seu factor inevitavelmente repetitivo, herança mais que esperada dos MMO, pode chocar alguns jogadores que não estão habituados, mas sem dúvida não incomodará os mais apaixonados.



Uma trilha sonora belíssima que pauta de forma majestosa os momentos caóticos dos confrontos e os serenos das paisagens. O facto de não ter legendas em Português, sobretudo nos tempos que correm, é algo que não devemos continuar a "fechar os olhos" e a exigir das produtoras.



Muitos acharão Destiny monótono após o nível 20, enquanto que outros se aperceberão que é aí que o jogo começa. A história extremamente pobre pode ser terminada em pouco mais de 10 horas, mas é nas aventuras com amigos que muitos encontrarão o carácter infindável do jogo. A Bungie já tem planeado conteúdos novos ao longo dos próximos meses, e todas as semanas chegam missões novas para fazermos.


Sistema de pontuação
Destiny é um jogo que vou relembrar por todas as horas de diversão que me tem proporcionado e, ao fim de contas, é isso que todos nós procuramos quando ligamos a consola. O facto de alguns jogadores terem interpretado mal o género em que se enquadra, levou a uma onda de críticas vingativas sobre alguns dos problemas do jogo que oculta todas as qualidades que apresenta daqueles que ficaram com receio de o explorar. Destiny é um dos melhores jogos que já joguei e continuarei a jogar este ano, independentemente das falhas que me esqueço enquanto me divirto entre amigos.



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