Battlefield Hardline - Análise



ANÁLISES


Versão testada: PC




















Battlefield Hardline é o primeiro jogo da série, em muito tempo, que arrisca uma mudança radical. Em vez de conflitos militares, o título foca-se agora no clássico tema "polícias vs. ladrões". É também a primeira vez na série que a produção passa para as mãos da Visceral Games, mais conhecida por Dead Space. Tantas mudanças significam definitivamente uma lufada de ar fresco, mas para melhor?

Veredicto

A minha grande paixão pela série Battlefield vem de Battlefield 3 no PC. Tenho imensas horas depositadas só no multiplayer desse título e, até à data, continuo a considerar o melhor multijogador da série inteira. Foi sem dúvida um título que me marcou imenso por todos os momentos de diversão e espectacularidade, sobretudo quando acompanhado de amigos.

Quando Battlefield 4 chegou, fiquei um pouco desanimado por ver que a EA e a DICE se tinham demasiado apoiado na fórmula de sucesso do jogo anterior e ter lançado um título imensamente idêntico.

Fiquei portanto contente com a coragem para levar a série para um novo rumo em Battlefield Hardline. Muitos jogadores ficarão chateados com a decisão, mas a meu ver respeito quaisquer esforços em prol de evitar que um título que é lançado todos os anos seja uma iteração de uma mesma fórmula. Por outras palavras, se é para lançar um jogo novo que ao menos seja notoriamente diferente do anterior.


Componente Single-Player analisada pelo escritor Gil Correia

Não será de todo errado dizer que Battlefield Hardline se apresenta como um spin-off na série Battlefield. Conhecida, em certa parte, por ser uma resposta rival a Call of Duty, esta sempre se centrou em levar o jogador para uma situação de guerra. No entanto, Hardline muda completamente esta vertente, criando agora uma narrativa sobre um caso policial. É verdade que poderá desiludir os amantes dos anteriores, mas isso não significa que a mudança tenha sido para pior. Nesse sentido, Battlefield Hardline ganha pela coragem por trazer algo fresco para os fãs de FPS’s.

A narrativa da campanha principal acompanha a história do polícia Nick Mendoza, que luta arduamente contra o crime organizado. Começamos por fazer uma missão que corre horrivelmente mal, colocando dúvidas sobre as nossas capacidades. Felizmente, conseguimos demonstrar que somos realmente bons no que fazemos no desenrolar da história. Após estes acontecimentos, descobrimos um novo grupo que tenta controlar o tráfico de cocaína nas ruas dos Estados Unidos da América. Ironicamente, a primeira pista leva-nos a seguir os perigosos caminhos de Miami. Para quem não está familiarizado com os perigosos anos 80, esta foi a idade de ouro para a cocaína em Miami. Mas não se preocupem, o jogo faz um excelente trabalho em colocar tais informações à disposição do jogador, com fantásticos comentários entre as personagens principais. Este aspecto é fantástico, visto que enriquece o ambiente em que nos encontramos.


Outro fator bem concebido no argumento é o facto de não podermos confiar em ninguém. Sentimos que podemos estar a ser constantemente testados e que as personagens que nos rodeiam poderão não ser realmente de confiança. Não irei estragar a experiência dando spoilers, contudo irão obter respostas a todas estas perguntas no desenrolar da história, visto que o tema central é a corrupção existente na força policial e até que ponto seremos nós parte dessa mesma corrupção.

Os jogos cada vez mais tentam aproximar-se de filmes e séries televisivas, sendo que Battlefield Hardline consegue-o de forma bastante eficaz. A campanha principal encontra-se dividida por cerca de onze episódios, imitando claramente a organização de uma série televisiva. Para além disto, contem com os famosos “anteriormente em” e “no próximo episódio de” que encontramos nesses mesmos programas televisivos anteriormente referidos. As semelhanças não acabam aqui, visto que o argumento é apresentado como um drama policial, quase como uma junção entre as séries “Cops” e “NCIS”. Neste campo a EA encontra-se de parabéns! As expressões faciais são fantásticas, trazendo uma maior veracidade perante as situações que são presenciadas. Os próprios twists são apresentados de forma inteligente, deixando os jogadores devidamente surpreendidos. 


A mudança de enredo, faz que seja necessário outro tipo de abordagens na criação de uma jogabilidade que a acompanhe. Pessoalmente, posso afirmar que a jogabilidade tem aspetos muito bons, mas também peca em algumas ocasiões. A liberdade na forma como abordarmos cada missão é realmente a “cereja no topo do bolo” de Hardline. Nós podemos escolher entre passar cada missão de forma furtivamente (exceto alguma ocasiões predefinidas) ou sob intensa ação como já é habitual em FPS’s. Contudo, isto é apenas uma base do que o produto final nos apresenta. Com detetives, terão de investigar os vários cenários em busca de provas. Algumas dessas provas serão opcionais, servindo para evoluírem a vossa experiência e para descobrirem mais detalhes sobre o argumento. 

Ao estilo de Hollywood, irão jogar secções um pouco diferentes (por exemplo condução de veículos) cheias de adrenalina e pura ação. Estas trazem alguma diversidade ao jogo, portanto acreditem que irão desfrutar das mesmas. No que toca ao nosso armamento, poderão desbloquear novas armas ao longo da campanha. Se pesquisarem no inventário encontrarão lá disponíveis as informações de como as obter, no entanto na maior parte das vezes apenas terão de as apanhar pelo cenário. 


Infelizmente, Battlefield Hardline não está isento de falhas. A vida é recarregável com o esperar do tempo, mas mesmo assim preparem-se para morrer imensas vezes. O jogo tenta recriar alguma realidade e acaba por ser demasiado fatal. Outro aspeto negativo é o “peso” das animações. Morri várias vezes devido à dificuldade de movimentar a minha personagem, ainda mais quando estava a tentar algemar vários inimigos seguidos.

Apesar destas falhas, Hardline surpreende na vertente gráfica. Não posso dizer que adorei todos os cenários, mas existiram alguns episódios realmente fantásticos. Fazer uma missão durante uma tempestade forte foi memorável, principalmente ao visualizar os danos causados à cidade em “tempo real”. Neste aspeto, Battlefield mostra ser um verdadeiro jogo "next-gen", com animações e um grafismo de respeito.

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Passando agora para a componente multiplayer, que julgo ser aquela onde a maioria dos jogadores irá dedicar ao seu tempo. A transição do confronto militar para o confronto policial não se reflecte só na campanha, como o colega Gil Correia acima referiu, mas também no multijogador.

Esqueçam os jatos, tanques, os helicópteros Havoc, e os restantes veículos militares. Esta variedade de veículos era do que mais me divertia, mas infelizmente teve de ser retirado para a ambientação do jogo. Contudo, segundo essa lógica, é estranho encontrarmos pára-quedas em ladrões, helicópteros de vigilância da polícia com duas machine guns, e um arsenal de armas bastante idêntico ao militar. Já alguma vez viram um ladrão com um stinger?


O principal problema de Battlefield Hardline é que é um "passo cauteloso" num conflito diferente. A Visceral Games (ou apontando melhor o dedo a quem toma estas decisões, EA) quis trazer uma espécie de spin-off, uma lufada de ar fresco, mas sem arriscar de mais. E, por conta disso, o jogo perdeu imenso.

A meu ver, seria bem mais interessante um comprometimento total a este enredo "polícias contra ladrões", com por exemplo a equipa dos ladrões a terem um arsenal mais rudimentar (facas, pistolas, kalashnikovs) e a polícia a ter armamento não tão exagerado (pistolas e algumas sub-machine guns, caçadeiras).

Em vez disso, devido à estratégia de longa data da série em criar um shooter  relativamente simétrico para ambas as equipas (mudando apenas as armas e certos itens), a diferença entre polícias e ladrões acaba por não fazer tanto jus à premissa do jogo.


E, em termos de balanceamento, há problemas entre as classes. A classe Operator (médico) é claramente a mais forte: tem as melhores armas e ainda a capacidade de reviver e curar os amigos e a si próprio. A união do melhor arsenal com a melhor utilidade para a equipa. Não há razão para jogar com outra classe pois estaríamos a colocar-nos em desvantagem, a não ser para a diversão de usar uma sniper ou uma shotgun, por exemplo.

Os novos modos de jogo também não são nada de especial, para mim o melhor continua a ser o clássico Conquest. Blood Money até é divertido e proporciona bons momentos mas já Heist, por exemplo, é demasiado propício a partidas de apenas alguns minutos de tão fácil que é os ladrões ganharem se os polícias não tiverem cuidado e defenderem bem.

Já o modo Hotwire consiste basicamente em andar com o carro em círculos à volta do mapa. Muita gente adorou este modo mas achei que tinha muito mais potencial.


A última crítica que tenho a fazer é em relação aos servidores do jogo. Isto pode ser um caso particular, mas já me deparei com outros utilizadores com o mesmo problema que eu em fóruns. No Battlelog, a lista de servers com um número substancial de jogadores é ridiculamente baixa, por vezes parece que só encontro servidores sem ninguém.

Aparentemente é um problema qualquer com o Battlelog que insiste em apresentar servidores vazios, mas ainda mais triste é o facto de não conseguir encontrar um único servidor com gente no modo Hardcore (que, a meu ver, é a melhor forma de jogar Battlefield).




Bem optimizado para PC, com uma lista vasta de opções técnicas. Gráficos bonitos, destruição a que já estamos habituados (momentos levolution muito bons) e os pequenos pormenores, como as animações engraçadas de recarregar a arma, são deliciosos. O melhor lugar para jogar Battlefield continua a ser no PC.



Uma tentativa de reformulação da série que acabou por trazer mais aspectos negativos que positivos. A ausência de veículos e equipamento militar, naquilo que a produtora considerou q.b. em vez de um comprometimento total, retirou alguma da diversão inerente da fórmula.
Contudo, uma campanha sólida diferente do que estamos habituados e a melhoria em certos pontos mas mantendo as bases da série, acabam por tornar Hardline divertido de se jogar.


 
Trabalho de vozes competentes, som das explosões e armas bem conseguido, e certas falas engraçadas das personagens. De resto, não há muito a dizer, é o que estamos habituados.


 
Uma campanha que dura em torno de 8 horas e depois temos o multijogador, que dividirá certamente a opinião de muita gente. Os novos modos de jogo entretém mas achei que o melhor continua a ser o clássico Conquest. O facto da abordagem em relação ao tema "polícias vs. ladrões" ter sido feito com uma redução no equipamento e veículos disponíveis em vez de uma revolução integral do arsenal e jogabilidade (mesmo que se tornasse assimétrico para as equipas) acabou por tornar Hardline uma versão capped da série.
A essência da série continua lá, no entanto. É Battlefield.



Sistema de pontuação
Battlefield Hardline é um misto de uma tentativa arriscada e tímida de reformular a série. É certamente de aplaudir o esforço de trazer uma lufada de ar fresco numa indústria que tende a ficar na sua zona de conforto, mas mesmo assim a falta de comprometimento total à temática proposta acabou por tornar uma versão mais light do que completa. O ideal seria ter lançado a um preço um pouco reduzido como um spin-off da série.




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