Certamente não será muito difícil adivinhar o veredicto final desta análise. Contudo, se me permitem, não só gostaria de vos escrever sobre um dos melhores jogos alguma vez criados, como também seria para mim uma honra lerem toda a minha experiência com a mais recente obra-prima da Rockstar. Não é que seja grande surpresa que este seja um título que transpire qualidade por todos os seus poros. Diria mais que esta é uma boa desculpa para todos refletirmos sobre o que de melhor existe nesta maravilhosa indústria.

Veredicto

Indiscutivelmente, posso dizer que Grand Theft Auto V está presente na categoria dos “melhores jogos” há três anos consecutivos. A primeira vez que espantou o mundo foi em 2013 quando teve o seu lançamento na PS3 e Xbox 360, quebrando barreiras que ninguém pensou sequer que existiam. Ouviram-se muitas vozes sobre o facto de se tratar de um jogo preso num limbo entre a atual geração e uma nova e recente geração de consolas (PS4 e Xbox One), maioritariamente devido à enorme ambição retida pela Rockstar. A infame produtora abordou as críticas de forma positiva e não demorou muito até confirmar o relançamento do jogo para as novas consolas no mercado no ano de 2014. Mais uma vez o mundo rendeu-se ao que parecia ser a melhor versão de Grand Theft Auto V, no entanto um ano mais tarde algo iria provar exatamente o contrário. Eis que nos chega a tão esperada versão de PC! Demorou cerca de dois anos, mas a qualidade na otimização do jogo para a mais “velha plataforma” foi aqui elevada a um patamar primordial. Só mesmo Metal Gear Solid V: Ground Zeroes é que consegue rivalizar para o melhor “port” para PC de 2015 e isto quer dizer imenso!

A primeira vez que completei GTA V foi na PS3, no seu ano de lançamento. Agora, dois anos mais tarde, voltei a San Andreas para desfrutar da melhor versão do jogo no PC. Dito isto, apesar de ser uma análise centrada na versão mais recente, devem saber que esta será também uma apreciação global já que o jogo é praticamente o mesmo em todas as plataformas. Salvo algumas exceções, maior parte dos pontos positivos e negativos são partilhados entre todas as versões lançadas no mercado, portanto a apreciação final seria igual independentemente da plataforma central.

Com algumas informações já esclarecida é hora de abordar o que interessa: Meu Deus, este jogo é fantástico! Pessoalmente, depois do fenomenal Red Dead Redemption, nunca imaginei que a Rockstar conseguisse criar um jogo que fosse pelos tão bom quanto o anterior. Não tenho vergonha de admitir que continuo a preferir o capitulo no faroeste da Rockstar, mas sinceramente será que isso interessa? Resposta muito simples, não. Quase tudo o que GTA V faz, faz bem, aliás espetacularmente bem para não deixar dúvidas. Porém, como nada é perfeito, existem alguns defeitos que devem ser honestamente abordados mas já lá vamos. Primeiro vou centrar-me nos aspetos positivos deste título e acreditem que não poucos.

A história agora toma proporções dramáticas e apresenta à nossa disposição o controlo de três personagens principais. Michael é um homem de família e esta apresenta-se como o seu principal Némesis. A relação com os seus filhos e mulher está em maus lençóis e para além disso observa-se à distância uma luta à crise de meia-idade… portanto já devem estar a imaginar o filme. Depois existe Franklin, um miúdo que procura subir na vida e fugir aos problemas impostos pelo ambiente gueto em que cresceu. Por fim, chega-nos o típico maníaco presente em todos os GTA’s… mas agora ao nosso completo controlo. Trevor é a personagem mais hilariante deste jogo, ao mesmo tempo que se apresenta como a mais assustadora. 

Cada personagem possuiu um leque de missões disponíveis, querendo isto dizer que para avançarem na história terão de controlar as três eventualmente. O melhor desta nova abordagem é que a ordem das missões está ao controlo total das nossas mãos. Basta carregar no botão e escolher a respetiva personagem desejada e toda a ação de troca será efetuada em tempo real, demorando apenas alguns segundos e executar. O mais engraçado é que as personagens principais possuem vida própria. Por exemplo, durante a minha experiência com a campanha, decidi controlar o Trevor para poder completar as suas missões exclusivas. Para o meu espanto, Trevor estava nu (apenas com roupa interior vestida) numa pequena ilha e completamente bêbado! Pior de tudo foi que, ao tentar sair daquela situação, fui atacado por um puma no cimo de uma montanha. Basicamente apanhei um desvio para o hospital, perdendo cerca de meia hora do meu tempo. São este tipo de histórias que permanecem na minha cabeça quando penso em Grand Theft Auto V. Por muito bom que seja o argumento e o guião, são estas pequenas histórias criadas pelo nosso tempo com o jogo que realmente valem a pena e tudo isto é possível graças à liberdade recriada nas ruas de San Andreas.

A Rockstar foi extremamente inteligente na produção deste jogo. Não só criaram um produto inovador em diversos campos da tecnologia dentro da indústria, como também festejaram tudo o que de melhor produziram até à data! Se já tiveram a oportunidade de jogar este título então já devem ter reparado que este não é nada mais, nada menos do que um “multijogo”. A equipa retirou a condução “arcade” e super divertida de Midnight Club e o maravilhoso sistema de combate de Red Dead Redemption, culminando assim uma obra dos deuses. Mais do que isso, conseguiram introduzir novos sistemas de jogabilidade como por exemplo a personalização de armas. Basicamente, este sistema funciona dentro do que já vimos em Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots ou Far Cry 3, conseguindo criar tanta diversão com o tão pouco que por si só consegue fazer. Para além de armas, existem carros para personalizar, casas para comprar, negócios para investir e missões secundárias para fazer. 

A diversidade aqui existente torna praticamente impossível coexistir um sentimento de aborrecimento enquanto temos o comando nas mãos. Até na narrativa principal existe uma certa liberdade de escolha, mais concretamente em missões chaves como os famosos “heists”. O nosso papel passa por escolher quem fará parte da equipa que nos acompanhará, assim como ponderar a escolha entre uma abordagem mais ativa e explosiva ou uma abordagem furtiva. Cada assalto terá uma recompensa prevista que dependerá do risco em causa. Tendo em mente esse mesmo orçamento, o jogador deve escolher os integrantes da equipa antes da aceitação da missão, contudo cada elemento tem um custo próprio que varia consoante as suas habilidades. Querendo com isto dizer, caso escolham levar uma equipa composta por elementos mais baratos/fracos correm o risco de perderem mais dinheiro do que pensavam. Não deixa de ser engraçado que tudo parece ter sido pensado ao pormenor, visto que todas as componentes tem um peso na jogabilidade.

Se a jogabilidade é fantástica, então os restantes componentes não ficam nada atrás. O grafismo é surpreendente, ainda mais quando existe tanto para processar neste jogo. Normalmente é necessário existir sacrifícios no aspeto gráfico para uma experiência estável em jogos de mundo aberto, todavia GTA V faz milagres e apresenta texturas fenomenais. A versão PC é claramente a melhor, com imensas opções de otimização à vossa mercê. Melhor do que tudo é que até nem precisam de uma excelente máquina para correrem o jogo, visto o excelente trabalho na otimização desta versão ao contrário do que aconteceu em Grand Theft Auto IV. Felizmente, os jogadores de PC poderão desfrutar de uma resolução 4K e 60fps, no entanto para isso já é necessário terem um computador topo de gama. Caso tenham uma PS4 ou uma Xbox One, não preocupem o jogo é na mesma belo nessas versões, onde poderão usufruir uma resolução em 1080p a 30fps. 

A banda sonora é exatamente o que eu estava à espera. Não existe um jogo da Rockstar com uma componente sonora desapontante, muito provavelmente pela enorme paixão dos irmãos Houser pela música. Para além das conhecidas baladas passadas pelas estações de rádio fictícias, agora a Rockstar apresenta um leque de músicas ambientais para as diversas situações apresentadas durante a execução de missões. Não tenho dúvidas que a banda sonora se afirma como um dos melhores pontos desta obra de arte e só me faz ter ainda mais curiosidade do que será possível ser implementado nos futuros jogos da produtora.

Um dos pontos fortes da versão PC de Grand Theft Auto V é o editor de vídeo. Se forem como eu, fãs de cinema, então vão poder dar asas à imaginação e criar curtas dentro do mundo de GTA V. Pessoalmente, adoro esta inovadora ideia da Rockstar, isto porque encontro-me a estudar num curso de multimédia que por sua vez tem relação também com cinema. Felizmente, existem planos para trazer este editor para as versões PS4 e Xbox One deixando os possuidores de consolas mais descansados.

Como se isto tudo não bastasse, existe ainda o Grand Theft Auto Online que consiste na componente online de GTA V. Os níveis de produção são tão grandes que a própria Rockstar o considera como um jogo à parte, algo que em certa parte concordo. Desta vez, a ideia é ter um mundo em constante evolução, ao mesmo tempo que apresenta uma “história” própria dentro do mundo visitado em GTA V. Podem divertir-se sozinhos e explorar o mundo recheado de jogadores online, ou simplesmente combinarem com amigos e executarem “heists” e modos competitivos. Como não sou grande fã de modos online, preferindo sempre a narrativa principal criada pela produtora, não deixei muitas horas dentro dos modos multiplayer do jogo. No entanto, daquilo que joguei posso dizer que estava muito bom, aumentando ainda mais a longevidade de um título que parece durar anos a completar.

Esta é uma criação milionária dentro da indústria e não deixa dúvidas sobre a sua infinita qualidade, porém não está isento de erros. Este novo capítulo voltou às raízes da saga, apresentando uma narrativa mais divertida, exagerada e que transborda a comédia negra por todos os seus cantos. Não se pode dizer que esta se leva muito a sério, salvo alguns momentos originais durante as missões principais. Depois de jogar um GTA tão maduro como Grand Theft Auto IV, é difícil olhar para a frente e não sentir saudades de uma abordagem mais séria e crua. O próprio final do jogo foi claramente apressado, obrigando o jogador a fazer uma última missão esmagadora que poderia bem ter sido dividida em duas ou três missões distintas. Outro problema grave é claramente o modo online no PC! A culpa não é da produtora, mas sim dos jogadores que adoram encontrar formas de fazer batota dentro dos modos multiplayer. O combate aos “cheaters” tem sido fantástico, contudo é um problema presente em praticamente todos os jogos online no PC. 

Não é nada fácil conseguir um equilíbrio tão grande entre grafismo e profundidade de um mundo aberto, mas é da Rockstar que estamos a falar. Se isto foi possível na PS3, então estou ansioso com o que podem fazer no próximo título da série.

A jogabilidade é muito boa, sem sombra dúvidas. Junta o melhor de vários jogos da produtora, culminando o produto final numa obra-prima.

Não restam dúvidas sobre este ser o meu parâmetro favorito do jogo. Quando é possível conduzir um super carro a ouvir “Radio Ga Ga” dos Queen, então é porque algo de muito especial está a acontecer.

Não existem possíveis razões de queixa para quem procura um jogo para vários meses. O conteúdo dentro deste jogo parece nunca mais acabar e mesmo quando se fartarem de jogar sozinhos têm sempre o modo online para vos divertir.

Grand Theft Auto V é um dos melhores jogos do ano no PC. A qualidade deslumbrante da Rockstar partilhada em cada jogo que lançam para o mercado tem-nos mantido mimados à largos anos. Quem diria que um “mero videojogo” seria alvo de críticas praticamente perfeitas por todo o mundo! Neste momento, as pessoas já não conseguem ficar indiferentes ao nome associado à série por muito boas razões. Espero poder experienciar no futuro mais produções destas tremendas mentes brilhantes que nos fazem amar incondicionalmente os videojogos.