Metal Gear Solid V: The Phantom Pain - Análise



ANÁLISES


Versão testada: PC




















17 horas e 23 minutos. Caminho pelos patrulhados terrenos húmidos de África completamente concentrado num único objetivo: destruir cinco veículos inimigos antes que consigam ultrapassar a zona limite. Miller informa-me, através do iDroid, que tal ato é necessário de forma a impossibilitar o possível melhoramento militar das tropas adversárias, o que dificultaria futuras intervenções da nossa parte. Existem várias formas de concluir os objetivos: destruo todos os alvos sem deixar rasto utilizando meios explosivos de forma drástica, ou aposto na minha inteligência e arrisco a minha vida ao tentar capturar os alvos e enviá-los para a minha Mother Base.

Sinto que estes são uma mais-valia para os meus Diamond Dogs, colocando assim a minha vida na linha da frente! Não vou mentir; não se trata apenas de melhorar a minha base mas também de provar o porquê de eu ser considerado uma lenda aos olhos daqueles que vivem no campo de batalha. Ao mesmo tempo que os veículos se aproximam, vou pensando numa estratégia que possibilite grandes níveis de sucesso e é então que me lembro de uma solução: decido plantar cinco explosivos C4 na estrada onde é previsto passarem os respetivos alvos. A ideia aqui é ir explodindo um a um com uma certa distância de segurança, querendo criar apenas uma mera manobra de diversão para ganhar tempo. 


Primeiro; segundo; terceiro e agora o quarto foram extraídos com sucesso. Tudo corre bem, contudo não é tempo para facilitar. Ainda me resta tratar de um quinto veículo e uma má decisão pode estragar todo o árduo trabalho realizado até ao momento. Enquanto espero pela aparição do último alvo, recebo uma nova informação sobre a missão. Miller avisa-me que o meu objetivo já ingressou na área designada à missão, mas para o meu espanto algo está bastante diferente. Abro o iDroid para visualizar a presente localização do alvo e reparo-me com diferenças abismais, que por sua vez ditariam uma mudança drástica na abordagem ao meu objetivo. O veículo não se mobiliza pelo terreno, mas sim de forma aérea; é um HELICÓPTERO! 

Ainda existe algum tempo até que este se cruze no meu caminho, portanto decido pedir suporte à minha base. Ordeno que me enviem uma caixa com um lança-mísseis o mais rapidamente possível! Conforme vou esperando pela entrega, vou-me lembrando que a arma em questão não se encontra muito desenvolvida, o que significa que terei dificuldades acrescidas em abater a nave. Para minha felicidade, é então que me chega finalmente o lança-mísseis, equipando-o logo que possível. Não demora muito até começar a sentir ventos mais fortes, um som desolador cada vez mais próximo e um ponto vermelho cada vez mais presente no meu mapa. É O ALVO! Calma; olho em meu redor e avisto umas rochas perfeitas para me esconder, correndo até lá o quanto antes. Deito-me no chão e não faço um único movimento com a personagem, porém ao rodar o ângulo da câmara vou avistando o oponente mortífero e veloz. 


Tenho cinco mísseis disponíveis, o que me dá uma margem máxima de duas oportunidades falhadas, algo que não é muito confortante digamos. Equipo a minha arma, levanto lentamente a personagem, aponto e disparo! BOOM! Tiro certeiro no Helicóptero… Oh oh, estou agora na mira do inimigo. Foi uma boa jogada, mas trouxe consigo consequências graves. O piloto começa a disparar na minha direção ao mesmo tempo que carrego outro míssil. Sangue frio; aponto novamente e disparo, acertando novamente em cheio. Começo a carregar o lança-mísseis outra vez, todavia desconcentrei-me e as balas mortíferas faziam contacto com o meu corpo, deixando-me quase às portas da morte. Corro o máximo possível em direção a outras rochas que lá perto se encontravam e atiro-me sem mais percalço, esperando que a minha vida regenere a tempo. 


Estando recuperado, espero que o inimigo pare de disparar para conseguir obter mais uma oportunidade de ripostar. Aproveito a oportunidade e disparo dois mísseis seguidos, mas para o meu azar ambos passaram completamente ao lado. Só tenho que admitir que a minha falta de respeito para com o inimigo fez com que me encontrasse entre a espada e a parede, pensando que este seria tão fácil quanto os antecessores! O último míssil dentro da minha arma vai ditar o fim desta missão: posso sair vitorioso acertando no alvo ou posso morrer a tentar! Levanto-me; aponto; respiro fundo; sinto a minha pulsação; em um, dois e três: disparo! BOOOOOMMMMM!!! O helicóptero começa a perder o controlo total, aproximando-se cada vez mais do chão… E DE MIM! Começo a correr sem parar e num último segundo atiro-me para o chão, vendo atrás de mim (e muito perto, diga-se, de passagem) uma enorme explosão. Paro um pouco para respirar… ao mesmo tempo que recebo uma chamada de Miller a afirmar o que parecia não ser verdade: Boss, parabéns pois a missão foi bem-sucedida. 

Veredicto

Metal Gear é indiscutivelmente uma das melhores sagas dentro da indústria dos videojogos. Incompreendido por muitos, amado por outros, independentemente destes fatores é difícil não ficar abismado com o facto de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain marcar o final de um mundo virtual com cerca 28 anos de existência. Diretamente, ou até muitas vezes indiretamente, foram aqui tratados temas que ainda hoje se apresentam como tabus, ou simplesmente sofredores de preconceitos. Críticas aos sistemas militares do mundo atual (sim América, tu mesma), tortura cruel a prisoneiros de guerra, ciência que desafia as leis da Natureza, vingança, ódio e amor… a lista poderia continuar por muitos mais, contudo acho que já dá para perceber a ideia. O brilhantismo por detrás da série está em conseguir transmitir certas emoções aos jogadores que muitos só pensavam serem possíveis de alcançar em outros meios artísticos como o cinema e a música. 


“ O que este quinto capítulo veio comprovar, na minha opinião, é que Big Boss é sem dúvida a melhor personagem de toda a série, assim como a mais importante.”


É possível chorar e sorrir às gargalhadas! É possível salvar uma vida ou tirar uma vida! É possível… é possível… é possível sentir como se estivéssemos a jogar o melhor jogo do mundo independentemente das suas imperfeições, sendo que Metal Gear Solid V: The Phantom Pain veio demonstrar que mais uma vez tudo isto é possível. A despedida de Kojima e da Kojima Productions acaba por ser em grande, elevando o patamar dos videojogos a uma posição de topo mais uma vez. O que este quinto capítulo veio comprovar, na minha opinião, é que Big Boss é sem dúvida a melhor personagem de toda a série, assim como a mais importante. Este é claramente o pilar de toda a história e a razão dela poder existir, passando de herói a vilão da forma mais melodramática, brutal, desesperante e sofrida de sempre. Não é só Big Boss que sofre, mas como também nós jogadores que o controlamos. Não é só ele que se transforma num demónio, como nós também nos tornamos naquilo que jurámos nunca ser. No fundo, não é só Big Boss que puxa o gatilho como se pensava. Somos nós jogadores que o fazemos em busca da tão prometida vingança.


Será tudo isto fútil? Não. No que toca à luta de um soldado pelas suas crenças, nada é em vão e nada é fútil como muitos podem querer afirmar, mas por outro lado, a linha entre a justiça e a vingança já não é tão concreta. No entanto, ao deixar um pouco de parte todo este pensamento pessoal sobre os temas sociais abrangidos em temáticas de guerra posso concentrar-me inteiramente ao que realmente interessa: Metal Gear Solid V: The Phantom Pain é claramente o melhor jogo do ano, assim como um dos melhores jogos que joguei na minha vida. Digo-vos que uma análise sempre será um artigo subjetivo, que por sua vez se encontrará disposta a outras opiniões semelhantes ou completamente distintas, portanto admito que esta é apenas a minha opinião. Contudo, se me permitem, tenho argumentos bastante sólidos para comprovar esta minha afirmação e esta minha crítica será o meu (possível) último testamento sobre uma série que mudou a minha vida.


Sem qualquer sombra para dúvidas, este quinto capítulo é possuidor da melhor jogabilidade que presenciei em um videojogo. A produtora optou por transformar a maneira como Metal Gear pode ser jogado, criando um sistema envolto num mundo completamente aberto. Só que este é um mundo aberto simplesmente genial, visto ter uma ideia criativa diferente dos restantes jogos no mercado. Ao contrário de sermos invadidos por inúmeras personagens com múltiplas missões para nós fazermos enquanto exploramos os cantos do respetivo mundo, Metal Gear não contém nada para os jogadores interagirem perante a exploração desse mesmo mundo. O que Metal gear faz genialmente é apresentar infinitas variáveis na forma como os jogadores podem abordar uma missão principal, missão secundária ou simplesmente a exploração do mundo. Não existem imposições nem existem restrições, existindo apenas a possibilidade do jogador brilhar com possíveis ideias sobre como conseguir executar uma infiltração de sucesso. 


“The Phantom Pain respeita a inteligência do jogador e espera que este a utilize durante a sua experiência.”


Prova desta mesma afirmação é o episódio que contei acima! Acreditem ou não, tudo o que escrevi aconteceu mesmo e nada foi pré-definido. A beleza está neste mínimo pormenor: The Phantom Pain respeita a inteligência do jogador e espera que este a utilize durante a sua experiência. De forma muito simples, o jogo diz-nos o objetivo no início de cada missão e depois apenas dá pequenos conselhos. As posições que optarão por usar, o caminho percorrido, o equipamento a ser levado ou a abordagem a ter em conta é totalmente escolhida pelo jogador. No que toca a jogabilidade por si só, este é o melhor jogo que joguei pois apresenta o que eu nunca pensei ser possível. Muitas foram as vezes em que estava a explorar o mundo e via um posto inimigo perto e, ao invés de seguir caminho, decidia verificar as capacidades dos guardas e aniquilar todos os que estavam lá presentes. Acreditem que vão fazer isto por vários motivos: diversão em atacar os inimigos utilizando estratégias diferentes adequadas a cada local encontrado; procura de bons soldados para levaram para a Mother Base; descobrir materiais que irão ajudar na evolução do vosso equipamento e das instalações da Mother Base.


Chega-nos então a outra parte da moeda, mas não se preocupem que esta continua a ser um aditivo fantástico. Como acontecia em Metal Gear Solid: Peace Walker, vão poder evoluir a vossa Mother Base, tentando raptar soldados e virá-los para a vossa causa. Quanto melhor estes forem, melhor serão as diversas instalações. Para ser mais preciso, cada secção apresenta vantagens para a vossa experiência, tais como a possibilidade de desenvolvimento de mais armas e equipamento para as vossas missões, apoio no terreno, apoio na receção dos futuros soldados e na cura de soldados feridos durante possíveis batalhas. Melhor do que tudo é que agora é possível visitar a Mother Base e interagirem com os vossos recrutas, assim como executarem as várias tarefas lá existentes. Para ser sincero, não existe muito para fazer, porém não deixa de ser um aspeto engraçado e que acaba por trazer algum descanso quando acabamos uma missão mais difícil.


Bem, para dizer a verdade, a base é bastante importante para as futuras opções online do jogo. No decorrer da aventura irão desbloquear os FOB’s, que consiste em assaltar as Mother Bases de outros jogadores online/offline. Todavia, esta será uma instalação complemente nova que irão ter de construir assim que esta opção se encontrar disponível. Caso queiram ter mais do que uma base podem ganhar moedas dentro do jogo que possibilitará a compra de um novo espaço marítimo, porém podem sempre optar por usar as micro-transações (pagar com o vosso próprio dinheiro). Daquilo que joguei, gostei e acho que tem imenso potencial, no entanto existe muito trabalho pela frente. Os cheaters são constantes e a utilização do VAC System deveria ser uma prioridade para a Konami. No que toca ao Metal Gear Online, este deverá se encontrar disponível em Outubro nas consolas e em Janeiro de 2016 no PC. Assim que tiver acesso a essa componente, irei efetuar uma análise detalhada sobre todo o conteúdo lá inserido. 


“Sinceramente é, para mim, o jogo mais espantoso para o PC até ao momento, tendo em conta uma relação grafismo/conteúdo.”


Como podem reparar existe imenso conteúdo para ser desfrutado, todavia para que tal seja possível é necessário haver sacrifícios em outros componentes. Felizmente, o Fox Engine é praticamente perfeito, apresentando conteúdo quase inacabável com um grafismo de topo. Os detalhes são magníficos, se tivermos em conta que se trata de um jogo que prima no que toca a execução de um enorme mundo aberto. A versão PC, usada para escrever esta análise, é claramente a melhor versão no mercado. Apesar do meu PC não aguentar tais opções, somente no PC é que é possível jogar este jogo com uma resolução 4K a 60fps. No entanto, caso não sejam possuidores de uma máquina de topo não se preocupem pois The Phantom Pain está maravilhosamente otimizado. Sinceramente é, para mim, o jogo mais espantoso para o PC até ao momento, tendo em conta uma relação grafismo/conteúdo.


Para além disto, Harry-Gregson Williams vem novamente aplicar os seus maravilhosos dotes musicais criando a melhor banda sonora de toda a série. Esta afirmação para muitos será claramente ambiciosa, mas o trabalho sonoro aqui realizado é excecional (no bom sentido). A escolha pessoal de Kojima para os momentos chave da narrativa é mesmo perfeito, porém grande parte da nossa experiência será marcada pelas batidas do produtor musical. Não existe uma única faixa que deixasse dúvidas sobre a sua qualidade, apresentando como uma produção de luxo e que é algo que Kojima já nos tinha habituado na série. 


“Atenção, a narrativa principal está repleta de momentos à la Metal Gear, sem dúvida, e admito que o início do jogo é o melhor que joguei nesta indústria!”


Perante tantas qualidades obtidas nesta fabulosa criação artística, existem claramente alguns defeitos que devem ser abordados. Infelizmente, a história acaba por ser o ponto menos positivo desta expêriencia, o que acabará por ser controverso nas futuras discussões sobre o jogo. Atenção, a narrativa principal está repleta de momentos à la Metal Gear, sem dúvida, e admito que o início do jogo é o melhor que joguei nesta indústria! Existem momentos emocionantes, divertidos e macabros, apresentando-se como a narrativa mais anormal dentro da saga (o que aparentava ser antes impossível). Mas, como tem sempre que existir um mas, fica no ar um sentimento de desilusão. Não que a história desaponte por si só, mas é a sua organização que fica muito aquém daquilo que Kojima sempre nos apresentou nos antecessores. Algumas missões secundárias deveriam ser consideradas missões principais, assim como algumas missões principais deveriam estar agrupadas na secção das missões secundárias. 


O jogo está composto por dois capítulos e, enquanto o primeiro se encontra bem estruturado de início ao fim, o segundo sofre de algumas incoerências rítmicas graves. Os desafios impostos para desbloquearmos o verdadeiro final são completamente absurdos e não fazem sentido, o que me deixa antever que os problemas entre a Kojima Productions e a Konami acabaram por influenciar negativamente a produção deste título. No entanto, tal não consegue tirar o brilhantismo geral da experiencia partilhada por Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, elevando-o ao estatuto de obra-prima sem precedentes. Talvez a produtora tenha sido demasiado ambiciosa, colocando este título num limbo bastante complicado de lidar (principalmente para os fãs da saga), mas também esse mesmo atrevimento transforma este jogo num clássico que julgo ser futuramente intemporal. 




Existe um equilíbrio fantástico entre a componente gráfica de The Phantom Pain e o conteúdo oferecido pela monstruosidade que é o mundo aberto. Poderá haver jogos com detalhes mais realistas, é verdade, mas certamente não conseguem oferecer as infinitas possibilidades que aqui estão presentes.



Os futuros jogos devem olhar para este título e tentar aprender como realizar uma jogabilidade praticamente perfeita. Nunca um jogo apresentou uma jogabilidade tão genial como este, colocando-se como o número um do ano. Até agora apresenta-se como o melhor da geração neste elemento.



Kojima tem um gosto musical praticamente perfeito, mas é o trabalho de Harry-Gregson Williams que consegue trazer o brilhantismo aqui alcançável. Não há muito mais a dizer, a não ser que é das melhores bando sonoras que ouvi em uma obra de arte. 



Tanto, tanto, mas mesmo tanto para fazer e completar. Por poucas palavras, posso dizer que este se apresenta como a versão Metal Gear de Pokémon. Queremos sempre colecionar os melhores soldados para termos os melhores itens, assim como queremos sempre mais e mais sem parar.



Sistema de pontuação
Na minha análise a Metal Gear Solid V: Ground Zeroes escrevi que "Se algo é certo é que Metal Gear Solid V: Phantom Pain vai ser um dos melhores jogos do ano"… e claramente parece que não me enganei. Metal Gear Solid V: The Phantom Pain não é um jogo perfeito, todavia nunca existirá um jogo que seja perfeito, isto porque haverá sempre espaço para inovação. Contudo, este é uma das melhores experiências da minha vida e é um jogo que não tem medo de contar uma história distorcida. Talvez a narrativa pudesse ter sido melhor, porém a melhor história para contar será a vossa experiência perante as missões e não os vídeos pré-definidos. Parabéns à Kojima Productions por uma prodição de luxo, parabéns à Konami por ter financiado toda a saga desde 1987 e parabéns a Hideo kojima por ter criado mais uma obra-prima. Foi uma honra poder jogar cada título da série, assim como foi um prazer escrever uma análise como esta. Obrigado!




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