Crónica 19: Pré E3 2013



CRÓNICAS




A E3 está mesmo a chegar e a edição deste ano promete ser muito mais interessante que as anteriores. Desde já, porque está em jogo o lançamento de duas novas consolas dos principais fabricantes de hardware, a Microsoft e a Sony. Mas mais do que o lançamento de uma nova geração de consolas, temos em mão o futuro do que é o gaming atualmente, e o que foi nos últimos 20 anos, sendo que esta geração promete ser a mais intrusiva até agora.

Eu sou um jogador. Não tenho preferências em consolas e não me sinto um fanboy de nenhuma das empresas. Primeiro de tudo, porque jurar amor incondicional a uma corporação é idiota, e depois, porque gosto de experimentar tudo e não tenho interesse em limitar-me. No entanto, sempre tendi mais para as consolas da Sony, porque foi com elas que comecei a jogar depois da morte da Dreamcast, e portanto tenho um carinho especial pelos exclusivos da Playstation.

Apesar disto, e como disse no parágrafo anterior, não me gosto de limitar e estou sempre atento a todas as consolas, especialmente quando é altura de escolher a que me vai servir na próxima geração, porque infelizmente não há dinheiro para comprá-las a todas. 

Dito isto, estive bastante atento ao anúncio quer da Playstation 4, quer da Xbox One. O primeiro foi o da Sony e o evento da consola japonesa foi interessante, se algo desinspirado. A Sony anunciou a consola, algum dos seus specs e alguns jogos firstparty interessantes mas com falta de novos IPs. 

No entanto, algumas features da consola parecem bastante úteis, como a possibilidade de se gravar gameplay, assim como fazer um stream do que o que se está a jogar. Outras vêm adicionar alguma conveniência, como poder-se ir jogando um jogo que se está a fazer download, e outros que adicionam alguma componente social, como o botão share e a integração ao Facebook e ao Ustream.



E até que ponto a parceria da Gaikai trará serviços interessantes? A utilização da cloud parece ser uma das grandes adições da próxima geração de consolas e o seu poder é só limitado pela conexão à Internet do jogador. Isto tudo, aliado aos exclusivos que a Sony nos tem habituado, fazem parecer a Playstation 4 um sistema interessante.

Já o anúncio da Xbox One foi completamente desastroso. Primeiro de tudo, foram poucos os jogos apresentados, e de entre os quais, apenas dois eram exclusivos (sendo que apenas um era um novo IP). Mas o mais irritante de tudo foi a concentração nos serviços e como a Xbox One melhora a experiência de ver TV. A Sony também mostrou alguns serviços, mas o tempo de antena dado a estes foi muito menor que o dado pela Microsoft, e todos eles eram mais ou menos centrados no gaming.
A Microsoft quer ser a rainha da sala de estar e como tal, parece querer apostar forte em serviços que são muitos deles direcionados ao público norte-americano, como a parceria com a NFL. O que nós vimos no evento de anúncio da Xbox One não foi o lançamento de uma nova consola, mas de uma "setup box", um competidor direto não da Wii U e Playstation 4 mas da Apple TV e da Google TV. E isto nunca é um bom agoiro para quem quer apenas jogar na sua consola.

Mas o pior de tudo não é a forma como foi conduzido o evento, até porque a Microsoft já prometeu que a sua conferência na E3 será exclusivamente sobre gaming. O problema está em tudo o resto que fomos sabendo no pós anúncio, já que a Microsoft não se dignou a responder durante o evento se a consola corre jogos usados ou se requer uma conexão constante à Internet.



A consola não bloqueará jogos usados, mas apenas alguns retalhistas terão autorização para revender os jogos. Os jogadores poderão emprestar os seus jogos, mas apenas a alguém que esteja há mais de 30 dias na sua lista de amigos e cada jogo só pode ser emprestado uma vez. A consola não é always on mas requer mesmo uma conexão de 24 em 24 horas. O Kinect pode ser desligado, mas terá sempre de estar conectado à consola.

Não sei até que ponto todas estas restrições são legais na Europa. 

Tudo parece ter um mas, e tudo parece prejudicar o jogador. Pode-se dizer que a capacidade de vender os jogos usados é determinado pelas editoras, mas é a Microsoft que construiu a consola de modo a que "lixar" o jogador seja fácil e até certo ponto encorajado, já que a editora que não o fizer estará em desvantagem para com a concorrência. 

Os jogos não passarão de discos de instalação, o que significa que a consola mais valia ser apenas digital. A pergunta que faço é: onde está a vantagem entre ter uma Xbox One e um PC para gaming? Tudo o que faz o ato de jogar em consolas divertido e, na minha opinião, ligeiramente superior de que no PC está a ser estrangulado pela Microsoft. E quem perde somos nós, os jogadores.

Ridícula é a forma como a Microsoft apresenta estas novidades, até frisando que os jogadores podem emprestar os seus jogos a 10 pessoas da sua família (suspeita-se que isto signifique pessoas que estão na mesma casa). Wow, fantástico Microsoft, quer dizer que não posso emprestar todos os meus jogos a quem me bem apetecer, como tenho feito desde sempre, mas posso emprestá-los aos meus avós, pais e irmãs? Que mãos largas!



Por causa de todas estas restrições, nunca compraria uma Xbox One. Por isso, é preciso saber o que vai fazer a Sony. Será que a Playstation 4 terá todas estas restrições? A empresa nipónica já confirmou que a sua consola jogará jogos usados e não vai requerer uma conexão à Internet constante. No entanto, a Xbox One também o faz, mas não deixa de ser intrusiva e insultuosa para os gamers. A E3 é muito importante para a Sony clarificar o que irá fazer com a Playstation 4 e se prefere seguir o mesmo caminho que a Xbox One.

A parceria entre a Microsoft e a EA fez nascer estas limitações todas e, apesar de não ver a EA a fazer um boicote à consola da Sony, será bem provável que a editora faça ports fracos comparativamente à versão Xbox One se a Playstation não tiver restrições. Até do ponto de vista de outras editoras, é normal que queiram ver os seus jogos protegidos com este tipo de políticas.

Mas do ponto de vista dos jogadores, de cativar o público gamer, a Sony enviaria uma mensagem bem forte se não entrasse neste jogo de ver quem prejudica mais o consumidor. Se a conferência da Sony for centrada em mostrar a consola, mostrar mais jogos com gameplay e confirmar que tudo o que a Microsoft está a fazer, a Sony não fará, acredito sinceramente que a Playstation 4 ganhará o público hardcore. Mas como vimos na geração anterior, o mercado está diferente e hoje em dia ganhá-lo não significa vender mais que a "oposição".

No meio disto tudo temos a Nintendo, que apesar de não estar a ter grande sucesso com a Wii U, pode ganhar clientes com o dedo do meio dado aos jogadores pela Microsoft. Não vai ter uma conferência como é habitual, mas vai estar presente quer no recinto da convenção, que com um Nintendo Direct e de certeza que vamos ouvir mais sobre a Wii U e 3DS durante a E3. 














Mas a E3 não são só as consolas e também temos os jogos. E com o nascer de uma nova geração começam-se a criar alguns IPs que podem ser o futuro, ou podem ser relegados a uma leve obscuridade. E, sem colocar por lugares de grau de interesse, os três jogos que mais espero ver este ano na E3 são o The Last Guardian, Watch_Dogs e GTA V.

Last Guardian é um jogo bastante aguardado por mim, que quase parecia morto, mas com a confirmação de que estará presente no evento da Sony este ano, é certo que vou voltar a ficar bastante entusiasmado. E faço aqui uma pequena especulação: o jogo será um título de lançamento da Playstation 4. Eu gostaria, apesar de não o poder assim jogar quando sair (só devo comprar uma consola de nova geração para o ano), porque um jogo daqueles numa consola com mais poder que a Playstation 3 seria um mimo.

Watch_Dogs foi a estrela da E3 do ano passado, a única grande surpresa, que me deixa com água na boca para possíveis surpresas deste ano. Tudo o que foi mostrado até agora parece bastante prometedor, com gráficos espetaculares e um gameplay algo diferente do habitual. Gostava de saber como será implementada a componente multiplayer e se este será mesmo um MMO, como já muita gente especula.



Finalmente, GTA V, que é um GTA e ainda para mais um GTA em San Andreas. Apesar de não ter gostado do último jogo da série, este parece ser mais divertido e, espero, não demasiado cinemático. Há algumas coisas que me deixam contentes, como o facto de se poder aceder a qualquer ponto do mapa desde o início, o uso de três personagens e o peso dado ao mar. Esta promete ser uma entrada com um misto de inovação e as melhores mecânicas da série. 

Dito isto, basta dizer: uma boa E3! Que todos nós saiamos desejosos de jogar um qualquer jogo e que a nova geração seja tão divertida como a última!



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